
Polícia desarticula quadrilha que aplicava golpes milionários em produtores rurais e apreende R$ 200 milhões em bens, incluindo 468 veículos, 2 aviões e sete imóveis de luxo. A operação foi batizada de Deméter.
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) realizou uma grande operação, batizada de Deméter, para desarticular uma organização criminosa que aplicava golpes em produtores de grãos no estado. Nos dias 28 e 29 de novembro, foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão e realizadas quatro prisões em várias cidades de Goiás, como Rio Verde, Morrinhos, Goiânia, Santo Antônio da Barra e Montividiu, além de ações relacionadas nos Estados Unidos. A operação resultou na apreensão de 468 veículos, duas aeronaves, sete imóveis de luxo e no pedido de bloqueio de R$ 19 bilhões.
De acordo com a investigação, a quadrilha utilizava um esquema sofisticado envolvendo empresas fantasmas, conhecidas como “noteiras”, para emitir notas fiscais frias e sonegar impostos. Além disso, usavam laranjas para ocultar as operações financeiras ilícitas. Os criminosos compravam grãos de produtores locais, mas não efetuavam os pagamentos. Posteriormente, revendiam os produtos para terceiros, gerando um prejuízo estimado de R$ 40 milhões a pelo menos 13 produtores rurais de Rio Verde.
O delegado Márcio Henrique Marques, responsável pela investigação, destacou que o esquema ia além da sonegação fiscal, abrangendo lavagem de dinheiro e estelionato. “Não satisfeitos com o lucro obtido com a sonegação fiscal, os criminosos também lesaram os produtores. Compravam os grãos, não pagavam e revendiam sem entregar a mercadoria”, explicou.
Durante a operação, foram apreendidos:
- 468 veículos, incluindo caminhões bitrem avaliados em mais de R$ 1 milhão;
- Duas aeronaves;
- Sete imóveis de luxo;
- Joias e armas.
O valor total dos bens sequestrados ultrapassa R$ 200 milhões. Além disso, a polícia pediu o bloqueio de contas bancárias no montante de R$ 19 bilhões, referente à movimentação suspeita da quadrilha nos últimos três anos. Esse bloqueio ainda aguarda deferimento judicial.
Dois membros da organização criminosa, identificados como Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello, estão foragidos. A polícia acredita que o casal tenha fugido para os Estados Unidos. Seus nomes foram incluídos na lista vermelha da Interpol, que permite a busca e prisão em escala internacional.

A divulgação das fotos e nomes dos foragidos foi autorizada pela Justiça para facilitar as buscas. Segundo o delegado, Vinicius era o responsável por se aproximar dos produtores, oferecendo condições vantajosas para a compra de grãos, mas não honrava os compromissos financeiros.
Os advogados das pessoas presas alegam que as prisões preventivas são indevidas e que tomarão todas as medidas cabíveis para comprovar a legalidade das operações realizadas pelas empresas investigadas. Em nota, as defesas afirmaram que acreditam na inocência dos investigados e que o caso está sob sigilo, o que impede comentários mais detalhados.
A operação revelou um esquema de proporções alarmantes que não apenas prejudicou produtores locais, mas também gerou graves prejuízos ao Estado de Goiás devido à sonegação de impostos. Segundo a polícia, os criminosos atuavam de forma sistemática, comprometendo a confiança entre produtores e compradores no mercado de grãos.
“Quem pagava a conta era o Estado de Goiás, porque tinha sonegação de impostos e eles não recolhiam o tributo”, explicou o delegado.
Os produtores prejudicados continuam aguardando decisões judiciais para recuperar os valores perdidos para a organização criminosa. A operação Deméter foi nomeada em homenagem à deusa da agricultura na mitologia grega, simbolizando o impacto do crime no setor agrícola.
A Polícia Civil segue investigando o caso para identificar outras vítimas e aprofundar as suspeitas de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. O bloqueio bilionário solicitado é visto como um passo crucial para garantir que os produtores lesados possam ser ressarcidos.

“Não satisfeito com os valores que obteram com a prática de sonegação fiscal, ou com a prática de diversos estelionatos, eles vitimaram os produtores rurais de Rio Verde. Ele comprou dos produtores, não pagou e vendeu para outros e não entregou”, completou o delegado.
Essa operação marca um avanço significativo no combate ao crime organizado no setor agropecuário, enviando uma mensagem clara de que fraudes dessa magnitude não ficarão impunes.

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