
Valorização da reposição pressiona a troca com o boi gordo, mas especialistas apontam cenário positivo para quem investir agora; Veja como está o ágio do bezerro
O preço do bezerro voltou a brilhar no mercado pecuário brasileiro, encerrando setembro de 2025 com média nacional de R$ 2.798,56 por cabeça, segundo levantamento da Agrifatto. O valor representa uma alta de 2,18% em relação a agosto e coloca a categoria no maior patamar desde abril de 2022. No entanto, essa valorização vem acompanhada de uma queda na relação de troca com o boi gordo, que atingiu 2,13 bezerros por boi gordo de 20 arrobas, recuo de 1,5% no mês e 6,6% abaixo da média histórica.
Enquanto o bezerro mostra força, o boi gordo segue pressionado pela maior oferta de animais de confinamento, o que impactou os preços em setembro. Mesmo assim, analistas mantêm otimismo para os próximos meses, apostando em recuperação da arroba com a chegada das chuvas, que deve melhorar as pastagens e reduzir a pressão de venda.
De acordo com Gustavo Duprat, analista da Scot Consultoria, a retomada das chuvas dá fôlego ao pecuarista:
“Com mais pasto disponível, os pecuaristas terão maior potencial e possibilidade de manter os animais dentro da porteira. Isso vai reduzir a oferta de animais para abate e possibilitar que os pecuaristas negociem preços mais vantajosos.”
Relação de troca e poder de compra
Indicador | Set/2025 | Variação Mensal | Diferença da Média Histórica |
---|---|---|---|
Preço do Bezerro (Cepea) | R$ 2.798,56 | +2,18% | Maior desde abril/22 |
Preço do Boi Gordo (20@)** | — | — | — |
Relação de Troca (bezerro/boi) | 2,13 cab./cab. | -1,5% | -6,62% abaixo da média |
Em Mato Grosso, o cenário foi ainda mais desafiador: recuo de 4,23% na troca, chegando a 2,12 bezerros por boi.
Apesar da piora momentânea na relação de troca, analistas reforçam que este é um momento estratégico para compra de reposição, considerando as projeções de demanda externa aquecida e oferta reduzida de carne bovina para 2026.
💡 Fatores que impulsionam o preço do bezerro
- Redução no ritmo de abate de fêmeas esperada para o próximo ciclo;
- Alta taxa de abate em 2025 (49,8% de vacas e novilhas) — o maior índice histórico, o que deve reduzir a oferta de bezerros nos próximos anos;
- Exportações recordes de carne bovina, sustentando a demanda e garantindo suporte aos preços;
- Mercado futuro otimista, com contratos precificando valorização da arroba a partir de novembro.
Ágio do bezerro frente ao boi gordo: maior nível do ano
Segundo o Farmnews, o ágio do bezerro frente ao boi gordo alcançou 36,3% em setembro, o maior valor de 2025 e o maior desde setembro de 2023. Esse diferencial reforça a escassez relativa da reposição diante do boi pronto para o abate, indicando início de um novo ciclo de alta.
Chuvas trazem novo fôlego ao campo
Além dos preços, o clima joga a favor. A volta das chuvas nas principais praças produtoras está melhorando as pastagens e reduzindo o abate de fêmeas, com tendência de oferta mais enxuta de boi gordo nos próximos meses. Isso abre espaço para valorização da arroba no final do ano.

“Essa melhora nos preços da reposição deve reduzir o estímulo para o abate de fêmeas daqui para frente. A tendência é que tenhamos menos fêmeas participando dos abates, o que leva a menor oferta futura de boi gordo”, destaca Duprat, da Scot Consultoria.
Perspectivas para o mercado
O ajuste no ciclo pecuário está em andamento. Segundo análise do Farmnews, mesmo com avanços tecnológicos e ganhos de produtividade, o ritmo de abate de fêmeas em 2025 foi superior à reposição natural, o que deve gerar menor oferta de bezerros nos próximos anos.
Assim, a tendência é de valorização gradual da categoria de reposição e ajuste positivo na arroba do boi gordo no médio prazo.
Opinião do especialista sobre o preço do bezerro
O zootecnista e diretor de conteúdo do Compre Rural, Thiago Pereira, avalia que o momento exige estratégia e visão de ciclo:
“O produtor que conseguir equilibrar caixa e planejamento tem hoje uma janela de oportunidade. Mesmo com uma relação de troca menos favorável, o cenário indica que os preços da arroba vão reagir, e quem investir em reposição agora pode capturar margens mais altas em 2026. O segredo está em acompanhar os sinais do ciclo e se antecipar ao mercado.”
A valorização do bezerro, aliada ao cenário climático favorável e à tendência de queda no abate de fêmeas, indica início de uma nova fase de valorização do ciclo pecuário. Embora a relação de troca ainda desafie o poder de compra, o cenário estrutural aponta para ganhos no médio prazo.
Para o pecuarista atento, o momento é de planejamento, retenção e investimento estratégico — com o olho no pasto e foco no futuro.
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