“Pré-sal da mineração” é encontrado na elevação do Rio Grande

Tesouro submarino, em forma de jazidas minerais, com reserva de cobalto, níquel, molibdênio, nióbio, platina, titânio e telúrio, é descoberto por pesquisadores das USP

A população mundial está crescendo, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que dos atuais 8 bilhões que somos hoje de habitantes do Planeta Terra, seremos quase 10 bilhões no ano de 2100. Com isso, a demanda por recursos naturais também aumenta.

Os recursos naturais como minerais, por exemplo, ficam em apenas 30% da área do Planeta que fica em terra firme, correto? Até o momento era sim, mas uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) descobriu uma jazida no fundo do mar, entre 800 e 3.000 metros de profundidade.

A descoberta foi realizada na elevação do Rio Grande que fica ao largo do Estado do Rio Grande do Sul, a cerca de 1.500 km da costa. São águas internacionais, porém, no ano de 2014 o Brasil ganhou autorização da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos para estudar a região por 15 anos.

A possibilidade de a região ser um ‘pré-sal da mineração’ estava certa. Bactérias responsáveis por um processo de biomineralização que formou reservas submarinas de cobalto, níquel, molibdênio, nióbio, platina, titânio e telúrio, foram descobertas por oceanógrafos do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Elevação do Rio Grande

O mais incrível é que os estudos revelaram que essa cadeia montanhosa que submergiu há cerca de 40 milhões de anos pode ter sido um arquipélago antes de afundar, pois foram encontrados vestígios de praias, dunas, cavernas, canais fluviais e manguezais.

Segundo o site clickpetroleoegas ‘a jazida se formou durante a separação do supercontinente Gondwana (que deu origem à África e à América do Sul). A Elevação Rio Grande era uma ilha que afundou há 40 milhões de anos devido ao peso da lava de um vulcão e à movimentação de placas tectônicas’.‘A descoberta foi publicada recentemente pela revista Microbial Ecology e contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP, além disso, as expedições foram a bordo do RRS Discovery, navio da realeza britânica’.

Notícia boa, mas perigosa!

Segundo o biólogo Paulo Corrêa, também do IO-USP, os estudos podem mostrar espécies ainda desconhecidas. E é este o problema o “ambiente é frágil” e “de renovação muito lenta”. E a exploração de jazidas minerais no subsolo oceânico apenas engatinha. Por isso a descoberta é uma boa notícia, mas muito perigosa. É boa por descobrir que há uma riqueza até agora não mensurada e pode contribuir para as contas do país no futuro, mas também perigosa, porque a atividade de mineração é sempre impactante mesmo em terra firme, mas muito mais perigosa e difícil no fundo dos oceanos.

Com a superpopulação mundial e o não tratamento de rejeitos como o plástico, por exemplo, os oceanos passam por um momento delicado. Fertilizantes e agrotóxicos usados na agricultura nos vales dos grandes rios, como o Mississipi, são frequentemente levados para o mar depois das chuvas que lavam os campos, acumulam os materiais nos leitos dos rios que depois os despejam no mar. Não por outro motivo uma das maiores zonas mortas dos oceanos fica no Golfo do México, na foz do Mississipi.

A pesca industrial é outro flagelo, com suas redes de arrasto que chegam a ter o tamanho de até 13 aviões jumbo, depredando o que resta de vida marinha, além de revolver o subsolo a ponto de liberar o dióxido de carbono, um dos gases de efeito estufa ali armazenados.

Os oceanos são o maior sumidouro de dióxido de carbono, um dos gases de efeito estufa, da atmosfera. Mas o arrasto está alterando dramaticamente o solo oceânico, levando à desertificação do fundo do mar, e liberando na coluna d’água o CO2 armazenado, tornando as águas ainda mais ácidas, e impedindo que mais CO2 seja sequestrado da atmosfera.

O mesmo processo vai acontecer quando as enormes máquinas começarem a revolver o subsolo marinho, o que além de liberar ainda mais dióxido de carbono, faz com que a vida marinha pague a conta não só no local da exploração, mas em todo o transbordo.

Adaptado de Mar Sem Fim

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