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Seguro pecuário avança no Brasil, mas ainda há muito o que crescer

Karen Matieli pontua os próximos desafios para maior adesão do seguro pecuário por parte dos pecuaristas; dados mostram um crescimento de 385% do setor

Até pouco tempo desconhecido da maioria dos pecuaristas brasileiros, o seguro pecuário teve forte avanço nos últimos anos. Segundo dados do Atlas do Seguro Rural, do Mapa, em 2020 foi registrado um crescimento de 385% de apólices de pecuária subvencionadas, em comparação a 2019. Em 2020 foram emitidas 1.722 apólices com valor total segurado de R$ 976,19 milhões.

Este avanço no ano passado se atribui principalmente ao trabalho realizado pelo Governo que teve e terá um papel importante no incentivo à proteção da atividade pecuária, destinando maior volume de recursos no Programa de Subvenção. “O seguro rural tem sido uma das prioridades do Mapa desde que chegamos aqui”, afirmou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, recentemente em entrevista.

Por outro lado, profissionais como os da Denner Agro têm feito a diferença. A corretora que é a primeira do Brasil especializada em seguro pecuário, este ano completa 15 anos de atuação protegendo rebanhos bovinos de elite, corte, leite e equinos de todo o Brasil. Em 2021 a empresa foi responsável pela contratação de mais de 1.000 apólices de bovinos espalhados em todas os estados, disseminando a cultura do seguro entre pequenos, médios e grandes pecuaristas de todo Brasil.

No total, foram mais de 45 mil animais assegurados pela Denner Agro. “São anos de trabalho dedicados à proteção da pecuária, nossa missão é entender a necessidade dos nossos clientes e buscar soluções para gerir os riscos inerentes de sua atividade”, diz Karen Matieli, sócia proprietária da empresa, coordenadora da Comissão de Riscos Rurais (Sincor-SP) e coordenadora de Seguros Rurais da Abraleite.

Ainda segundo a especialista, o seguro pecuário vem crescendo a cada ano, mas ainda há muito o que avançar diante do tamanho total do rebanho brasileiro.

Contudo, vale destacar que mesmo sendo incipiente se comparado ao volume de animais no país, a modalidade conquistou maior volume de recursos no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Passou de R$ 971,9 mil em 2019 para R$ 6,7 milhões em 2020, um salto superior à 700%. “Levar a informação ao pecuarista, facilitar o processo de contratação das apólices e aumento de recurso no PSR do MAPA podem contribuir com relevância ao aumento desta modalidade em todo Brasil”, diz a corretora.

Este crescimento ocorreu em 2018 após a corretora ter mobilizado entidades importantes do setor como Abraleite e ABCZ para pleitear um carimbo destinado à modalidade pecuária no Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural do Mapa. “A nossa demanda foi ouvida e desde então a pecuária passou a ter seu espaço dentro do PSR. Era sabido que nosso setor não tinha o conhecimento do seguro e do programa que subvenciona as apólices, mas ter seu espaço era um ponto de partida. Agora nossa luta é pela busca de recursos”, acrescenta Karen.

O seguro pecuário

O seguro tem como objetivo garantir indenização ao segurado em caso de morte do animal decorrente de acidentes, doenças (salvo pré-existentes e epidêmicas), asfixia por sufocamento ou submersão, eletrocussão, incêndio, insolação e raio, envenenamento, intoxicação e ingestão de corpo estranho acidentalmente, luta, ataque, picada ou mordedura de animais, parto ou aborto. Coberturas como perda de função reprodutiva, fertilidade, prenhes, produtos ao pé também podem ser consultadas de acordo com as seguradoras.

Uma das propriedades a entender a importância do seguro pecuário na mitigação de riscos foi a Agrindus – Fazenda Santa Rita, com sede no município de Descalvado, no interior de São Paulo. A fazenda que é uma das três maiores empresas produtoras de leite do país com a média diária de 50 mil litros, tem hoje 1.700 vacas em fase de lactação. São dois mil hectares e cerca de 250 funcionários.

De acordo com Roberto Jank Jr., um dos proprietários, o primeiro contato que tiveram com o seguro pecuário, foi em julho de 2015, quando a Karen Matieli apresentou propostas de seguro, entre elas o de rebanho leiteiro, um tipo de operação que buscavam há muitos anos para mitigar parte dos riscos da atividade. “Nesse quesito, achamos que a Denner Agro, com todos os méritos e pioneirismo na implantação e desenvolvimento do seguro em seu atual formato, seguiu à risca a famosa frase de Henri Ford, “o fracasso é somente uma oportunidade de começar de novo, de forma mais inteligente”, a perseverança certamente foi um dos diferenciais para o sucesso”, destacou.

Jank que também é vice-presidente da Abraleite reforça a importância do seguro não só para o seu rebanho, mas para todo o setor. “Essa é uma excelente ferramenta de gestão de riscos para os produtores em geral, com um papel relevante no caminho para a profissionalização e desenvolvimento da pecuária leiteira nacional, mas intrinsecamente dependente de políticas públicas para viabilizar sua contratação”, reforça.

Para Geraldo Borges, atual presidente da Abraleite, é importantíssimo o crescimento do seguro pecuário na atividade leiteira. Segundo ele, a instituição vem atuando desde 2018 junto ao Mapa e ao Governo Federal para ampliação da disponibilidade de recursos que eram inexpressivos. “Temos conseguido o crescimento gradualmente do percentual destinado à pecuária leiteira. A Karen, como coordenadora da área de seguro da associação tem papel fundamental nesse nosso trabalho, sendo uma guerreira em defesa dessa pauta”, reforçou.

Próximos desafios

O seguro pecuário tem um oceano azul para crescimento. Levando em conta que menos de 1% do rebanho é assegurado, há 99% de oportunidades de crescimento. Mas, para isso de fato acontecer é preciso superar alguns gargalos.

De acordo com Karen, entre as barreiras nesse crescimento está o pecuarista poder acessar o PSR durante todo o ano, já que a modalidade pode ser contratada a qualquer período. “Tomado a isso, precisamos trazer soluções para facilitar o processo de contratação para os pecuaristas bem como a especialização de corretores”, destaca.

Ainda segundo a diretora da Denner Agro, a maior dificuldade de atuar em um ramo muito específico e em fase de maturação, é a necessidade constante de entendimento dos modelos de produção pecuária para propor ao pecuarista contratações compatíveis à sua realidade.

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