
Reativação das plantas na Bahia e em Sergipe reforça plano de autossuficiência e reduz risco da dependência externa; para isso, a Petrobras investe R$ 78 milhões em fábricas de fertilizantes e prepara retomada estratégica da produção nacional
A Petrobras anunciou um investimento de R$ 78 milhões para reativar suas fábricas de fertilizantes na Bahia e em Sergipe, com produção prevista para começar no início de 2026. A medida faz parte de um plano mais amplo da estatal de retomar o protagonismo brasileiro na produção de insumos agrícolas, em um momento em que o país ainda depende fortemente das importações para garantir o abastecimento do campo.
De acordo com a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, as plantas receberão manutenções e modernizações imediatas, sendo R$ 38 milhões destinados a cada unidade, para que possam voltar a fabricar ureia e Arla 32 — este último, essencial para reduzir emissões em veículos a diesel. A operação será conduzida em parceria com a empresa Engeman, contratada por cinco anos em um acordo que soma R$ 1 bilhão, dos quais R$ 520 milhões serão aplicados na planta baiana.
Com a reativação das unidades nordestinas e da ANSA (Araucária Nitrogenados), no Paraná, a Petrobras estima ser capaz de atender até 20% da demanda nacional de fertilizantes nitrogenados, reduzindo a dependência do Brasil em um setor estratégico para o agronegócio.
Redução da dependência e segurança alimentar
Atualmente, cerca de 85% dos fertilizantes consumidos no Brasil são importados, principalmente da Rússia, da China e de países do Oriente Médio. Essa dependência expõe o país a riscos logísticos e geopolíticos — como demonstrado durante a guerra na Ucrânia —, que afetaram diretamente os preços dos insumos e pressionaram a rentabilidade de agricultores e pecuaristas.
Especialistas avaliam que a retomada das operações da Petrobras é um passo decisivo para fortalecer a segurança alimentar e a soberania produtiva. Além disso, permitirá maior previsibilidade de preços e uma redução da vulnerabilidade cambial, fatores essenciais para manter a competitividade do agro brasileiro no cenário global.
Novo ciclo de investimentos industriais e logísticos
Paralelamente, a Petrobras também avança em um plano de investimento logístico, com a construção de embarcações próprias por meio da Transpetro, subsidiária responsável pelo transporte e armazenamento de combustíveis. A companhia aprovou a contratação de 48 embarcações até 2026, das quais 44 já estão em licitação ou fase final de contratação, incluindo seis navios que serão construídos pelo estaleiro Enseada, na Bahia, com investimento de R$ 2,5 bilhões.
Segundo Chambriard, a medida visa reduzir custos logísticos, fortalecer a indústria naval nacional e garantir eficiência no transporte de derivados, exportações e apoio a plataformas marítimas. “Os negócios têm que ser rentáveis, além de gerar ganhos tanto para a sociedade local quanto para nossos investidores”, afirmou a executiva.
Impactos esperados para o agronegócio
A reabertura das fábricas de fertilizantes deve trazer impactos diretos à produção agrícola, principalmente nos estados que concentram o uso intensivo desses insumos — como Mato Grosso, Goiás e Paraná. A ureia é indispensável para culturas como milho, soja e cana-de-açúcar, além de ter papel crucial na formulação de suplementos proteicos para o gado.
Ao reduzir a dependência externa e estimular a cadeia produtiva nacional, o Brasil dá um passo relevante em direção à autonomia tecnológica e energética, consolidando-se como uma potência agroindustrial com maior capacidade de reagir a crises globais e de proteger a competitividade do campo.
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