Reunião com secretário de Tesouro dos EUA foi cancelada, diz Haddad ao culpar a extrema-direita

A informação é do ministro Fernando Haddad, que atribuiu o cancelamento a uma articulação da extrema-direita estadunidense.

Prevista para esta quarta-feira (13), a reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada. A informação é do ministro Fernando Haddad, que atribuiu o cancelamento a uma articulação da extrema-direita estadunidense.

“A militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada”, declarou o ministro em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (11).

Na semana retrasada, Haddad tinha dito que Bessent o tinha procurado para discutir o tarifaço do governo Donald Trump sobre os produtos brasileiros. O encontro primeiramente ocorreria por meio de videoconferência e depois seria estendido para uma conversa presencial.

“A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem [quarta-feira, 30] e, finalmente, vai agendar uma segunda conversa. A primeira, como eu havia adiantado, foi em maio, na Califórnia. Haverá agora uma rodada de negociações e vamos levar às autoridades americanas nosso ponto de vista”, disse Haddad no último dia 31.

Haddad disse ter sido informado do cancelamento por e-mail, “um ou dois dias depois” de o próprio secretário de Tesouro dos EUA ter informado a reunião à imprensa. O ministro considera a motivação do cancelamento política, não econômica.

“Agiram junto a alguns assessores do presidente Trump, e a reunião com ele, que seria virtual na quarta-feira, foi desmarcada e não foi remarcada até agora”, comentou Haddad.

“Argumentaram falta de agenda. Uma situação bem inusitada. O que fica claro para nós é que a questão comercial não está em foco”, afirmou.

O ministro da Fazenda lembrou que o Brasil está tendo tratamento diferenciado em relação a outros países e blocos econômicos que conseguiram negociar com o governo de Donald Trump, como a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul.

Resumo

Nos últimos meses, os Estados Unidos aprofundaram sua política protecionista contra o Brasil. Ainda em 2 de abril de 2025, o governo Trump havia anunciado uma tarifa base de 10% sobre produtos importados da maior parte dos países — incluindo o Brasil — com vigor a partir de 5 de abril.

Em seguida, em 30 de julho, foi publicado um decreto presidencial declarando situação de emergência nacional que resultou em uma tarifa adicional de 40%, somando 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros a partir de 6 de agosto. Embora existam quase 700 produtos isentos dessa cobrança, incluindo itens como aeronaves, suco de laranja e óleo, a medida impacta fortemente setores agrícolas (café, carnes, açaí), aeroespacial e energético.

Em reação, o Brasil apresentou uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) e buscou apoio diplomático com potências como Índia e China, ao mesmo tempo em que Lula descartou conversas diretas com Trump por considerá-las humilhantes. Internamente, o governo brasileiro anunciou medidas de enfrentamento, como a revisão dos mecanismos de garantia às exportações — estimada em cerca de 10 mil medidas para mitigar os efeitos das tarifas.

Reunião com secretário de Tesouro dos EUA foi cancelada e enquanto isso, apesar das crescentes tensões, a economia nacional tem demonstrado resiliência: o real se valorizou cerca de 13%, o Ibovespa avançou 11% em 2025 e muitas exportações — quase metade — estão protegidas pelas isenções.

Compre Rural com informações da Agência Brasil

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