TJ decide que grãos de soja não são bens de capital e revoga blindagem destes na recuperação judicial; O colegiado entendeu que os produtos agrícolas não são considerados bens de capital e, por isso, não devem ser protegidos pelo “stay period”.
A Segunda Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) tomou uma decisão importante ao revogar a proteção especial concedida ao Grupo Tisott, responsável por uma das maiores recuperações judiciais do setor agrícola no estado. No último dia 27, o colegiado decidiu que grãos de soja não podem ser classificados como bens de capital, e, portanto, não têm direito à proteção do “stay period”, que é uma suspensão das ações de cobrança contra empresas em recuperação judicial (RJ).
A “reviravolta” no caso e, ainda, um impacto para futuras decisões envolvendo a recuperação judicial no país, teve início quando uma das credoras do Grupo Tissot, contestou a decisão, argumentando que a proteção concedida à soja, que deveria ser entregue conforme uma Cédula de Produto Rural, prejudicava seus direitos.
O Grupo Tisott, que inclui as empresas Maluá Transportes Eirelli e Novosolo Agronegócio Ltda., e é liderado pelos empresários Cesar Augusto Tisott e Cristina Leandra Brum Tisott, havia solicitado a recuperação judicial após acumular uma dívida de R$ 122.165.526,76. Inicialmente, o juiz Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, da 4ª Vara Cível de Rondonópolis, concedeu uma antecipação dos efeitos da blindagem, suspendendo as ações de execução contra o grupo.
Produtos agrícolas perdem “blindagem” na RJ
A Agrex do Brasil Ltda., uma das credoras do grupo, contestou a decisão, argumentando que a proteção concedida à soja, que deveria ser entregue conforme uma Cédula de Produto Rural, prejudicava seus direitos. A empresa ajuizou uma ação para apreender o produto adquirido, mas o processo foi suspenso pela decisão inicial.
TJ decide que grãos de soja não são bens de capital e revoga blindagem de grupo
A desembargadora Marilsen Andrade Addário, relatora do recurso, ressaltou que, após uma análise mais detalhada, os grãos de soja não podem ser classificados como bens essenciais à atividade empresarial. Ela explicou que, de acordo com o § 3º do artigo 49 da Lei nº 11.101/2005, a proteção oferecida pela recuperação judicial não se aplica a produtos agrícolas. A relatora também destacou que o crédito cobrado era extraconcursal, o que significa que não estava sujeito aos efeitos da recuperação judicial.
A desembargadora argumentou que permitir a proteção de bens como grãos de soja poderia resultar em prejuízos significativos caso os produtos fossem rapidamente vendidos após a colheita. Ela enfatizou que a recuperação judicial não deve servir como um “escudo protetivo ilimitado” e que a empresa deve manter sua capacidade econômico-financeira para cumprir o plano de recuperação e saldar os créditos extraconcursais.
Preocupação com o aumento dos pedidos de RJ no setor agro
A decisão do TJMT reflete uma crescente preocupação com o aumento dos pedidos de recuperação judicial no setor agrícola. A utilização abusiva das medidas de proteção pode comprometer não apenas os credores, mas também a saúde financeira do setor como um todo.
A necessidade de uma análise criteriosa sobre a aplicação do “stay period” e a capacidade das empresas de atender às suas obrigações financeiras é crucial para assegurar que a recuperação judicial cumpra seu papel de revitalização sem prejudicar o equilíbrio econômico do setor.
Veja abaixo o Acórdão:
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.
Argentina: exportação da agroindústria alcança US$ 4,175 bi em novembro (+ 25%)
Exportações do agronegócio argentino crescem 25% em novembro, com forte alta em trigo, soja, arroz e cevada, alcançando o melhor resultado em 10 anos.
Continue Reading Argentina: exportação da agroindústria alcança US$ 4,175 bi em novembro (+ 25%)
Taxa de desocupação chega a 5,2%, a menor desde 2012
Taxa de desemprego cai para 5,2% e atinge o menor nível desde 2012. Brasil bate recorde de ocupação, com 103,2 milhões de pessoas trabalhando.
Continue Reading Taxa de desocupação chega a 5,2%, a menor desde 2012
ANP: preço do etanol sobe em 19 Estados e no DF, cai em 3 e fica estável em 3
Preço do etanol sobe na maioria dos Estados, segundo a ANP. Veja onde houve maior alta, queda e os valores médios por região.
Continue Reading ANP: preço do etanol sobe em 19 Estados e no DF, cai em 3 e fica estável em 3
Rússia: SovEcon eleva estimativa de exportação da safra 2025/26 de trigo
Exportações russas de trigo devem alcançar 44,6 milhões de toneladas em 2025/26, impulsionadas por forte demanda, margens positivas e ritmo recorde.
Continue Reading Rússia: SovEcon eleva estimativa de exportação da safra 2025/26 de trigo
Vaca holandesa é vendida por R$ 6,7 milhões, um símbolo da “genética milionária” no leite
A vaca holandesa Missy, do Canadá, foi arrematada por US$ 1,2 milhão – cerca de R$ 6,7 milhões – e entrou para a história ao unir pista, produção e um mercado global de embriões que não para de crescer
ANP: etanol é mais competitivo em relação à gasolina apenas em Mato Grosso do Sul
Etanol só foi competitivo frente à gasolina em um Estado no fim de dezembro. Em MS, paridade ficou em 67,23%, segundo dados da ANP.
Continue Reading ANP: etanol é mais competitivo em relação à gasolina apenas em Mato Grosso do Sul





