
Esse cenário de elevação dos preços no mercado do boi gordo está diretamente relacionado à oferta reduzida de animais para abate e à pressão de custos enfrentada pelos pecuaristas. O mercado interno, por sua vez, está em alerta, considerando o apagão em SP.
O mercado físico do boi gordo continua a apresentar uma sequência de altas, rompendo a marca de R$ 305/@, segundo as principais consultorias que acompanham as praças pecuárias pelo país. Esse cenário de elevação dos preços está diretamente relacionado à oferta reduzida de animais para abate e à pressão de custos enfrentada pelos pecuaristas. O mercado interno, por sua vez, está em alerta, considerando os possíveis impactos no consumo e na economia do setor.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, mesmo com a entrada de animais confinados, a tendência de alta deve continuar no curto prazo. Ele destaca que “a valorização da arroba não deve perder tração”, principalmente devido à falta de oferta significativa de animais terminados a pasto. O segundo semestre, marcado pelo desgaste das pastagens, acentua essa escassez de animais disponíveis para abate.
Esse contexto é preocupante para as indústrias frigoríficas, que enfrentam dificuldades em manter escalas de abate confortáveis. Com estoques de carne relativamente curtos, as empresas seguem pressionadas, o que reforça a manutenção de preços elevados no mercado atacadista.
Preços no Atacado
O mercado atacadista segue firme, com perspectivas de alta no curto prazo. Os principais cortes bovinos, como o quarto traseiro, estão sendo negociados a R$ 23,00 por quilo. Outros cortes importantes, como o quarto dianteiro e a ponta de agulha, seguem cotados a R$ 18,00 e R$ 17,00 por quilo, respectivamente.
Esses preços elevados impactam diretamente o consumo interno, já que, ao final do mês, há uma tendência de queda no poder aquisitivo da população. Com menos dinheiro no bolso, a demanda por carne bovina pode reduzir, e os consumidores tendem a buscar alternativas mais baratas, como frango, peixe e ovos.
Impacto do Câmbio e Comportamento da Demanda
Além da oferta limitada, o câmbio também exerce influência no comportamento dos preços. O dólar comercial apresentou uma leve queda de 0,57%, encerrando a sessão a R$ 5,5816 para venda. Contudo, as flutuações cambiais podem dificultar ainda mais o cenário de exportação, pressionando o mercado interno a absorver essa carne com preços elevados.
Nos últimos meses, a demanda interna pela carne bovina tem ajudado a sustentar o movimento de alta, com os preços do boi gordo se aproximando da marca de R$ 300/@. No entanto, o final de mês traz consigo o risco de uma diminuição na procura, forçando a indústria a ajustar seus estoques e revisar as estratégias de preço.
Preços Regionais do Boi Gordo e Dinâmica do Boi-China
Para a Agência Safras, conforme divulgado em seu boletim diário, os preços da arroba do boi gordo estão da seguinte forma:
- São Paulo: R$ 306,00/@
- Goiás: R$ 288,00/@
- Minas Gerais: R$ 300,00/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 302,00/@
- Mato Grosso: R$ 271,00/@
A Scot Consultoria aponta que os preços do boi gordo no estado de São Paulo continuam estáveis, mas com uma tendência de alta, sendo negociados a R$ 297/@. A vaca gorda é cotada a R$ 265/@, enquanto a novilha gorda segue a R$ 285/@. Para o mercado de exportação, o boi-China está apregoado a R$ 300/@, com um ágio de R$ 3/@ sobre o animal destinado ao mercado interno.
Em um levantamento da Agrifatto, na última segunda-feira, o preço médio do boi gordo em São Paulo atingiu R$ 297,50/@, com o mercado em outras regiões também registrando aumentos significativos. Das 17 praças monitoradas, 13 registraram valorização, incluindo estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. A média nacional alcançou R$ 272,65/@, refletindo a pressão de alta em todo o território brasileiro.
Mercado Futuro: Sinais de Saturação?
No mercado futuro, a valorização do boi gordo também é uma realidade. Os contratos com vencimento para outubro/24 fecharam a R$ 304,90/@, marcando uma alta de 0,89%. Para novembro/24, o contrato foi cotado a R$ 302,40/@.
No entanto, alguns analistas da Agrifatto alertam para sinais de saturação no mercado futuro. Eles observam uma redução nas posições compradas por parte de pessoas físicas e uma diminuição nas posições vendidas por investidores institucionais. “Embora os preços de R$ 300/@ sejam uma realidade, a redução na exposição dos operadores evidencia uma cautela crescente”, afirmam.
Apagão Regional e Prejuízos no Varejo
Outro fator que prejudicou o mercado no início da semana foi a interrupção no fornecimento de energia elétrica na capital paulista. Após uma tempestade na última sexta-feira (11/10), diversos pontos de São Paulo ficaram sem luz, o que impactou diretamente as vendas de carne bovina no varejo. A falta de energia comprometeu a capacidade de conservação e venda dos produtos, prejudicando os negócios no setor.
Dessa forma, o rompimento da barreira dos R$ 305/@ para o boi gordo traz um cenário desafiador para o mercado interno e a indústria frigorífica. A oferta restrita, combinada com a pressão cambial e o comportamento da demanda, mantém o mercado em alerta. Embora a tendência de alta persista, tanto o mercado físico quanto o futuro começam a dar sinais de saturação, o que exige cautela dos investidores e dos pecuaristas nos próximos meses.
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