Pequenos cafeicultores mineiros elevam rentabilidade com gestão sustentável e inovação

Fortalecimento do setor é impulsionado por iniciativas como o Educampo, que oferece inteligência de dados para a gestão competitiva dos negócios.

Ferramentas de gerenciamento de dados, adoção de práticas sustentáveis, como o uso de produtos biológicos no controle de pragas do café, e o controle da produção por sensoriamento remoto e inteligência artificial estão fortalecendo a rentabilidade e a resiliência da cafeicultura brasileira. A melhoria contínua na rastreabilidade e na qualidade do grão torna o Brasil referência mundial em cafés especiais de base regenerativa.

Na Região da Chapada de Minas, entre os Vales do Rio Doce e Jequitinhonha, o produtor Ulisses Flauzino Godinho foi um dos primeiros do Brasil a receber a certificação internacional Rainforest, que envolve uma série de normativas para tornar a produção agrícola responsável tanto social quanto ambientalmente. Há cinco anos, ele está à frente da Fazenda Poço Dantas, localizada no município de Capelinha, e percebeu que a adoção de práticas sustentáveis também podem ser um diferencial competitivo.

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Com 120 hectares plantados de café Arábica, e uma produção média de 30 sacas por hectare, ele reserva cerca de 50% da produção para o café especial. “Além da busca pelo grão de qualidade, o consumidor também está valorizando muito a sustentabilidade. Ter a certificação também indica que, além de adotar boas práticas na lavoura, ainda nos preocupamos com questões trabalhistas e tributárias, por exemplo. O fato de sermos auditados periodicamente indica que atuamos em conformidade com essa demanda atual do mercado”, explica.

A gestão da propriedade também ganhou reforço com a participação no programa Educampo, do Sebrae Minas, que oferece assistência técnico-gerencial contínua e intensiva para o agronegócio. “A consultoria ajudou, principalmente, na gestão financeira. Hoje, não tenho planos de aumentar a área plantada, e entendo a importância da mecanização de forma adequada, em função da dificuldade de mão de obra para a lavoura. O próximo investimento será na aquisição de uma colheitadeira, além de maquinários inovadores para desbrota e poda mecanizadas”, destaca.

Gestão eficiente e estratégica

A gestão de risco e financeira das propriedades é apontada pelo analista de agronegócios do Sebrae Minas, Expedito Netto, como uma das principais ferramentas para garantir a longevidade dos negócios frente às mudanças climáticas e oscilações de mercado. “É importante o produtor entender que a rentabilidade da fazenda gera o recurso para manter o negócio, pagar dívidas, fazer as retiradas de caixa da família, reinvestir na propriedade. Renovar as lavouras, expandir o negócio, adotar novas tecnologias depende do fluxo de caixa, e trabalhamos bastante esse aspecto com os cafeicultores atendidos pelo Educampo”, frisa.

Além da preocupação com o planejamento financeiro, a adoção de modelos de produção mais regenerativos é outra abordagem trabalhada com os cafeicultores atendidos pelos técnicos do Sebrae Minas. A cafeicultura regenerativa busca não apenas reduzir o impacto ambiental, mas também restaurar os ecossistemas onde o café é cultivado, melhorando a qualidade do solo, aumentando a biodiversidade e ajudando a capturar carbono da atmosfera. “A sustentabilidade é uma questão de longo prazo, por isso, as ações também devem ser planejadas neste sentido. Por isso, buscamos entender a realidade de cada fazenda, para construir junto com os produtores as melhores práticas em busca de competitividade, valor agregado ao produto e perenidade”, diz.

Tradição, tecnologia e manejo regenerativo

Willer Arantes é um dos centenas de cafeicultores atendidos pelo programa Educampo

Após deixar a engenharia mecânica para assumir o legado do pai em São Gonçalo do Sapucaí, na região Sul de Minas Gerais, o produtor Willer Arantes, de 38 anos, integrou o terceiro grupo do Brasil com o Certificado em Agricultura Regenerativa da Regenagri, empresa que faz auditoria a partir dos parâmetros de certificação da inglesa Control Union. A certificação atesta práticas sustentáveis de cultivo com regeneração natural do solo e, neste sentido, a propriedade foi avaliada em critérios como: práticas de cultivo, gestão de resíduos, uso de insumos agrícolas e impacto social.

A propriedade, de 45 hectares e produção média anual de 900 mil sacas, é atendida há 15 anos pelo programa Educampo, mas foi em 2021, com o falecimento do pai, que Willer Arantes precisou assumir toda a gestão da fazenda. “Com o apoio do consultor, estamos fazendo a renovação da lavoura, e com novas variedades. Como estamos em 1,2 mil metros de altitude, estamos atingindo uma qualidade muito boa de bebida. Além disso, estamos investindo no manejo mais natural, com uso de biológicos para conservar mais o solo”, explica o produtor que ainda conta com um campo experimental para testar novos adubos.

A alta qualidade do Café Aroma da Serra levou o produtor a ter uma amostra finalista na premiação Coffee of the Year, que reconhece os melhores cafés especiais do Brasil, e marca o encerramento da Semana Internacional do Café (SIC), em 2025, em Belo Horizonte. “Com o apoio do consultor do Educampo, conseguimos inovar em alguns processos de fermentação e ter microlotes de alta qualidade, como este que atingiu uma pontuação muito alta e está concorrendo ao prêmio”, ressalta.

Fonte: Agência Sebrae

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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