
Entretanto, apesar do sucesso inicial, o ‘Rei da Maçã’ enfrentou crises financeiras severas que levaram a um pedido de recuperação judicial em 2018. A situação se agravou ao ponto de, em abril de 2024, a Pomi Frutas informar o mercado sobre seu pedido de autofalência.
A trajetória de uma das maiores empresas brasileiras do setor de frutas chega ao fim de forma melancólica. “Rei da Maçã”, que chegou à Bolsa, terá bens leiloados após falência. A Pomi Frutas, antiga Renar Maçãs, com sede em Fraiburgo (SC), reconhecida por ser uma das principais exportadoras de maçãs do Brasil e que já chegou a negociar ações na Bolsa de Valores, terá seus bens leiloados após um pedido de autofalência, marcado por desafios financeiros e climáticos.
A ascensão e queda da Pomi Frutas
Fundada na cidade de Fraiburgo, um polo da produção de maçã em Santa Catarina, a Pomi Frutas, sob a marca Renar Maçãs, conquistou o mercado internacional, sendo uma referência em exportação de frutas. Em seu auge, a empresa fez história ao negociar suas ações na Bolsa de Valores, tornando-se uma das poucas companhias do setor agrícola a alcançar tal feito. Entretanto, apesar do sucesso inicial, a empresa enfrentou crises financeiras severas que levaram a um pedido de recuperação judicial em 2018.
A recuperação judicial foi uma tentativa de reverter a crise, mas a empresa não conseguiu efetivar sua reestruturação. A situação se agravou ao ponto de, em abril de 2024, a companhia informar o mercado sobre seu pedido de autofalência.
Impactos climáticos e a falência
A Pomi Frutas, já fragilizada financeiramente, foi profundamente afetada por eventos climáticos que comprometeram sua capacidade de produção. Em 2023, a região de Fraiburgo foi duramente atingida por chuvas intensas e tempestades de granizo, resultado dos efeitos do fenômeno climático El Niño.
O impacto sobre a colheita foi devastador: a safra 2023/2024, que esperava atingir 4.000 toneladas, resultou em apenas 1.427 toneladas, uma redução de mais de 64%. Além disso, quase 68% dessa produção foi vendida a preços muito abaixo das expectativas, agravando ainda mais a crise.
A empresa registrou um faturamento de apenas R$ 2,3 milhões em 2024, valor insuficiente para cobrir suas obrigações financeiras e esgotando totalmente seus estoques. Esses fatores culminaram na decisão de pedir autofalência, já que a situação econômico-financeira se tornou insustentável.
Leilão dos bens da Pomi Frutas
Com a falência declarada, os bens da Pomi Frutas serão leiloados por determinação judicial. O patrimônio a ser liquidado inclui uma ampla gama de ativos, como equipamentos industriais, maquinário agrícola, veículos, itens de escritório e imóveis. A avaliação desses bens está em curso, sendo realizada por meio de perícia judicial, que determinará o valor de mercado dos itens. O leilão será organizado pela Positivo Leilões, em data a ser definida, e o montante arrecadado será destinado ao pagamento das dívidas com credores.
No momento do pedido de recuperação judicial, a empresa acumulava um passivo de R$ 51 milhões, valor que refletia a profundidade da crise enfrentada pela Pomi Frutas. Embora tenha conseguido reverter temporariamente a falência em 2020, com um novo plano de reestruturação, as adversidades climáticas e econômicas acabaram por selar o destino da companhia.
O legado da Empresa
A Pomi Frutas, outrora Renar Maçãs, deixa um legado importante na história da fruticultura brasileira. Durante décadas, a empresa foi sinônimo de qualidade e excelência na produção e exportação de maçãs. Entretanto, a incapacidade de superar as adversidades financeiras e a dependência do clima mostraram os desafios de operar em um setor altamente sensível às variações externas.
A falência da Pomi Frutas representa o fim de uma era, mas também levanta questões importantes sobre a resiliência das empresas agrícolas frente às mudanças climáticas e crises econômicas. O leilão de seus bens marca o desfecho de uma das maiores empresas do setor no Brasil, deixando para trás uma trajetória de altos e baixos.
O desfecho da Pomi Frutas ilustra o quanto o setor agrícola pode ser volátil, dependendo de fatores externos como o clima e a economia global. O “Rei da Maçã”, que já esteve entre as gigantes do setor de frutas, sucumbiu a uma série de fatores adversos, resultando em sua falência e na necessidade de leiloar seus bens para honrar dívidas. O caso serve como um alerta para outras companhias do setor, reforçando a importância de estratégias robustas de gestão de riscos e diversificação.
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