No rodeio, oito segundos podem valer uma fortuna, mas para chegar lá, é preciso uma vida inteira de treino e coragem; Descubra quanto faturam os peões de rodeio
O portão se abre. O touro dispara. O peão, grudado na corda americana, encara oito segundos que podem mudar a sua vida. Para o público, é pura emoção. Para quem está na arena, é profissão, paixão… e também negócio. Na 70ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, que este ano distribuirá R$ 1,4 milhão em prêmios, o trabalho de cada competidor é avaliado não apenas pelo desempenho, mas pelo impacto econômico que ele gera para o evento e para o setor de rodeios no Brasil.
Desse montante, R$ 382,5 mil serão destinados aos vencedores do 32º Barretos International Rodeo, etapa internacional que atrai competidores de vários países e coloca Barretos no radar mundial do esporte. Trata-se de um patamar raro de premiação no Brasil, onde a maior parte dos rodeios paga cifras muito menores.
Barretos: mais que festa, um motor econômico
O rodeio brasileiro movimentou R$ 9 bilhões em 2024, de acordo com a Confederação Nacional de Rodeios (CNAR). Barretos, com seu parque de exposições, shows de grandes artistas e competições de alto nível, é o epicentro dessa indústria.
Durante os dias de evento, a cidade de pouco mais de 120 mil habitantes recebe centenas de milhares de visitantes, impulsionando setores como hotelaria, gastronomia, transporte, comércio e serviços.
Patrocinadores de peso, desde fabricantes de chapéus e botas até montadoras e bancos, veem no rodeio uma plataforma de marketing que conecta diretamente com o público do agronegócio e do interior brasileiro. É por isso que, ao lado da arena, há uma estrutura de negócios tão robusta quanto o espetáculo.
Quanto ganha um peão de rodeio?
O presidente da Liga Nacional de Rodeio (LNR), Marcos José Abud Wohnrath, explica que os competidores recebem uma remuneração fixa por diárias, R$ 200 por dia, paga independentemente de continuarem ou não na disputa até o fim. Isso garante que o peão tenha alguma segurança financeira mínima durante o evento.
Mas o verdadeiro salto no faturamento vem dos prêmios e patrocínios. Segundo Wohnrath:
“Dividindo os ganhos mensalmente, um peão ganha, em média, R$ 20 mil por mês. Mas claro, isso é uma estimativa mais baixa. Os grandes campeões recebem muito mais, combinando premiações, contratos de patrocínio e outros prêmios, como carros e caminhonetes.”
Nos rodeios menores, a realidade é outra: há eventos em que o campeão leva R$ 2 mil. Já nas grandes competições, como a Liga Nacional de Rodeio, o vencedor em 2024 faturou R$ 100 mil, enquanto o campeão do rodeio internacional levou R$ 200 mil.
Premiações por modalidade no Barretão 2025
As cifras deste ano em Barretos mostram a força econômica de cada categoria:
- Team Penning – R$ 392 mil
- Cutiano – R$ 186 mil
- Ranch Sorting – R$ 174 mil
- Team Roping – R$ 120 mil
- Três Tambores – R$ 110 mil
- Sela Americana – R$ 14 mil
- Bareback – R$ 14 mil
- Rodeio Júnior – R$ 10 mil
O Team Penning, prova de habilidade e velocidade com gado em trio, lidera como a mais bem paga da festa, ultrapassando com folga as premiações tradicionais de montaria.
Do interior paulista para o mundo
O rodeio brasileiro, apesar de expressivo, ainda não alcança o gigantismo financeiro dos Estados Unidos. Lá, apenas o Houston Rodeo movimentou US$ 600 milhões (R$ 3,2 bilhões) em 2024, valor superior ao faturamento anual de todo o circuito nacional brasileiro.
Mas Barretos e a LNR funcionam como vitrine internacional. O campeão da LNR garante vaga direta na semifinal do The American Rodeo, em Dallas, Texas, ficando a quatro montarias do prêmio principal. O segundo e o terceiro colocados também viajam, mas precisam vencer seis montarias para chegar à final.
O The American Rodeo distribuiu US$ 2,3 milhões em prêmios fixos em 2025. O campeão da montaria em touros, Tristan Hutchings, faturou US$ 120 mil (R$ 653 mil). Existe ainda o cobiçado bônus milionário: se não for conquistado em um ano, acumula para o próximo. Como ninguém levou em 2025, em 2026 o valor pode chegar a US$ 2 milhões.
O Barretão é mais do que festa. É um negócio milionário, um polo de oportunidades e uma vitrine internacional para o talento brasileiro no rodeio. Os prêmios milionários, os contratos de patrocínio e a possibilidade de competir no exterior transformam a arena em um trampolim para carreiras meteóricas.
Para o público, é tradição, cultura e emoção. Para o peão, é profissão, risco e oportunidade. E, no fim, a lição é clara: no rodeio, oito segundos podem valer uma fortuna, mas, para chegar lá, é preciso uma vida inteira de treino, coragem e persistência.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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