
Plano prevê reativação de fábricas em quatro estados e pode atender até 35% da demanda nacional por ureia até 2028; pra isso a Petrobras vai investir R$ 900 milhões na construção de quatro fábricas até 2029
Em um movimento estratégico que pode transformar a dependência brasileira por fertilizantes importados, a Petrobras confirmou investimentos de R$ 900 milhões até 2029 para retomar a produção nacional de fertilizantes nitrogenados. O anúncio foi feito nesta terça-feira (22) pela presidente da companhia, Magda Chambriard, durante a Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Fertilizantes (Confert), realizada no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em Brasília.
Atualmente, o Brasil importa cerca de 85% da ureia utilizada na agricultura, um dos principais insumos nitrogenados do setor. Com a entrada em operação das unidades previstas, a Petrobras projeta atender até 35% da demanda nacional por ureia até 2028, reduzindo consideravelmente a vulnerabilidade externa do agronegócio brasileiro.
Fábricas serão reativadas em quatro estados estratégicos
Os investimentos se concentram em quatro plantas industriais localizadas nos estados do Paraná (Araucária Nitrogenados – Ansa), Bahia e Espírito Santo (Fafens) e Mato Grosso do Sul (UFN-III, em Três Lagoas). De acordo com Chambriard, entre 13 mil e 15 mil postos de trabalho diretos e indiretos estão sendo gerados com os projetos, impulsionando também a economia regional.
“O agro e o setor de petróleo estão se fundindo cada vez mais. E o fertilizante é uma excelente oportunidade para ampliar nosso mercado de gás”, afirmou a presidente da Petrobras.
Além da ureia, a companhia também planeja a produção de amônia e arla, e anunciou parcerias com a Embrapa para o desenvolvimento de fertilizantes de alta eficiência.
Confert aprova novos projetos com foco em bioinsumos
Durante a reunião, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin enfatizou a importância estratégica do setor:
“O Brasil é um grande produtor e exportador de proteína animal e vegetal. Vamos ter uma safra recorde neste ano, e a demanda por fertilizantes é crescente”.
O Confert também aprovou 16 novos projetos para sua Carteira de Projetos Estratégicos, sendo 14 da Embrapa, um do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e um do setor privado. Entre os destaques:
- 11 projetos da Embrapa focados no desenvolvimento de biofertilizantes, bioinsumos, bioestimulantes e bioinoculadores, incluindo o uso de bactérias promotoras de crescimento em mudas florestais.
- Projeto da Prumo Logística, voltado à estruturação de um Hub de Hidrogênio de Baixo Carbono no Porto de Açu (RJ), com foco na produção de hidrogênio sustentável, amônia e metanol.
- Regulamentação da Lei de Bioinsumos, sancionada em dezembro de 2024, que estabelece regras para produção, uso, registro e comercialização de bioinsumos no país, incluindo incentivos para produção com objetivo de uso próprio.
Petrobras: Um passo para a independência agrícola
Com essa nova estratégia, a Petrobras não apenas reafirma seu papel como agente de desenvolvimento industrial e energético do Brasil, como também se posiciona como parceira estratégica do agronegócio, setor que responde por uma fatia significativa do PIB brasileiro. A retomada da produção de fertilizantes marca um novo capítulo na política de segurança alimentar e energética do país, além de contribuir para a redução de custos e riscos logísticos enfrentados por produtores.
A iniciativa está alinhada com as diretrizes do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), lançado pelo governo federal para diminuir a dependência externa e fortalecer a cadeia produtiva nacional de insumos agropecuários.
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