
Se o produtor rural mostrar sua rotina, contar sua história e usar a comunicação a seu favor, é possível transformar preconceitos, valorizar o trabalho no campo e reconquistar a confiança da sociedade
A imagem do agronegócio ainda enfrenta preconceitos e desinformação, mesmo em um país onde o setor é responsável por boa parte da economia e do abastecimento alimentar. Críticas sobre o uso de defensivos agrícolas, impactos ambientais e sustentabilidade se multiplicam, muitas vezes sem conhecimento de causa. Mas especialistas e o produtor rural defendem que essa narrativa pode ser transformada se o próprio agro assumir um papel ativo na comunicação.
Segundo palestrantes do MF Cast, evento voltado para debater os desafios do setor, cada produtor rural, agrônomo ou estudante tem à disposição uma ferramenta poderosa: o celular. Com ele, é possível mostrar o dia a dia da produção, explicar o manejo agrícola e reforçar a importância do agro para a sociedade. “Enquanto não entendermos que podemos gerar conteúdo e mostrar nosso trabalho, não conseguiremos mudar a percepção pública”, afirmou um dos debatedores.
Do reativo ao proativo: contar a própria história
O problema, segundo ele, é que o agro tradicionalmente reage às críticas em vez de assumir uma postura proativa. “Muitas vezes ficamos tentando rebater comentários negativos, mas isso não muda a narrativa. O produtor precisa ocupar os canais digitais, contar sua própria história e mostrar a realidade por trás da produção”, explicou. Um exemplo claro é o café: enquanto o consumidor consome a bebida diariamente, raramente conhece a origem do produto ou os cuidados do agricultor. Mostrar esses detalhes cria conexão e valoriza o trabalho do campo.
Outro desafio é a percepção sobre o uso de defensivos agrícolas. Hoje, o Brasil é referência mundial na utilização de bioinsumos e soluções sustentáveis, mas muitos ainda acreditam que o agro utiliza químicos por escolha. Na realidade, o manejo orgânico ainda é caro e inviável em larga escala. “Não é questão de querer usar agrotóxicos, mas de garantir produtividade e qualidade sem comprometer a segurança alimentar”, disse o palestrante. Além disso, produtos 100% orgânicos teriam custo final elevado e produção insuficiente para atender toda a população, tornando o tema um desafio tanto econômico quanto social.
O produtor rural como comunicador
A comunicação também precisa combater a ideia de que o produtor rural é “fechado” ou distante. Historicamente, o agro teve pouco espaço na mídia tradicional e muitas vezes foi retratado de forma equivocada. Hoje, a internet muda esse cenário: cada celular é uma ferramenta de comunicação, capaz de alcançar milhares de pessoas.
Um story que atinge 200 pessoas, quando multiplicado por centenas ou milhares de produtores, gera um impacto enorme. E se um vídeo viralizar, mesmo contas pequenas podem alcançar milhões de pessoas.
Agir agora significa definir o futuro do agro
O recado é claro: a responsabilidade de mudar a percepção do agro está nas mãos de quem vive o setor diariamente. “Se o produtor se mostrar, se comunicar e contar sua própria história, o jogo vira. Não podemos esperar que outros falem por nós. A internet nos dá a oportunidade de conectar campo e cidade, mostrar o valor do trabalho rural e gerar confiança na sociedade”, concluiu o especialista.
Mais do que uma questão de marketing, a comunicação ativa é uma estratégia de sobrevivência e valorização do setor. Ela garante que a população compreenda o impacto positivo do agro, reconheça a inovação tecnológica presente nas lavouras e entenda que sustentabilidade e produtividade podem caminhar juntas. Para o setor, agir agora significa não apenas se defender, mas também definir o futuro do agro no Brasil e no mundo.
Escrito por Compre Rural com informações do MF Cast.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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