Pragas destroem safras, disseminam doenças e custam mais de US$ 400 bi por ano

Espécies invasoras destroem safras, disseminam doenças e custam ao mundo mais de US$ 400 bi por ano; “ameaça é menosprezada, subestimada e muitas vezes não reconhecida”

Um relatório apoiado pelas Nações Unidas constatou mais de 3,5 mil espécies invasoras nocivas, as pragas invasoras exóticas estão causando estragos em todo o planeta, destruindo safras, disseminando patógenos, reduzindo os peixes dos quais as pessoas dependem para se alimentar e levando plantas e animais nativos à extinção, de acordo com um importante relatório.

Segundo o estudo, mais de 3,5 mil espécies invasoras nocivas custam à sociedade mais de US$ 423 bilhões por ano, um valor que deve apenas crescer, já que a era moderna do comércio e das viagens globais continua a impulsionar a disseminação de plantas e animais pelos continentes como nunca.

controlador de javalis no estado de sao paulo
Imagem Ilustrativa

As espécies invasoras exóticas ‘pegam carona’ em navios de carga e aviões de passageiros, e, o resultado é um grande embaralhamento da flora e fauna do planeta, com implicações terríveis para os seres humanos e os ecossistemas dos quais eles dependem.

“Uma das coisas que enfatizamos de verdade é a tremenda ameaça que isso representa — e sei que isso vai parecer dramático — para a civilização humana”, disse Peter Stoett, professor da Universidade Ontario Tech, que ajudou a liderar um grupo de cerca de 70 especialistas na elaboração do relatório.

E, à medida que mais espécies invasoras nocivas ganham terreno e se multiplicam, a humanidade também enfrenta sérios riscos, pois as pragas ameaçam carcomer as lavouras e espalhar doenças transmitidas por mosquitos.

Taxa “sem precedentes”

O relatório foi elaborado pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), uma organização composta por mais de 140 países que oferece aos formuladores de políticas avaliações científicas para ajudar a proteger a biodiversidade da Terra e evitar extinções. Um resumo das conclusões foi aprovado e divulgado recentemente, com os capítulos completos previstos para serem publicados ainda este ano

A organização concluiu que a ameaça das espécies invasoras exóticas é “menosprezada, subestimada e muitas vezes não reconhecida”, com apenas cerca de um sexto dos países do mundo tendo leis ou regulamentações em vigor abordando as plantas e os animais invasores. Com a introdução de novas espécies a uma taxa “sem precedentes” de 200 por ano, a expectativa é que o problema piore antes de melhorar.

Mudanças climáticas podem agravar o problema

Segundo o estudo, as mudanças climáticas estão prestes a agravar o problema das pragas invasoras exóticas, permitindo que animais como as formigas-de-fogo tropicais cheguem no hemisfério norte e em latitudes mais elevadas.

As espécies invasoras, por sua vez, podem exacerbar as mudanças climáticas. Insetos que matam árvores, como o besouro-verde se espalhando pela América do Norte, tornam mais difícil para as florestas capturar carbono da atmosfera.

Novas autorizações para caça ao javali estão suspensas no Brasil

Falando em espécie invasora no Brasil o primeiro a ser lembrado é o Javali. O aumento da população de javalis, ou seu híbrido o javaporco, tem criado sérios prejuízos afetando a produção agrícola nacional. Essa espécie de animal exótica, não encontrou um inimigo natural no meio ambiente local, aumentando exponencialmente seu número.

Porém, mesmo sendo um animal exótico e considerado praga ambiental, novas autorizações para caça estão suspensas em todo o País. A suspensão vale até que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) proceda à adequação das normas atuais ao Decreto 11.615, baixado pelo governo federal em 21 de julho. A norma restringe a liberação de armas para a população civil. Segundo o Ibama, as autorizações emitidas antes de 21 de julho continuam valendo até a data de vencimento do documento.

O decreto governamental limita a quantidade de armas e munições, além dos calibres das armas que podem ser liberadas para os caçadores. No caso de autorizações para caça ativa (perseguição ao animal) ou ceva (atrair o javali para armadilhas), a autorização deve ser emitida pelo Comando do Exército. Em três anos, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o número de autorizações para caça ao javali triplicou, subindo de 76,4 mil em 2020 para 239,5 mil em 2022, segundo o Ibama.

Pelos de capivaras podem ajudar a identificar a espécie
Pelos de capivaras podem ajudar a identificar a espécie

Proliferação de capivaras

Outro animal que já foi muito caçado há alguns anos, a capivara, está aumentando significativamente no país e o problema maior é que a maioria está infectada por carrapatos hospedeiros. A picada desse carrapato infectado com riquétsia em humanos pode causar a febre maculosa

A transmissão geralmente ocorre quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas. O respeito e a correta proibição da caça de capivaras levaram ao aumento da população desses animais inclusive próximos a núcleos urbanos. Uma política pública de enfrentamento dos riscos à saúde humana é emergencial.

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