
Arroba do boi gordo registra estabilidade no mercado físico e contratos futuros mostram leve prêmio; Pecuaristas seguram animais para evitar vendas por preços baixos
O preço da arroba do boi gordo segue movimentando o mercado brasileiro, com variações semanais moderadas, mas com perspectivas positivas para o segundo semestre do ano. Dados de mercado físico e contratos futuros indicam um cenário de estabilidade, enquanto analistas e pecuaristas ponderam riscos e oportunidades para os próximos meses.
Segundo o Indicador Cepea/ESALQ, a arroba do boi gordo à vista em São Paulo é negociada em torno de R$ 304,45, enquanto o preço a prazo alcança R$ 308,15/@. No mercado futuro da B3, contratos para novembro e dezembro de 2025 operam entre R$ 320,50 e R$ 324,90/@, demonstrando um prêmio consistente em relação ao mercado físico.
Apesar da relativa estabilidade, o mercado físico vem registrando pequenas oscilações semanais. Em algumas praças, a arroba recuou até R$ 2,00/@ na última semana, principalmente devido à oferta de animais provenientes de parcerias, que aumentam a disponibilidade no curto prazo e pressionam os preços.

Analistas destacam que a sustentação do mercado está fortemente atrelada às exportações de carne bovina. Segundo dados recentes, o ritmo de embarques em 2025 continua acima de 2024, o que garante suporte para as cotações internas.
“O mercado interno está pressionado, mas a demanda externa mantém margens saudáveis para frigoríficos e garante que os preços não recuem drasticamente”, afirma o consultor Geraldo Isoldi, da Terra Investimentos, que prevê possibilidade de valorização da arroba até R$ 350/@ caso a demanda global se mantenha firme.
Riscos e limitações à valorização
Nem todos os especialistas compartilham a mesma expectativa. Fernando Henrique Iglesias observa que, apesar do cenário positivo das exportações, a oferta elevada e o comportamento sazonal da demanda podem limitar a valorização. Para ele, o teto realista para o final de 2025 estaria entre R$ 330 e R$ 340/@.
Outros fatores que podem impactar o preço incluem:
- Câmbio e competitividade internacional: valorização do real pode reduzir a atratividade da carne brasileira no mercado externo.
- Custos de produção elevados: ração, pastagens e transporte pressionam as margens do pecuarista.
- Pressão da cadeia: os frigoríficos podem reter margens, limitando repasses de valorização ao produtor.
- Sazonalidade e comportamento do consumidor: variações regionais e feriados influenciam o consumo interno, enquanto a concorrência com outras proteínas, como frango e suínos, pode reduzir espaço de valorização da carne bovina.

Produtor reage e “trava a porteira”
Em diversas regiões, produtores têm adotado a estratégia de segurar animais para não vender por preços baixos, comportamento popularmente chamado de “travar a porteira”. Essa postura contribui para a estabilidade dos preços, apesar da pressão exercida por frigoríficos em busca de arrobas mais baratas.
Segundo levantamento da Compre Rural, o boi comum em São Paulo é negociado a R$ 305/@, enquanto animais com padrão China recebem ágio de R$ 3/@. Essa diferença reflete a valorização de animais voltados para exportação.
Especialistas em mercado futuro destacam sinais de alta consistentes, que podem se intensificar no último trimestre de 2025. Caso a combinação de oferta controlada, demanda externa firme e continuidade das exportações se confirme, a arroba do boi gordo poderá se aproximar do patamar de R$ 340 a R$ 350/@.
“A atenção deve se concentrar em fatores externos, como política cambial e barreiras comerciais, além do controle da oferta por parte dos produtores”, alerta Raphael Galo, da A7 Capital.
O mercado da arroba do boi gordo em 2025 mostra um cenário de equilíbrio, com pequenas oscilações de curto prazo e expectativas de valorização no médio prazo. Exportações fortes e estratégias de contenção de oferta pelos produtores são os principais elementos que sustentam os preços, enquanto custos elevados e possíveis mudanças no câmbio e na demanda externa representam os maiores riscos.
O comportamento do mercado nos próximos meses será decisivo para definir se a arroba alcançará os níveis recordes projetados por analistas ou se permanecerá estável em torno de R$ 320 a R$ 330/@.
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