Preço do leite tem segunda queda consecutiva, até quando?

Recuo acumulado da “Média Brasil” da cotação em dois meses já é de 12%, em termos reais. Até quando o setor vai suportar essa queda no preço pago ao produtor?

Os preços do leite ao produtor recuaram pelo segundo mês consecutivo, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A “Média Brasil” líquida do preço do leite em agosto, referente à captação de julho, fechou a R$ 1,3466/litro, recuo de 4,25% frente ao mês anterior (ou de quase 6 centavos/litro), em termos reais (deflação pelo IPCA de julho/19).

Natália Grigol, pesquisadora do Cepea, lembra que as cotações do leite no campo iniciaram o movimento de baixa em julho, mas a queda acumulada nesses dois meses já é de 12%, em termos reais.

Ela explica que a queda se deve à pressão das indústrias, que tiveram suas margens espremidas no primeiro semestre, por conta dos altos preços da matéria-prima e das fracas negociações dos lácteos.

A pesquisadora observa que enquanto o preço do leite no campo acumulou consecutivas altas até junho, influenciados pela oferta limitada e pela grande concorrência entre laticínios, o repasse dessa valorização aos derivados foi dificultado, devido à estagnação econômica e ao consequente consumo enfraquecido.

Segundo ela, até o momento, o comportamento do mercado lácteo está bastante semelhante ao de 2017, com preços elevados no primeiro semestre, em decorrência da oferta reduzida de matéria-prima, e queda brusca na segunda metade do ano, após a recuperação do volume de leite (safra do Sul).

A diferença entre esses anos, diz ela, parece estar centrada no fôlego da recuperação da produção. “A saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo devem prejudicar a captação em 2019. Além disso, a safra do Sul foi menor neste ano porque as forrageiras de inverno foram prejudicadas pelo clima desfavorável.”

Os agentes entrevistados pelo Cepea comentam que a oferta continuou limitada em agosto.

“Para assegurar a matéria-prima, diminuir a ociosidade não planejada (que se traduz em custos) e manter seus shares de mercado, as indústrias continuam atuando com concorrência acirrada, o que impulsionou as cotações no mercado spot na primeira e segunda quinzenas de agosto.”

Fonte: CEPEA

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