Policultura um crescente investimento de pequenos agricultores 

Para enfrentar as dificuldades do mercado, do clima e da concorrência, muitos agricultores estão apostando no cultivo de diferentes produtos.

O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira, mas também um dos mais desafiadores. Para enfrentar as dificuldades do mercado, do clima e da concorrência, muitos agricultores estão apostando na policultura, ou seja, no cultivo de diferentes produtos na mesma propriedade.

A policultura não é uma novidade no Brasil, mas vem ganhando cada vez mais espaço entre pequenos e grandes agricultores.  De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de estabelecimentos agropecuários que praticam a policultura cresceu de 3,6 milhões em 2006 para 3,9 milhões em 2020.

Policultura
Foto: Divulgação

Essa prática traz diversos benefícios, como a diversificação da renda, a redução dos riscos, a otimização do uso da terra e a preservação do meio ambiente. Além disso, a policultura pode contribuir para uma produção mais humanizada, que respeita as características locais e valoriza a qualidade de vida dos produtores e dos consumidores.

As fragilidades da monocultura

As limitações inerentes à prática da monocultura têm se manifestado ao longo de muitos anos, levando os agricultores a se dedicarem exclusivamente a um único tipo de cultura, como soja, milho ou arroz. Apesar de se concentrar em apenas uma variedade de cultivo, esse método demanda um sistema de irrigação mais complexo, exigindo a organização cuidadosa da água em toda a extensão do terreno, além de ocupar um grande espaço físico para a plantação.

A monocultura impacta negativamente a biodiversidade animal e a qualidade do solo. A falta de diversificação resulta no empobrecimento do solo de nutrientes e o torna mais suscetível a pragas. Além disso, ocorre uma contaminação significativa do solo devido ao acúmulo de inseticidas, contribuindo para uma maior resistência das pragas.

As vantagens da policultura

Em contrapartida, a policultura se destaca como uma abordagem mais sustentável e humanizada. Essa prática demanda menos espaço para o cultivo e requer menos tecnologia na irrigação. Sua principal vantagem reside no fortalecimento das plantas, as quais enfrentam desafios nutricionais decorrentes da competição entre diferentes culturas. Este processo resulta na formação de raízes mais robustas e plantas maiores, que buscam absorver o máximo de nutrientes do solo e da água.

A policultura também promove um combate mais natural e eficaz contra bactérias presentes na plantação. O sistema orgânico das plantas, assemelhando-se ao sistema humano, gera microrganismos mais diversos, fortalecendo os mecanismos de defesa e tornando as plantas capazes de enfrentar ameaças com maior rapidez e eficiência.

Ao manter o solo constantemente renovado, a policultura se estabelece como uma das formas mais sustentáveis de prática agrícola. Geralmente adotada por pequenos agricultores em busca de sustento e renda, essa abordagem é natural, orgânica e isenta de agrotóxicos e fertilizantes.

Além de preservar os rios, a flora e a fauna locais, a policultura destaca-se por não exigir desmatamento para sua implementação, otimizando o aproveitamento do solo existente. Adicionalmente, proporciona um ambiente propício para os insetos polinizadores, essenciais para manter o ciclo de vida vegetal.

cultivo de diferentes produtos.
Foto Divulgação

Para otimizar os benefícios da policultura, recomenda-se a adoção de variedades com ciclos curtos, médios e longos, combinando plantas arbóreas e rasteiras para manter o solo permanentemente fértil e produtivo. Isso implica, por exemplo, cultivar feijão, milho, andu, algodão e abóbora, garantindo uma diversidade constante de alimentos.

Sustentabilidade + preservação ambiental

Em meio aos diversos desafios ambientais enfrentados pelo planeta, a policultura ganha destaque como um método de produção mais sustentável, com menor impacto ambiental.

Conforme mencionado, essa técnica reduz a dependência excessiva de insumos, demandando, em contrapartida, uma análise mais aprofundada do solo, planejamento cuidadoso, conhecimento técnico e mão de obra manual para alcançar o sucesso.

cultivo de diferentes produtos.
Foto Carolina Amorim/ASPTA

É importante notar que existem diversas técnicas de implementação da policultura, incluindo a consorciação de culturas, que envolve o plantio de diferentes culturas na mesma linha ou campo; a agrossilvicultura, que combina o cultivo de diferentes culturas e árvores na mesma área; a rotação de culturas, que planeja ciclos de produção com plantas que requerem nutrientes diferentes do solo, promovendo a recuperação deste; e o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF).

Além disso, a recomendação é realizar o plantio de espécies com ciclos curtos, médios e longos, combinando plantas arbóreas e rasteiras para manter o solo permanentemente fértil e produtivo.

Desse modo, a policultura representa um retorno ao foco na produção alimentar destinada ao consumo regional, contribuindo para a preservação do meio ambiente e proporcionando acesso a alimentos mais saudáveis e sustentáveis para as populações locais. Essa abordagem promove, assim, uma inovação positiva com resultados benéficos.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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