
Com esse volume – 35,7 bilhões de litros – o setor lácteo bate recorde histórico de produção de leite em 2024 com alta produtividade e destaque para municípios do Sul e Sudeste
A pecuária leiteira brasileira vive um momento de contrastes. Apesar da redução do número de vacas ordenhadas para o menor nível desde 1979, a produção nacional de leite alcançou em 2024 a marca de 35,7 bilhões de litros, um novo recorde histórico. O dado faz parte da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do IBGE, divulgada em setembro, que também aponta a movimentação de R$ 87,5 bilhões no setor.
Esse resultado reforça uma tendência de aumento de produtividade por animal, fruto de investimentos em tecnologia, genética, nutrição e manejo mais eficiente. Enquanto a produção subiu 1,4% em relação a 2023, o número de vacas ordenhadas caiu 2,8%, somando 15,1 milhões de cabeças.
Minas Gerais e Paraná puxam a produção de leite
De acordo com o levantamento, Minas Gerais se mantém como o estado mais representativo do setor, respondendo por cerca de 25% do total produzido no Brasil. O estado se destaca pelo volume absoluto de vacas ordenhadas e pela tradição de pequenas e médias propriedades familiares que sustentam a atividade.
No Sul, o destaque é o Paraná, onde a produtividade por vaca é superior à média nacional. O município de Castro (PR) liderou o ranking dos maiores produtores do país, com 484,4 milhões de litros em 2024, crescimento de 6,7% frente ao ano anterior. Na sequência, aparecem Carambeí (PR), com 293,1 milhões de litros, e Patos de Minas (MG), com 226,9 milhões.
Rebanho menor, mas mais eficiente
A queda no número de vacas ordenhadas reflete um processo de seleção genética e descarte mais rigoroso, apontam analistas. Segundo Mariana Oliveira, do IBGE, a redução do rebanho leiteiro está ligada ao ciclo da pecuária e ao abate maior de fêmeas nos últimos anos, incentivado pelos preços da arroba e do bezerro.
“Esse movimento acabou pressionando o número de animais disponíveis para a produção de leite, mas a eficiência cresceu, compensando a queda em efetivo”, explicou.
Especialistas destacam ainda que o setor tem se apoiado em tecnologias de ordenha robotizada, melhoramento de pastagens e uso de suplementos nutricionais, que permitem maior volume de leite por vaca. Esse avanço é visto como um passo fundamental para manter a competitividade do Brasil no mercado global de lácteos.
Preço pago ao produtor e impacto no campo
Em 2024, o preço médio do litro pago ao produtor foi de R$ 2,45, alta de 7,9% em relação ao ano anterior. Apesar do aumento, o setor enfrenta desafios com custos de produção, principalmente insumos como milho e soja para ração, que impactam a rentabilidade do produtor.
Produtores de Minas Gerais e Paraná afirmam que, embora o preço esteja mais atrativo, ainda há pressão por margens estreitas, sobretudo em pequenas propriedades. Já em grandes fazendas, o investimento em escala e tecnologia tem garantido ganhos consistentes.
Produção de leite: O que esperar para os próximos anos
A tendência, segundo especialistas, é de que a produção siga em crescimento sustentado, mas cada vez mais baseada em produtividade e eficiência, e não na expansão de rebanhos. O Brasil já figura entre os maiores produtores de leite do mundo, mas ainda enfrenta o desafio de agregar valor à produção, com derivados de maior qualidade e melhor inserção no mercado internacional.
Além disso, o avanço da recria intensiva e de sistemas de integração lavoura-pecuária podem reforçar ainda mais a competitividade da cadeia. Municípios como Castro e Carambeí se consolidam como modelos de referência, mostrando que a combinação de gestão eficiente, inovação e cooperativismo é o caminho para o futuro do leite brasileiro.
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