Reposição a R$ 18/kg e piora na margem vai gerar prejuízo

A atual relação de troca de arrobas de boi gordo por bezerro é a mais desfavorável ao terminador, considerando-se toda a série histórica. E agora?

Os preços da arroba do boi gordo seguem em alta, mas as contínuas e fortes valorizações do bezerro preocupam o pecuarista terminador. Nesta parcial de abril, dados do Cepea mostram que a relação de troca de arrobas por bezerro é a mais desfavorável ao terminador, considerando-se toda a série histórica, iniciada em fevereiro de 2000 no caso do animal de reposição.

Os preços da reposição tiveram alta em todas as praças pecuárias e em todas as categorias, entre machos e fêmeas. Já anunciamos aqui nesta semana, que o preço do bezerro tem preço de referência superior a R$ 17/kg e nas categorias mais eradas os valores ultrapassam R$ 4500,00 para o boi magro!

Em abril (até o dia 13), o pecuarista terminador do estado de São Paulo precisa de 9,89 arrobas para comprar um animal de reposição (nelore, de 8 a 12 meses) em Mato Grosso do Sul, 5,72% a mais que no mês anterior e 5,74% acima do necessário em abril do ano passado – os cálculos foram realizados tendo-se como base valores médios mensais dos Indicadores do boi gordo CEPEA/B3 e do bezerro ESALQ/BM&FBovespa, ambos deflacionados pelo IGP-DI de março/21.

Essas 9,89 arrobas necessárias em abril para comprar um animal de reposição são a maior quantidade de toda a série do Cepea. O recorde anterior era de maio de 2015, quando foram precisas 9,65 arrobas de boi gordo para a compra do animal de reposição – naquela época, vale lembrar, o bezerro também operava em patamares bastante elevados.

Segundo levantamento que foi divulgado pela Scot Consultoria, na média de todos os Estados e categorias de machos e fêmeas anelorados, as cotações subiram 2,4% na última semana, na comparação com o valor médio registrado na semana anterior. O valor do bezerro na praça paulista é de R$ 18,10/kg, segundo a Scot.

De fevereiro de 2000 a abril de 2021, a média dessa relação de troca é bem inferior à atual, de 7,65 arrobas para a compra de um animal de reposição. Já a menor quantidade, de 6,03 arrobas, foi observada em novembro de 2004.

A verdade é que tem pecuarista vendendo o bezerro mamando no pé da vaca porque a pessoa está com tanta vontade de comprar que compra o bezerro para receber em abril e maio, e garantir assim a sua reposição, mesmo sem saber como fechar a conta!

Nesta parcial de abril, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 registra média de R$ 317,27, avanços de 2,56% sobre o mês anterior e de 21,8% em relação à de abril de 2020, em termos reais. No caso do bezerro, os aumentos são mais intensos. Neste mês, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa apresenta média de R$ 3.139,02/cabeça, elevações de 8,43% na comparação mensal e de expressivos 30,6% na anual – ambos Indicadores são recordes reais das respectivas séries do Cepea.

Muitos terminadores consultados pelo Cepea mostram cautela na compra de novos lotes de bezerro, mesmo diante dos elevados preços da arroba do boi gordo. Agentes estão incertos até quando esse movimento de alta nos valores da reposição pode durar.

Parte dos agentes acredita que a recente maior retenção de fêmeas pode passar a resultar em recuperação na oferta de animais de reposição, especialmente a partir do final da safra, com o início do desmame. Isso poderia frear ou, ao menos, limitar novas altas nos preços do bezerro. Por outro lado, alguns agentes apontam que a oferta de bezerros ainda não deve crescer na mesma proporção da demanda por novos lotes de reposição. De um modo geral, o primeiro semestre ainda pode registrar baixa disponibilidade de bezerro.

Segundo o app da Agrobrazil, os preços seguem em valorização nas principais praças pecuárias do país. Apesar de ser observado, até o momento, um média inferior ao fechamento do mês anterior na praça paulista, os animais comercializados tiveram um menor peso, o que representa uma média superior no preço por kg, atingindo R$ 16,09/kg frente aos R$ 13,66/kg do mês de março.

E um grande desafio do pecuarista será trabalhar com os também recordes preços do milho e do farelo se soja, importantes insumos da alimentação. Esse contexto exige que produtores sigam avaliando com cautela seus custos de produção.

Exportação

Os embarques brasileiros de carne bovina in natura registram média diária de 6,35 mil toneladas nesta segunda semana de abril, conforme apontam dados da Secex. Nesse ritmo, a quantidade total exportada até o final deste mês pode atingir 160 mil toneladas, 20% acima do mês anterior, quase 40% a mais que em abril de 2020 e um recorde para o mês.

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