Plantação: La Niña deixa produtor do MT em alerta para chuva

A atenção ao cenário climático foi redobrada nas últimas semanas com previsões mostrando a possibilidade maior do fenômeno climático La Niña, nos próximos meses.

Faltando poucos dias do fim do vazio sanitário no Brasil, os produtores de soja já estão com todos os seus preparativos concluídos para o início do plantio da safra 2017/18.

Todavia, a atenção ao cenário climático foi redobrada nas últimas semanas com previsões mostrando a possibilidade maior do fenômeno climático La Niña, nos próximos meses.

Confirmado, o fenômeno poderia reduzir as chuvas nos meses em que é feita a semeadura no país, principalmente na região médio norte de Mato Grosso, podendo prejudicar o início dos trabalhos de campo.

Já nas regiões Norte e Nordeste, os volumes podem aumentar, segundo explicaram meteorologistas à Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato) e Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja).

“Apesar de estar previsto o atraso do período chuvoso para a região Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, a tendência é de estabilização do período chuvoso a partir do final de outubro, influenciando de forma positiva no processo de plantio”, sustentou fonte da Aprosoja.

A meteorologia traz previsões mostrando que, para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as chuvas podem ser melhores somente no início de novembro, com a possibilidade de serem ainda mais expressivas em dezembro. “Isso gera um dilema para aqueles produtores que desejam plantar mais cedo, como no estado do Paraná, cujo plantio estará liberado a partir de 10 de setembro, ou para aqueles que desejam fugir da ferrugem asiática”, argumentou a mesma fonte.

Alguns modelos climáticos de mais longo prazo, segundo explicam especialistas do canal norte-americano The Weather Channel, mostram que as condições já começam a mudar a indicar a possibilidade de um La Niña após setembro.

As previsões para outubro já indicam um padrão misto de condições, típico de um período de transição. As últimas informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do último dia 29 de agosto, mostram que as condições de neutralidade permanecem, porém, chamam a atenção para um resfriamento das águas da superfície do Pacífico em uma área extensa, movimento característico do La Niña.

“No entanto, as temperaturas ainda se mantêm na faixa da neutralidade. Além disso, outros indicadores como os índices de oscilação, a nebulosidade e o movimento dos ventos também permaneceram neutros”, diz fonte da agência oficial. A próxima atualização das informações do instituto chegam no dia 12 de setembro.

Os últimos dados apurados pelo NOAA – o departamento oficial de clima do governo norte-americano – também mostraram condições ainda de neutralidade, porém, uma chance maior de ocorrência do La Niña, agora entre 25% e 30%.

As chances de neutralidade, entre dezembro e fevereiro já se mostram em 55%, contra os 85% que deve se estender ainda por este mês de setembro. No caso do NOAA, as atualizações chegam no dia 14 de setembro.

O período, portanto, é de transição climática e este é o momento mais crítico não só para o produtor rural, mas para a meteorologia em si também. “A palavra de ordem é cautela”, diz a Famato.

Ainda de acordo com a Aprosoja, neste primeiro momento o La Niña, não deve ter grande impacto sobre o início da nova safra brasileira, uma vez que ainda não foi completamente configurado. Caso esses impactos venham efetivamente, deverão ser notados somente no início de 2018, previsão que converge com a dos institutos americano e australiano.

“Um fator positivo para essa safra é a não presença do El Niño. Ainda estamos em uma condição de neutralidade”, diz a fonte da Aprosoja.

“O padrão climático ideal verificado na safra anterior não deve se repetir. Em anos de neutralidade, há uma grande variabilidade no regime de chuvas, sendo que em determinados momentos as frentes frias poderão ficar mais posicionadas numa determinada região do país e, com isso, abrir margens para quebras pontuais de produtividade”, acreditam os especialistas da Famato.

Dessa forma, apesar da velocidade esperada para o plantio não seja também a mesma observada na temporada anterior, a média deste ano poderá ficar bem próxima da registrada no ano safra 2016/17.

Fonte: Olhar Direto

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