PIB brasileiro perde representatividade mundial há mais de 40 anos

Redução do PIB brasileiro se comparado a de outros países mostra a ineficiência dos políticos brasileiros em criar uma economia de crescimento

O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos geralmente em um ano, do Brasil vem decrescendo ano a ano. Em 1980, por exemplo, o Brasil representava 4.3% de todas as riquezas do mundo e o ano passado representou apenas 1.9%, são 43 anos perdendo representatividade, ou seja, os outros países estão crescendo muito mais que o Brasil.

Essa informação foi transmitida pelo engenheiro agrônomo e consultor empresarial Marcelo Prado, no último dia 18 de maio, durante o 1º Agro em Debate: Reestruturação Financeira no Agronegócio, evento realizado em Goiânia, organizado pelo escritório João Domingos Advogados Associados, parceria com a Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio (ABDAGRO) e o Raphael Barra, da BR Fazendas. O evento teve como mote oferecer ao produtor rural ferramentas necessárias, estratégias de mercado e compartilhamento de vivências com outros profissionais do setor que enfrentam os mesmos desafios, para que juntos possam superar oscilações futuras no agronegócio.

Segundo Prado, esse decréscimo do PIB brasileiro fica evidenciado no próprio número deste ano, enquanto a médias de crescimento do mundo é de 3.1% o Brasil vai crescer cerca de 2.1%, a expectativa de crescimento da Índia, por exemplo, é de 6,5%, das Filipinas 6% e da China 4.9%. E qual é a grande causa disso?

Eu acredito que contra números é difícil discutir. E os problemas são vários, o primeiro é que grande parte dos nossos líderes, políticos, se preocupam muito com apoios políticos, mas você não os vê preocupados com gestão, em escolher o melhor ministro, melhor secretário, esses cargos são dados aos partidos e não ao talento pela competência daquele especialista, então esse é um problema”, destacou.

Segundo o especialista, o outro problema é que a capacidade de investimento do Brasil está muito aquém do que o mercado prega. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para o país crescer mais de 3% precisaria investir mais de 30% do seu PIB, em investimentos para infra-estrutura, novas indústrias e empresas e demais necessidades.

“No ano passado nós investimos apenas 16.5% do PIB e esse ano nós vamos investir 17.6%, uma ligeira melhora, mas muito longe ainda do que seria o ideal e porque isso ocorre? Porque o governo tem uma máquina inchada, praticamente com a folha de pagamento, poder judiciário, e todos os compromissos que o governo já tem ele consome quase toda a receita, então não sobra quase nada para o governo fazer investimentos. E, os investimentos que a gente tem hoje praticamente, o grosso é das empresas privadas, então seria importante que o governo tivesse uma máquina mais enxuta para ele também poder investir de forma relevante. Agora, existem saídas para isso, as parcerias público-privada, que no Brasil não tem funcionado muito bem porque existe muita insegurança jurídica, então tem muita coisa a ser feita. O Brasil é um país maravilhoso, cheio de grandes oportunidades e a gente precisa resolver essa questão para ter crescimentos dignos do nosso potencial”, enfatizou Prado.

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Foto: Divulgação

Questionado pelo editor do portal Compre Rural, Marcio Peruchi, sobre a necessidade da produção de alimentos mundial aumentar em 60% até o ano de 2050, e, desta parcela o Brasil ter que participar cerca de 40%, Prado afirmou que o agronegócio brasileiro já provou para o Brasil e para o mundo que é muito competente, muito produtivo e muito eficiente, portanto, se existir demanda os empresários rurais brasileiros serão capazes de atender a essa demanda e ofertar esses alimentos para o mundo, sendo essa uma boa notícia e uma oportunidade para o Brasil.

Quanto aos dados, apresentados no evento sobre aproximadamente 80% dos produtores rurais de todo o Brasil estarem em algum quadro de endividamento, Prado acredita que uma das causas deste grande problema é a falta de planejamento do produtor rural.

“A falta de planejamento do produtor rural é uma das causas, a queda do preço das commodities em cerca de 28% nos últimos 12 meses também é um fator que impacta nessa situação difícil. Agora o empresário rural tem que entender que ele não pode dimensionar o negócio dele em cima de um cenário super otimista e super favorável, se a gente olhar para o nosso histórico a curva de preço é que nem um exame de eletrocardiograma do coração, sobe depois cai, então nós temos que, nos momentos mais favoráveis, construir reservas, capital de giro, diminuir a nossa alavancagem para quando tiver num cenário de escassez como nós estamos agora, a gente poder ser ainda competitivo mesmo com preços mais baixos, a gente precisa potencializar a produtividade agrícola e de mão de obra, ter uma boa gestão de custos e despesas, para que a possa ser competitivo e rentável”, finalizou.

História de superação

Dentre várias histórias de empreendedores que alcançaram o sucesso, a de Marcelo Prado leva outro importante elemento: a superação. Paulista por nascimento, mas há anos morando em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o empresário conseguiu crescer e prosperar nos negócios mesmo tendo perdido quase 100% da visão.

Atualmente, além de ser agrônomo por formação, consultor e palestrante, ele também se tornou um escritor depois de lançar um livro com a história de vida dele. No livro ‘Meu jeito de ver’, ele conta como Prado vê mundo, mostra que mesmo com as adversidades, obstáculos e dificuldades ele conseguiu se  realizar, ser feliz e virar o jogo. “E a vida é isso, eu acho que é pensar positivamente, enfrentar os desafios e vencê-los”, concluiu Prado.

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