Prova Canchim 2025 eleva padrões de eficiência e sustentabilidade na pecuária brasileira

Canchim avança na vanguarda da pecuária: Prova PCAD/TEA Nacional define padrões de desempenho, eficiência e sustentabilidade no Brasil; evento final e revelação dos campeões será no final de novembro

A Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN) está finalizando a 15.ª PCAD/TEA Nacional da raça Canchim – Edição 2025, realizada no Instituto de Zootecnia (IZ) em Sertãozinho (SP). As avaliações decorrem ao longo de todo o segundo semestre de 2025 sob coordenação das pesquisadoras Cintia Righetti Marcondes (Embrapa Pecuária Sudeste), Roberta Carrilho Canesin (IZ) e do médico-veterinário especialista em produção de ruminantes Pedro Meirelles (ESALQ/USP, sócio da Fertility Farm).

Ao longo de todo o semestre, os animais participam de uma bateria de testes com ênfase em eficiência produtiva, adaptação ambiental e novos indicadores de sustentabilidade. Entre as avaliações, destaca-se mais uma vez o Teste de Eficiência Alimentar (TEA) — já aplicado há seis anos consecutivos à raça —, com 22 machos inscritos nesta edição. Dando continuidade aos testes de fertilidade, este ano participaram 12 fêmeas provenientes de seis criatórios de diferentes estados brasileiros, que passam por protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) para avaliar fertilidade e precocidade reprodutiva.

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Foto: Roberta Canesin

Além disso, ganha destaque especial nesta edição a coleta de metano entérico nos machos participantes, por meio de protocolo avançado: uso de cangas, tubos nas narinas e captura de eructações por 24 horas ao longo de cinco dias, seguida de cromatografia para quantificação de CH₄ — técnica alinhada com os avanços conduzidos pela Embrapa Gado de Corte e pelo IZ de Sertãozinho em termos de mensuração contínua em terminação.

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Foto: Marcio Peruchi

A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste e responsável pela prova, Cintia Marcondes, destacou a importância do trabalho. “A evolução do Canchim, desenvolvido na Embrapa, foi possibilitada pela incorporação contínua de tecnologias, o que fortaleceu suas características naturais. A obtenção desses dados é o passo que faltava para completar o balanço de emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou a pesquisadora.

Ao término, os resultados incluirão índices como:

  • Ganho médio diário (GMD);
  • Consumo de matéria seca (CMS) durante o teste;
  • Emissão de metano (g CH₄ por quilo de ganho);
  • Peso metabólico no meio do teste;
  • Consumo alimentar residual (CAR).

Os animais serão classificados em cinco categorias: Elite, Superior Plus, Superior, Cruzador e Inferior. Os campeões serão conhecidos no próximo dia 28 de novembro, na grande final.

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Foto: Marcio Peruchi

Evolução técnica da raça Canchim

A ampla oferta de fêmeas F1 Angus/Nelore no país tem aberto espaço para que o Canchim se consolide como uma das melhores alternativas nos sistemas modernos de cruzamento industrial. A raça se destaca especialmente na produção de animais precoces e adaptados a sistemas intensivos de terminação, entregando desempenho superior e regularidade de carcaça. Como opção para uso sobre matrizes F1 Angus x Nelore, o Canchim tem se mostrado extremamente eficiente, oferecendo equilíbrio entre ganho de peso, rusticidade e qualidade produtiva.

O coordenador do programa Embrapa/Geneplus, Maury Dorta Júnior, destacou a importância das avaliações morfológicas. “O trabalho de avaliação morfológica da raça Canchim tem o objetivo de ser o mais completo possível… avaliamos a parte funcional, aprumos, correção do umbigo, qualidade de pelo, pigmentação, score de carcaça. A nota racial, oriunda desse conjunto, é muito importante para pontuarmos exatamente o que cada animal é, e buscar o tipo de animal completo e moderno” – ressaltou Maury.

Já o inspetor técnico da raça, Ricardo Palleta, destacou. “Durante todo o ano, nós selecionamos os melhores animais – entre machos e fêmeas – para serem avaliados aqui no IZ de Sertãozinho, … agora nós estamos avaliando a cabeceira da cabeceira, almejando tirar animais ícones da raça, modernos, evoluídos que tenham desempenho superior em todos os aspectos” – afirmou Palleta.

A raça Canchim combina desde avaliação genética, fenotípica e de eficiência, até critérios de sustentabilidade — como a mensuração de metano —, evidenciando o avanço técnico da raça sempre buscado pela associação.

Importância da raça Canchim para a pecuária brasileira

A Canchim é uma raça sintética – resultante do cruzamento entre sangue taurino (Charolês) e zebuíno – desenvolvida para oferecer desempenho, adaptação às condições tropicais brasileiras e qualidade de carcaça. Ela reúne atributos como ganho de peso elevado, alto rendimento de carcaça, precocidade sexual e boa adaptabilidade a pastagens.

Em edições recentes da prova — e agora nesta edição — tais atributos são aferidos com ainda mais rigor. Conforme levantamento de 2025, os exemplares Canchim inscritos se destacam não apenas pela performance produtiva, mas também por critérios de eficiência alimentar e menor impacto ambiental.

Os criadores, representados pela presidente da raça, Kika Ribeiro, reforçam um compromisso cada vez mais claro com a produção sustentável. A combinação entre avaliações de desempenho, eficiência alimentar e mensuração precisa das emissões de metano demonstra que a seleção atual busca animais capazes de entregar maior produtividade com menor impacto ambiental.

“Essa convergência entre genética, tecnologia e responsabilidade ambiental tem permitido que a raça avance rumo a um modelo pecuário alinhado às exigências contemporâneas, em que sustentabilidade, eficiência e qualidade deixam de ser metas isoladas para se tornar parte central do processo seletivo” – evidenciou Kika.

Essa conjunção de atributos torna a Canchim um componente estratégico para pecuária de corte no Brasil, especialmente em cenários onde a demanda por carne com menor ciclo, maior produtividade e menor emissão de gases de efeito estufa se torna cada vez mais relevante.

A prova (PCAD/TEA 2025) reforça essa vocação, ao incorporar testes de fertilidade das fêmeas, eficiência alimentar dos machos e mensuração de metano, tornando-se uma ferramenta técnica de vanguarda para a seleção da raça.

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