Seu cavalo avisa antes de adoecer: os sinais silenciosos de erro na alimentação

Mudanças sutis, e outras dramáticas, no comportamento, no trato digestivo e no físico entregam que a dieta está falhando ou representando risco real para a vida do cavalo.

A nutrição é um dos pilares mais sensíveis do manejo equino. Uma troca de ração, feno estocado com umidade, suplemento inadequado, micotoxina invisível ou até o simples desbalanço energia/fibra podem desencadear desde irritabilidade e queda de performance até cólicas fatais, úlceras, intoxicações severas e falência hepática. Por isso, reconhecer os sinais precoces emitidos pelo cavalo, antes que o quadro avance, é uma habilidade de sobrevivência dentro de uma cocheira.

Rações ou fenos contaminados com fungos, silagens mal armazenadas ou ingestão de plantas tóxicas podem evoluir rápido para quadros fatais.

Micotoxinas: feno e silagem mofada podem conter fumonisinas (Fusarium), causando leucoencefalomalácia (“doença do milho mofado”) — letargia, desorientação, pressão da cabeça em paredes e evolução rápida para óbito
Plantas tóxicas (Senecio, Crotalaria, mamona, fedegoso, samambaia): causam insuficiência hepática e neurológica, com sinais como icterícia, tremores, convulsões e dificuldade respiratória

Os alcaloides pirrolizidínicos (Senecio e Crotalaria) geram lesão hepática irreversível, com evolução para encefalopatia hepática — o cavalo passa a pressionar a cabeça contra objetos, deambular sem direção e geralmente morre em poucos dias.

Sinais que não podem ser ignorados

Cólicas: inquietação, rolar no chão, cavar, olhar para os flancos ou deitar e levantar repetidamente
Diarreia: fezes moles ou líquidas após mudanças de dieta ou excesso de amido
Salivação excessiva ou ranger de dentes: indicativo típico de úlcera ou dor gástrica
Recusa alimentar súbita: sintoma clássico de dor e de desbalanço digestivo
Comida inteira nas fezes: sugere falha na mastigação, verminose ou má absorção

Apatia e queda de ânimo sem outra causa aparente
Nervosismo, irritabilidade ou agressividade sugerindo dor interna
Pica (comer terra, madeira, fezes) — forte indicativo de deficiência nutricional

Perda de peso sem redução de treino
Pelagem opaca e pele descamando — inequívoco de dieta inadequada
Cascos frágeis e rachados por falta de nutrientes estruturais
Edema (pernas ou abdômen) sugerindo desequilíbrio metabólico ou hepático

Intoxicações alimentares evoluem em horas, não em semanas. Convulsões, tremores, dispneia, cabeça apoiada, confusão, sudorese intensa e colapso costumam indicar fase avançada — quando o prognóstico cai drasticamente.

Reconhecer cedo, parar a fonte, estabilizar e iniciar terapia de suporte (carvão ativado, fluidoterapia, suporte hepático e antioxidante) é o que separa um caso resolvido de uma baixa em poucos dias.

Ao notar qualquer sinal:

  1. Interrompa imediatamente o alimento suspeito
  2. Acione o veterinário — tempo é o fator que mais altera o prognóstico
  3. Não medique por conta própria — analgésicos mascaram sintomas e atrasam o diagnóstico
  4. Reavalie toda a dieta: feno, ração, suplemento, mineral, higiene de cocho e água
  5. Cheire e quebre o feno — mofo e calor interno denunciam risco invisível

O cavalo nunca “fica estranho por acaso”. Cólica, mudança de humor, recusa alimentar, odor no feno, diarreia, pelagem ruim ou comportamento anormal são alertas, não detalhes. Em nutrição equina, quem enxerga cedo, salva cedo. Ignorar pequenos sinais é, muitas vezes, o primeiro passo para uma emergência que poderia ter sido evitada.

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