
Apesar da retração, exportações de ovos seguem em patamar elevado e os Estados Unidos continuam liderando a demanda pela proteína brasileira
O mercado brasileiro de ovos registrou, em julho, um fato inédito no ano: a primeira queda no volume exportado em 2025, interrompendo a sequência de altas que vinha sendo observada desde janeiro. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), mostram que o Brasil embarcou 5,26 mil toneladas de ovos in natura e processados, volume 20% menor que o registrado em junho. Apesar da retração, o número ainda representa um salto de 305% em relação a julho de 2024.
O principal fator para essa desaceleração foi a redução de 31% nas compras feitas pelos Estados Unidos, que, mesmo assim, seguem como o maior destino da proteína brasileira.
Desempenho nas exportações de ovos e impacto da tarifa dos EUA
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de ovos para o mercado norte-americano somaram 3.774 toneladas em julho, movimentando US$ 7,5 milhões. No mês anterior, o volume havia sido de 5.466 toneladas, com receita de US$ 11,4 milhões.
O recuo ocorre em meio à aplicação de tarifas adicionais impostas pelos EUA, que impactam parte dos produtos do agronegócio brasileiro. Entretanto, para a ABPA, o movimento de queda é visto como “sazonalidade mensal”, e não há, por enquanto, previsão de redução estrutural nos embarques, já que a demanda norte-americana segue aquecida devido à escassez interna.
Balanço do ano ainda é positivo
Mesmo com a desaceleração de julho, o desempenho anual das exportações de ovos continua expressivo. Entre janeiro e julho de 2025, o Brasil exportou 30,1 mil toneladas de ovos, aumento de 207,3% frente ao mesmo período do ano passado. A receita acumulada no período chegou a US$ 20,94 milhões, alta de 232,2%.
Os principais destinos no acumulado do ano foram:
- Estados Unidos – 18.976 toneladas (+1.419%) e receita de US$ 40,7 milhões (+1.769%);
- Chile – 2.562 toneladas (-27,9%) e US$ 7,53 milhões;
- Japão – 2.019 toneladas (+175,2%) e US$ 4,68 milhões (+163,3%).
Mercado interno reage com alta de preços
No cenário doméstico, o início de agosto foi marcado por alta nas cotações dos ovos na maioria das regiões monitoradas pelo Cepea. O movimento foi impulsionado pelo fim das férias escolares, que reaqueceu a demanda, e pelo início do mês, quando há maior disponibilidade de renda entre os consumidores.
Em contrapartida, o setor ainda carrega os efeitos das oscilações de preços registradas ao longo do primeiro semestre. Em junho, por exemplo, os valores chegaram ao menor patamar diário do ano em importantes polos produtores, resultado de estoques elevados e ritmo mais lento nas vendas. Em algumas regiões, como Recife e Minas Gerais, o recuo superou 12% em apenas dez dias.
Perspectivas
Para os próximos meses, a expectativa é de que o mercado siga com exportações em nível elevado, sustentadas principalmente pela demanda externa, mas com atenção aos possíveis desdobramentos das tarifas impostas pelos EUA e à recuperação de mercados que ainda não reverteram totalmente restrições, como alguns países da Europa, após casos de gripe aviária. No mercado interno, o ajuste na oferta e o aumento sazonal do consumo podem sustentar os preços, favorecendo a rentabilidade dos produtores.
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