
Com a promessa de diminuir a importação de fertilizantes e impulsionar a economia local, o projeto em Autazes pode transformar o Brasil em um dos maiores produtores de potássio do mundo.
O Brasil está a caminho de reduzir sua dependência de potássio importado com um ambicioso projeto liderado pela empresa canadense Brazil Potash Corp.. Este empreendimento bilionário prevê a construção de uma mina no município de Autazes, no estado do Amazonas, que poderá reduzir em 20% a dependência brasileira de potássio importado, um insumo vital para o setor agrícola.
Atualmente, o Brasil importa cerca de 95% do potássio que consome, principalmente de países como Canadá, Rússia e Bielorrússia. Com a previsão de produção local a partir de 2028, o projeto promete fortalecer a independência do país no mercado de fertilizantes.
Contexto e Importância do Potássio para o Brasil
A agricultura brasileira é um dos pilares da economia nacional, e o potássio é essencial para a produção de adubos do tipo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), utilizados em várias culturas, especialmente na produção de grãos no Centro-Oeste. O país, no entanto, é extremamente dependente da importação deste mineral, com 95% do seu consumo sendo proveniente de outros países.
No primeiro semestre de 2024, o Brasil importou aproximadamente 7 milhões de toneladas de potássio, e a expectativa é de que esse número alcance 12 milhões de toneladas até o final do ano. Com a demanda crescente e os riscos de oscilações no mercado internacional, o projeto em Autazes surge como uma solução estratégica para reduzir essa vulnerabilidade.
O Projeto de Autazes: Detalhes e Impacto Econômico
O projeto da Brazil Potash Corp. envolve um investimento de R$ 13,7 bilhões e promete criar um impacto econômico significativo na região e no país. Durante a fase de construção da mina, que deve ocorrer até 2028, o projeto gerará cerca de 2,6 mil empregos diretos e 17 mil empregos indiretos. Quando em operação, o empreendimento deverá manter 1,3 mil postos de trabalho.
A mina de Autazes terá a capacidade de produzir 2,2 milhões de toneladas anuais de cloreto de potássio (KCl), e sua vida útil é estimada em 23 anos. Essa produção permitirá que o Brasil substitua parte das suas importações e aproveite uma reserva de potássio subterrânea que é estimada em 800 milhões de toneladas, posicionando o país entre os dez maiores detentores de reservas desse mineral no mundo.
Licenciamento e Desafios Ambientais do Projeto em Autazes
Apesar do grande potencial econômico, o projeto em Autazes enfrentou desafios jurídicos e ambientais. Inicialmente, a emissão da licença de instalação foi bloqueada por uma decisão judicial, que determinava que a responsabilidade pelo licenciamento seria do Ibama. No entanto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região reverteu a decisão, permitindo que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) emitisse a licença.
Um dos principais pontos de contestação era o impacto do projeto sobre as comunidades indígenas locais, especialmente o povo Mura. Após debates e ajustes no projeto, a Brazil Potash comprometeu-se a cumprir 333 condicionantes ambientais, e representantes indígenas aprovaram a iniciativa em assembleia, mitigando assim as preocupações iniciais.
Logística e Infraestrutura
Para viabilizar o escoamento da produção de cloreto de potássio, a empresa planeja construir um terminal portuário privado próximo ao rio Urucurituba, o que facilitará o transporte fluvial do mineral. Além disso, estuda-se a possibilidade de utilizar o rio Tapajós e a rodovia BR-163 para a distribuição até os mercados consumidores no Centro-Oeste. A logística robusta será crucial para garantir a eficiência do transporte do potássio até as principais áreas agrícolas do Brasil.
Perspectivas Futuras e Financiamento
Para financiar as próximas fases do projeto, a Brazil Potash entrou com um pedido de oferta pública de ações (IPO) na Bolsa de Valores de Nova York, buscando levantar US$ 150 milhões (R$ 819 milhões). Esses recursos serão destinados à conclusão dos trabalhos de engenharia, aquisição de terras adicionais e cumprimento dos acordos com as comunidades indígenas.
A expectativa é que as obras de construção da mina comecem ainda em 2024, com a conclusão prevista entre 36 e 42 meses. A entrada em operação está prevista para 2028 ou início de 2029.
Dessa forma, com a instalação da mina em Autazes, o Brasil dá um passo importante para reduzir sua dependência de fertilizantes importados, especialmente o potássio, essencial para o setor agrícola. O projeto, além de fortalecer a independência nacional nesse insumo, promete impulsionar a economia local e criar milhares de empregos. Apesar dos desafios ambientais e sociais enfrentados, a Brazil Potash parece ter encontrado um caminho para conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação das comunidades locais e do meio ambiente.
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