Preço do bezerro alcança maior valor – R$ 438,40/@ – e renova máxima desde 2021

Mercado de reposição dispara: preço do bezerro sul-mato-grossense chega a R$ 438,40/@, supera outras praças e pressiona relação de troca enquanto o boi gordo futuro segue descolado da realidade do campo.

O mercado pecuário brasileiro vive um momento de forte valorização na reposição. Em Mato Grosso do Sul, o preço do bezerro medido pelo Indicador Cepea/Esalq permaneceu acima dos valores de 2024 durante todo o ano e, em 19 de novembro, atingiu sua máxima de 2025, chegando a R$ 438,40 por arroba — maior nível desde junho de 2021. Esse movimento confirma o aquecimento do mercado de cria e reforça que a oferta limitada de animais jovens segue sustentando as cotações no estado.

Entre os dias 13 e 19 de novembro de 2025, o Indicador do bezerro em Mato Grosso do Sul registrou pequenas valorizações diárias, mas suficientes para cravar o novo recorde. O valor por cabeça passou de R$ 2.982,24 em 13/11 para R$ 2.997,47 em 19/11. Em moeda americana, isso equivale a oscilação próxima de US$ 560 por bezerro ao longo da semana – por exemplo, cerca de US$ 563 no início do período contra US$ 561 no final.

As variações diárias foram moderadas (entre +0,02% e +0,27% ao dia), acumulando uma alta de 2,15% na parcial de novembro (até o dia 19) em comparação a outubrocepea.org.br. Esse movimento reflete um mercado firme, impulsionado pela menor oferta de bezerros e pelo apetite de recriadores, mesmo com o dólar flutuando na faixa de R$5,30 a R$5,60 no período.

Outro ponto relevante foi o peso médio do bezerro apurado no indicador Cepea. Na semana em questão, o animal apresentou peso médio em torno de 205 kg, ligeiramente inferior ao observado no início do mês (próximo de 210 kg). Essa variação sugere que os lotes negociados em meados de novembro incluíram bezerros um pouco mais leves, o que eleva o preço por arroba.

Em outras palavras, mesmo mantendo valores próximos de R$ 3 mil por cabeça, a redução do peso médio levou o preço por arroba do bezerro a renovar máximas – reforçando o cálculo de R$ 438,40/@ como referência recorde no estado.

Mato Grosso do Sul lidera preço do bezerro frente a SP, MG e GO

No comparativo com outras regiões, o bezerro sul-mato-grossense se mantém entre os mais valorizados do país. Na cotação do dia 19 de novembro, a categoria desmama (~195 kg) apresentou os seguintes valores:

  • MS: R$ 3.070/cab. (R$ 15,74/kg)
  • SP: R$ 2.916/cab. (R$ 14,95/kg)
  • MG: R$ 2.764/cab. (R$ 14,18/kg)
  • GO: R$ 2.696/cab. (R$ 13,83/kg)

Ou seja, o preço do bezerro em MS chegou a ser 5% a 10% mais caro que o de outras praças importantes, impulsionado por menor oferta, procura firme e qualidade genética superior.

Relação de troca volta ao piso histórico

Com o bezerro caro e o boi gordo relativamente depreciado nos últimos meses, a relação de troca entre essas categorias atingiu níveis desfavoráveis aos recriadores. Em novembro, a capacidade de compra do pecuarista – medida em número de bezerros que podem ser adquiridos com a venda de um boi gordo – caiu para perto de seu mínimo histórico. A troca no Mato Grosso do Sul ronda apenas 1,9 bezerro por boi gordo vendido, patamar semelhante ao observado nas crises de 2015 e 2021, quando a relação também encostou no fundo do poço.

dia de embarque de gado nelore no confinamento - vaqueiros conduzindo boiada
Foto: Nelore Estrellita

Em termos de arrobas, isso significa que é preciso cerca de 9,5@ de boi gordo para equivaler ao valor de um único bezerro desmamado atualmente. Trata-se de uma reversão completa frente a períodos de ciclo de baixa do bezerro, em que a venda de um boi adulto financiava a compra de 2,5 até 3 bezerros. Essa troca desfavorável comprime o poder de compra do invernista e acende um alerta sobre a sustentabilidade financeira da recria, exigindo ajustes na estratégia de produção.

Analistas ressaltam que a relação de troca tão baixa é preocupante e deve ser monitorada de perto. Por um lado, sinaliza que o ciclo pecuário pode estar virando – com oferta de bezerros menor e oferta de boi gordo maior –, o que tende a, em algum momento, valorizar o boi e aliviar a troca. Por outro lado, no curto prazo, quem precisar repor plantel vai arcar com custos elevados sem garantia de compensação imediata na venda futura do boi gordo.

Mercado futuro descolado preocupa o produtor

Apesar da firmeza no mercado físico, os contratos futuros do boi gordo na B3 seguem pressionados. O bezerro sobe, mas o mercado futuro do animal pronto para abate não acompanha. Esse descolamento preocupa analistas, pois indica que a bolsa ainda não precificou uma possível recuperação do boi gordo em 2026 — tendência esperada devido à redução estrutural na oferta de bois terminados.

O cenário exige atenção e planejamento cuidadoso, evitando decisões baseadas apenas nos preços futuros, que neste momento podem estar subestimando a realidade de oferta e demanda do mercado físico. Analistas concordam que o ciclo de alta do preço do bezerro deve continuar em 2026 e 2027, mas reforçam que o produtor precisa avaliar margens com cautela, especialmente para reposição durante o pico de preços.

Perspectivas

O preço do bezerro em MS atinge um dos maiores patamares dos últimos quatro anos, reforçando o ciclo de valorização da cria. Entretanto, a troca desfavorável e o mercado futuro pressionado exigem estratégia e atenção. Para quem pretende repor, o momento é de cautela. Para quem produz bezerros, o cenário segue bastante favorável, com tendência de valorização contínua no médio prazo.

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