Praga mortal do México ameaça pecuária dos EUA e governo lança megaoperação

Governo americano investe até US$ 850 milhões em nova instalação no Texas para produção de moscas estéreis e prevenção da bicheira-do-Novo-Mundo.

A ameaça da mosca-bicheira-do-Novo-Mundo (NWS, na sigla em inglês) voltou a rondar os rebanhos da América do Norte. Considerada uma das pragas mais destrutivas da pecuária, ela se alimenta de tecidos vivos de animais domésticos e selvagens, podendo causar perdas econômicas bilionárias. Diante do risco de infestação avançar do México para o território americano, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou um investimento de até US$ 850 milhões em ações emergenciais para a pecuária dos EUA, incluindo a construção de uma mega instalação no Texas para a produção de moscas estéreis.

A bicheira foi erradicada dos Estados Unidos no século XX por meio de programas de dispersão de moscas estéreis lançadas de aviões, o que interrompia o ciclo reprodutivo da praga. No entanto, o avanço recente pelo norte do México reacendeu os alertas.

Segundo o governador do Texas, Greg Abbott, um eventual surto poderia “destruir a indústria pecuária” do estado, maior produtor de gado dos EUA. Além de prejuízos diretos aos criadores, especialistas destacam que a proliferação da praga teria efeito imediato no mercado de carnes, pressionando ainda mais os preços recordes da carne bovina no país e ameaçando a segurança alimentar.

A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, detalhou que a nova instalação será construída em Edimburgo, Texas, próxima à fronteira com o México. A unidade terá capacidade de produzir até 300 milhões de moscas estéreis por semana, que serão lançadas de aviões sobre áreas estratégicas. O objetivo é reduzir drasticamente a população de moscas selvagens e conter sua expansão.

O projeto deve levar de dois a três anos para ser concluído, com previsão de operação plena em 2026. Enquanto isso, o USDA direcionará outros US$ 100 milhões em tecnologias de detecção e combate e reforçará a patrulha da fronteira com policiais montados, a fim de identificar animais selvagens infectados.

Além da instalação americana, o governo já aplicou US$ 21 milhões em uma planta de produção no México, que deve entrar em operação em breve. O USDA também mantém uma unidade no Panamá, que hoje produz até 100 milhões de moscas estéreis por semana. A estimativa oficial é de que sejam necessárias 500 milhões de moscas liberadas semanalmente para empurrar a praga de volta ao sul da América Latina.

Como medida preventiva, o USDA suspendeu as importações de gado mexicano em julho, reduzindo ainda mais a oferta de animais em um momento em que o rebanho americano já se encontra em seus níveis mais baixos em décadas. A medida foi criticada por parte dos produtores, mas, segundo Rollins, é necessária: “Essas portas não abrem até que comecemos a empurrar a bicheira de volta”, afirmou em uma coletiva de imprensa.

A reintrodução da bicheira em território americano é considerada um risco de segurança alimentar. A praga não atinge apenas bovinos, mas também ovinos, caprinos, suínos e até animais silvestres, o que amplia seu impacto ambiental e econômico. Para Rollins, a gravidade da situação deve ser compreendida além do setor pecuário: “Todos os americanos deveriam estar preocupados. Isso pode resultar em bilhões de dólares em perdas por ano”.

Com a construção da nova unidade no Texas e o fortalecimento da cooperação com o México e o Panamá, o governo dos EUA espera antecipar a chegada da praga e evitar uma crise no fornecimento de carne e derivados, preservando a pecuária nacional diante dessa ameaça carnívora.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM