
Com fome e sede, gado morre atolado na lama na seca extrema da Amazônia. Segundo os dados levantados até o momento, mais de 150 animais já morreram na região; Veja abaixo!
A seca extrema que atinge a Amazônia está matando vacas e bois em áreas rurais de vários municípios, causando prejuízo especialmente a pequenos pecuaristas da região que, neste cenário, estão deixando a atividade e vendendo suas terras para os produtores rurais com maior capital e condições de sobreviver na atividade. “É uma seca anômala, e de fato só está começando. Então ela pode ficar ainda pior”, atesta Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam e coordenadora do Mapbiomas Fogo.
A falta de chuvas levou os reservatórios a praticamente secarem, assim como acabou com pasto dos animais. Com fome e sede, o gado busca reservatório com resto de água e acaba morrendo atolado nesses locais onde tentam amenizar o calor.
Os animais vão atrás de água nos bebedouros que viraram lama, mas atolam e ficam lá porque não têm força. Se o produtor não for puxar num cavalo ou com carro, ele não sai porque está desidratado, trava com câimbras e não consegue sair, contou Jucilene Cavali, pecuarista e professora de zootecnia da UFRO (Universidade Federal de Rondônia).
A situação é crítica. Na fazenda da família Cavali, em Ariquemes, região central de Rondônia, três animais já morreram. O pasto, que em outras secas ficaram secos, mas ainda servia para alimentação do gado como um feno (capim seco), agora “quebrou”. “Não tem mais pasto”, diz.
“A seca dessa vez”, diz, “veio com uma intensidade nunca vista no local”.
Estamos vivendo um período atípico econômico e ambiental. Está ocorrendo uma seca maior que o esperado, e ninguém estava preparado para isso. Muitos animais estão morrendo., afirmou Jucilene Cavali.
Segundo José Marengo, climatologista e coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a seca em setembro é algo inédito na Amazônia, que em regra encara suas estiagens no verão.
Conforme apontou Marengo, “temos visto eventos cada vez mais extremos. Como exemplos, as ondas de calor e as chuvas intensas em poucos dias. São sinais de que o aquecimento global está alterando bastante todas as situações do El Niño. Estão aparecendo coisas sem precedentes, como essa seca de primavera. Isso dificulta prever o que ocorrerá”.

Ração só para quem tem dinheiro
Jucilene diz que a única forma de manter o gado vivo é comprando ração, mas que pelo alto valor desses alimentos (que subiram de preço este ano), os pequenos pecuaristas estão deixando de alimentar vacas e bois.
Diante do cenário, ela diz que os donos de pequenos rebanhos já estão apelando para venda de seus terrenos a empresários ricos, como aqueles gigantes produtores de soja — que têm recursos mesmo em períodos de extremo climático.

Para Jucilene Cavali. ele faz isso porque não consegue se sustentar, mas vende barato pela desvalorização do terreno. Ou seja, acaba expulso da terra, e aumenta a concentração de território. Além de todo o contexto, esses pequenos produtores estão endividados com os bancos. “Agora estariam começando a pagar esses empréstimos, mas não tem como pagar porque não há como vender animais”, conta Cavali.

Um problema se torna ainda mais grave porque os meses de setembro e outubro são historicamente os de melhores preços para venda do gado, mas esse ano, houve uma queda. Segundo Jucilene, em 2022 a arroba (15 quilos) do animal estava valendo entre R$ 210 e 240, agora os valores não passam de R$ 170 (fêmea) e 180 (macho). “Para ter ideia, eu paguei R$ 2,6 mil por bezerro, e agora ele está valendo R$ 1,9 mil como boi na hora de vender. Ele não está nem se pagando”.

Mortes no Pará
Em Bom Jesus do Tocantins (PA), a Defesa Civil estima em torno de 120 cabeças de gado já mortas desde o agravamento da estiagem, a partir da segunda quinzena de setembro.
Nandiel Nascimento, coordenador da Defesa Civil municipal, afirma que a situação é semelhante em toda a região, que tem registrado índices de chuva insuficiente para renovar a pastagem. “Sem alimento, o gado acaba ficando bastante fraco. Depois de ficar debilitado, eles não conseguem mais se recuperar e morrem”, afirmou o coordenador.
Segundo ele, pecuaristas têm relatado que há seca total em igarapés, o que é algo muito raro. “Até aqueles reservatórios feitos por escavação para armazenar a água da chuva também secaram”, relata.
A esperança dos produtores é que as chuvas voltem a cair no fim do mês. Como única alternativa agora, os que têm recursos estão comprando suplementação mineral. Mas os pequenos pecuaristas não têm condição de comprar ração e manter o gado confinado.
“Infelizmente, eles apelam para o corte de alguns capins, que a gente chama aqui, para tentar fazer uma ração misturada com cana, milho, macaxeira, mas infelizmente não é suficiente” afirmou Nascimento.
As informações são do Carlos Madeiro, Colunista da Uol
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