Em meio a dados que apontam escassez de qualificação, pecuarista explica como resolver o gargalo da mão de obra na pecuária através da cultura de Visão e Valores
Os números não mentem: a gestão de mão de obra na pecuária está cada vez mais desafiadora. Segundo dados recentes do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a população ocupada no agronegócio gira em torno de 19 milhões de pessoas, mas o perfil mudou. O campo enfrenta um êxodo de jovens e um envelhecimento dos trabalhadores, somado à chegada de tecnologias que exigem um novo perfil profissional.
Nesse cenário de “apagão de talentos”, onde a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) aponta a falta de qualificação como um dos principais entraves do setor, os métodos tradicionais de seleção tornaram-se obsoletos.
Foi debatendo esse gargalo durante o podcast MF Cast, que o pecuarista e mentor Victor Darido (@victordarido) apresentou uma solução para quem sofre com a mão de obra na pecuária: pare de olhar apenas para o currículo e comece a olhar para os “2 Vs” (Visão e Valores).
O custo da rotatividade e o erro de contratar “Robôs”
A alta rotatividade é um dreno de lucro. Contratar errado custa caro. Para Darido, o erro primário de quem busca mão de obra na pecuária hoje é tratar a contratação como a aquisição de uma máquina.
“Mão de obra é um gargalo, mas o grande problema está em contratar apenas pela experiência, sem olhar que ali existe uma pessoa. Você não está contratando um robô, está contratando um ser humano”, destacou Victor no podcast.
A tese defendida pelo especialista conversa com a modernização do setor. Se antes o “bom funcionário” era apenas aquele com força física, hoje, na pecuária de precisão, a integridade é fundamental. Se a visão e os valores do colaborador não forem compatíveis com os do dono, a tecnologia não resolve o problema.
Hard Skills vs. Soft Skills: O que os dados ignoram
O mercado corporativo já sabe, e o agro está aprendendo: contrata-se pela técnica, demite-se pelo comportamento.
Victor Darido é enfático ao afirmar que a insistência em contratar apenas veteranos pode ser uma armadilha na gestão da mão de obra na pecuária. “Se você seleciona só por experiência, lembre-se: experiência você ensina. Agora, caráter, honestidade, visão de negócios e gostar do que faz, isso não se ensina e não se compra”, afirmou.
Muitas vezes, é mais viável para o produtor moldar um jovem profissional com “fome” de aprendizado e valores alinhados, do que tentar corrigir vícios de um profissional experiente que resiste à cultura da fazenda.
O desafio da retenção e o “Acordo”
O “apagão” citado pela CNA não se resolve apenas pagando mais, mas criando um ambiente de retenção. O pecuarista reforçou no MF Cast que a fazenda precisa de transparência.
Para lidar com funcionários antigos que não se adaptam — um problema comum na mão de obra na pecuária durante sucessões familiares —, Darido sugere o diálogo franco.
“Tudo na vida se resolve no acordo. É preciso perguntar: ‘Conseguimos fazer isso junto?’. Se não houver alinhamento de valores, a decisão precisa ser pragmática: substituição”, orientou.
O recado deixado por Victor Darido e corroborado pelos dados de mercado é claro: a pecuária profissional não aceita amadorismo na gestão de pessoas. Para fugir das estatísticas negativas sobre mão de obra na pecuária, o produtor precisa deixar de ser apenas um chefe de campo para se tornar um líder que contrata caráter e treina habilidades.
Escrito por Compre Rural baseado no episódio do Podcast MF Cast com a participação de Victor Darido.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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