Pecuaristas socorrem exportação de gado da extinção

Deputados paulistas contrários aos embarques de gado vivo são publicamente criticados.

Outdoores no Interior de São Paulo contestam os deputados da Assembleia Legislativa (Alesp) favoráveis ao Projeto de Lei que proíbe embarques de gado vivo em portos do Estado, o PL 31/2018. Entre outras, eles destacam a frase: “Deputados Paulistas, quem vai pagar essa conta?”, que responsabiliza os apoiadores do PL, incluindo o autor, deputado Feliciano Filho (PRP), pelo prejuízo que causa o bloqueio deste canal de escoamento de produção.

Esta campanha, cuja arrecadação de recursos iniciou-se no simbólico Dia Nacional do Pecuarista, 15 de julho, se tornou realidade nesta semana com o posicionamento de outdoores em várias grandes cidades da pecuária e seus arredores como Bauru, Araçatuba, Presidente Prudente, São José Rio Preto, Barretos e Ribeirão Preto. O objetivo é “primeiramente mostrar à população que as exportações possuem vantagens para o País”, declara Oswaldo Furlan Júnior, presidente do GPB (Grupo Pecuária Brasil), coligação de mais de nove mil pecuaristas responsável pela iniciativa.

“Nós queremos subir o nível da conversa e acabar com essa palhaçada de exageros e difamações”, continua Furlan. “Todos os produtores brasileiros e todas as entidades envolvidas querem uma audiência pública sobre o assunto e não movimentações de baixo nível. Acima de tudo tem coisas que são mais importantes, que é a renda, o emprego e a remuneração que as exportações beneficiam”, conclui.

É importante destacar que a maior autoridade mundial de Bem Estar Animal (BEA), a doutora Temple Grandin, esteve na cidade de São Paulo há uma semana, exatamente enquanto o assunto era discutido na Alesp. No Teatro Gamaro, na Mooca, ela reforçou que é necessário fazer o transporte apropriadamente, mas não entende que deva ser proibido. “Esta palestra deveria ter sido feita na Assembleia”, reflete Furlan. Temple veio ao Brasil a convite do professor Mateus Paranhos, autoridade da UNESP em BEA, e do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA).

Além do GPB, a Sociedade Rural Brasileira (SRB), a Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos (ABREAV), a Associação Nacional de Pecuária Intensiva (ASSOCON) e o Movimento Endireita Brasil (MEB) também somam forças na campanha. Trata-se de uma batalha pela verdade dos fatos contra as mentiras de militantes profissionais de ONGs de veganos, vegetarianos e dos que querem dar direitos humanos a animais. Nenhum dos três representa a opinião da maioria dos brasileiros.

outdoor gpb pecuaristas
Imagem compartilhada no instagram por milhares de pecuaristas e envolvidos com o setor.

União faz a força

Além da campanha, o GPB continua atuando na Alesp por meio de comitê entre entidades representativas do setor como a ABREAV, a SRB, a ASSOCON, a ABEG (Associação Brasileira dos Exportadores de Gado) e o Beef Radar. Às terças-feiras todos se reúnem para trabalhar a todo vapor para apresentar a verdade sobre a atividade rural aos deputados estaduais e à opinião pública.

Segundo Ricardo Barbosa, presidente da ABREAV, que encabeça as reuniões, o foco dos trabalhos do comitê é principalmente discutir o tema com argumentação racional e científica, que se faça uma audiência pública antes de votações e que todos os deputados participem do processo. “Em junho o PL foi colocado em pauta e não teve acordo para votar ou discussão”, descreve Barbosa.

De acordo com ele, os deputados militantes do tema ainda intimidam seus colegas a votarem a favor. Caso contrário, ameaçam denegrir suas imagens nas redes sociais apenas porque eles votariam de acordo com seus próprios critérios e convicções. Uma das conquista do comitê, revela Barbosa, é que o presidente da Alesp “não está querendo mais pautar o PL”.

Aos fatos e argumentos

A Scot Consultoria, uma das empresas de maior credibilidade que presta serviço à Pecuária no Brasil, enviou em junho deste ano carta aberta à população descrevendo os fatos reais referentes à exportação de gado vivo. Segundo o texto, “para que esse canal de escoamento da produção se consagrasse foi preciso à incorporação de boas práticas de produção e, naturalmente, do bem-estar animal”.

Além da legislação que cuida do bem-estar animal no Brasil, original do decreto 24.645 de julho de 1934, foi criada também em 2010, oito anos após a primeira exportação de gado vivo registrada, a Instrução Normativa 10 que diz respeito ao Regulamento Técnico para Exportação de Ruminantes Vivos. Estas normas, de acordo com a consultoria, “são rigorosamente fiscalizadas pelos órgãos competentes”.

Entre outras normas que garantem o bem-estar do animal – da fazenda até o destino final – essa legislação determina que:
  1. Somente será permitido exportar animais vivos que estejam em bom estado de saúde;
  2. Os veículos transportadores devem atender aos requisitos para transporte de animais de forma segura e de acordo com os princípios de bem-estar animal;
  3. Os veículos devem ser limpos e desinfetados antes do carregamento;
  4. Os animais devem ser reunidos, por no mínimo quarenta dias, em estabelecimentos de pré-embarque (EPE) para serem preparados para a viagem;
  5. Os exportadores devem apresentar ao MAPA informações com metragem da embarcação, a quantidade de cochos, de bebedouros e a capacidade de armazenagem de alimentação e de água para posteriormente se estabelecer a quantidade de animais que serão embarcados.

Uma das evidências de conforto dos bovinos nos navios é o histórico de ganho de peso de 1,2 a 1,3 quilos por dia durante a viagem. “Animais em estado de estresse não ganham peso”, destaca o documento da Scot.

Ganhos com a exportação

Ainda segundo a carta, “impedir o desenvolvimento nacional e cercear a liberdade de iniciativa econômica não é bom para São Paulo e para o Brasil e nem para o sofrido povo paulista e brasileiro, tão carente de oportunidades”.

Em 2017, o faturamento com a exportação de bovinos vivos foi de US$269,5 milhões e até maio de 2018, o valor era de US$230,8 milhões. Só em São Paulo, o faturamento até maio deste ano foi de US$45,5 milhões, valor 53% maior que todo ano passado. Além disso, em países como o Iraque, onde 70% do rebanho desapareceu por causa da trágica guerra civil, o Brasil foi responsável por suprir com 47,2 mil bovinos ao rebanho local em 2017 para engorda e alimentação da população.

É sempre a melhor opção manter o maior número possível de canais de escoamento da produção. No caso da produção pecuária, a exportação de bovinos permite que a transferência de renda seja diretamente para o produtor rural, normalmente de pequeno e médio porte.

Essa renda no meio rural gera empregos, impostos, adoção de tecnologia e principalmente empregos e elevação do padrão de vida no campo. O benefício econômico é evidente e impedir que isso aconteça é promover a pobreza do ser humano e migração para os grandes centros urbanos, já congestionados. Além do produtor rural e de seus colaboradores, empresas de genética, suplementos minerais, sementes, medicamentos veterinários, construções rurais, fertilizantes e outras também se beneficiam desse fluxo de capital.

Sobre o GPB

O GPB foi fundado em 2014 e teve até meados de 2016 sua letra “B” como abreviação de Bauru, cidade natal. Então, se espalhou rapidamente pelo País e passou a ser nacionalmente conhecido como Grupo Pecuária Brasil. “O GPB está unindo a pecuária no Brasil”, avalia Furlan no quarto ano de vida do grupo.

Ao todo, somados os grupos coligados, são computados hoje mais de nove mil produtores e profissionais ligados à pecuária. Atualmente o maior encontra-se no telegram com mais de 1500 participantes e, ganhou em abril deste ano, tanto sua versão para os produtores de leite, o GPB-Leite, quanto o primeiro balizador de preço da arroba do boi gordo composto plenamente de informações de pecuaristas.

 

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