Setor de lácteos terá recessão em 2020?

Os produtos lácteos comercializados globalmente desaceleraram para 8% até o segundo trimestre de 2019 devido ao enfraquecido crescimento da oferta, abaixo dos 18% no primeiro trimestre.

Os mercados globais de lácteos devem permanecer firmes até meados de 2020, mas o Rabobank prevê que a segunda metade do ano será ‘mais apertada’ diante de uma possível recessão global.

Os produtos lácteos comercializados globalmente desaceleraram para 8% até o segundo trimestre de 2019 devido ao enfraquecido crescimento da oferta, abaixo dos 18% no primeiro trimestre.

Em seu relatório trimestral sobre a indústria de lácteos, o Rabobank disse que a atividade econômica global está diminuindo, assim como, a confiança dos clientes e produtores de leite.

No final de 2019, o Rabobank disse que está encontrando o mercado de lácteos mais apertado do que o esperado anteriormente. Os produtores estão mais restritos e a demanda permanece estável, apesar dos problemas comerciais e econômicos.

Tom Bailey, analista sênior de lácteos do Rabobank, disse: “os riscos econômicos destacados em relatórios anteriores do Dairy Quarterly estão se tornando realidade.

A China registrou o menor crescimento do PIB anual em 30 anos até o segundo trimestre de 2019 em relação a 2018, e os mercados do Sudeste Asiático foram impactados.

Desafios semelhantes enfrentam a UE, pois a Alemanha viu sua economia contrair no segundo trimestre em comparação com o ano passado, um sinal preocupante para um mercado que enfrenta outros desafios, com um possível fim desafiador para o Brexit”.

O Banco Central Europeu respondeu reduzindo as taxas em 0,5% e anunciando uma flexibilização quantitativa em aberto de €20 bilhões (US$ 21,83 bilhões) por mês à medida que os riscos de recessão aumentam. Os EUA também mostraram alguns dados preocupantes, pois a curva de rendimentos do Tesouro de 2-10 anos impulsionou a especulação de uma recessão iminente.

Muitas organizações econômicas projetaram a possibilidade de uma recessão global no segundo semestre em 2020, e o Rabobank observou que, normalmente durante as recessões, os preços dos produtos lácteos podem cair de 20% a 40%.

Mesmo com esse possível contratempo econômico, a maioria dos mercados globais de lácteos permaneceu estável ao longo de 2019. Nos EUA, o número de vacas continuou diminuindo até agosto, depois de reduzir 82.000 cabeças em julho.

Mas o Rabobank disse que os preços mais altos do leite no segundo semestre de 2019 e em 2020 provavelmente estabilizarão o rebanho e aumentarão o volume de leite em cerca de 1% nos próximos 12 meses.

As tensões comerciais entre os EUA e a China finalmente começaram a diminuir, com a China concedendo algumas isenções limitadas aos seus preços para produtos americanos. Os consumidores norte-americanos podem começar a sentir alguma pressão à medida que as tarifas anteriores chegam a bens de consumo em geral, afirmou o Rabobank.

A China ainda está lidando com a crise da peste suína africana e com os níveis críticos de perda de suínos. É provável que isso afete os mercados globais de proteína animal nos próximos anos.

A leve recuperação da produção na China, o forte crescimento das importações e o consumo estável levaram a alguma construção de estoque, disse o Rabobank, e no segundo semestre de 2019 a China deverá ter importações menores.

“As guerras comerciais continuam sendo uma dor de cabeça logística para os exportadores de lácteos, embora seja improvável que tenham um impacto significativo no balanço massivo dos produtos em dívida nos próximos 12 meses. O mercado global de lácteos ficou mais líquido nos últimos anos, permitindo flexibilidade no fornecimento”, afirmou o Rabobank.

“No geral, o mercado global de lácteos deve permanecer firme nos próximos seis meses antes que a oferta possa sair à frente do crescimento da demanda, e nesse ponto poderemos ver alguma pressão negativa nos preços”.

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

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