Demanda da ABCB gerou estudo do Instituto de Zootecnia de São Paulo que permite genotipar a Kappa caseína, responsável por aumentar o rendimento do leite e melhorar a qualidade do queijo.
Entender a composição genética do búfalo é um passo importante para o criador melhorar o seu sistema de produção voltado para o queijo. A partir do Programa de Avaliação Genética em Búfalos, conduzido pela Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), a entidade levantou a demanda de um estudo de genes que poderiam ter interferência nesse processo. A partir disso, o Instituto de Zootecnia, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolveu um método que identifica um dos genes responsáveis por aumentar o rendimento do leite e melhorar a qualidade do queijo.
Foram analisados cerca de 600 animais pertencentes a criadores associados à ABCB e, a partir deste estudo, pesquisadores desenvolveram e padronizaram a metodologia para genotipar o gene CSN3 da Kappa caseína. O pesquisador Científico do IZ, Anibal Eugênio Vercesi Filho, explica que entre as proteínas que compõem o leite, existe um grupo chamado de caseínas onde está a Kappa caseína. “Essa proteína tem uma relação direta com o rendimento do leite para queijo. O trabalho que nós desenvolvemos no Instituto de Zootecnia foi uma metodologia muito semelhante ao teste de paternidade, que consegue falar para o produtor qual é a composição genética do seu animal em relação à Kappa caseína”, salienta.
Conforme Vercesi Filho, o animal pode ser AA, AB ou BB e saber qual a composição genética vai impactar na produção do queijo, assim como na rentabilidade. “Os animais que são BB têm um rendimento do leite para queijo até 10% superior ao AA, por exemplo. Então, isso permite ao produtor agregar valor ao seu produto”, destaca, observando que para produzir um quilo de queijo de búfala são necessários, em média, cinco litros de leite.
Um dos laticínios que participou deste estudo foi o Família Rossato, localizado no Estado de São Paulo. O seu proprietário e presidente do Conselho Administrativo da ABCB, Caio Rossato, ressalta que a Kappa caseína BB interfere na qualidade do queijo, além do rendimento. Outro ponto destacado por ele, é a importância do produtor estar vinculado à Associação. “A ABCB tem ligações com institutos de pesquisa e poder público e sem essa interação e participação do produtor nada disso seria possível”, observa.
Rossato também reitera que “nada aconteceu da noite para o dia e esse trabalho foi uma demanda dos produtores em 2022”. “A partir dessa ação e com a ajuda e contribuição do governo paulista por intermédio do IZ Nova Odessa e CNPq, que financiaram a pesquisa, hoje estamos colhendo os frutos das árvores plantadas lá atrás”, finaliza.
Para o presidente da ABCB, Simon Riess, esse é um momento importante da Bubalinocultura. “Com este estudo brilhante coordenado pelo IZ, abre-se uma nova possibilidade de seleção genética, com uma importância sustentável e econômica para os produtores”, coloca, salientando que o Instituto está aberto para que todo e qualquer produtor nacional identifique este gene no seu rebanho e inicie também o seu processo de seleção.
Os produtores podem entrar em contato com a ABCB para mais informações sobre o projeto pelo bufalo@bufalo.com.br ou (11) 95606-8077. E também com o pesquisador do IZ pelo e-mail aefilho@sp.gov.br ou (19) 99172-2223.
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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