Seu patrimônio rural está aumentando e evoluindo?

O crescimento é reflexo das boas operações e decisões, contudo, muitos agronegócios podem estar mal interpretando resultados e tomando decisões errôneas

O Brasil é um país extremamente heterogêneo, principalmente quando estamos falando de sistemas de produção, o que envolve clima, cultura, relevo, limitações regionais, entre outros fatores. Contudo, a grande maioria do agronegócio brasileiro compartilha um objetivo: o de crescimento.

O crescimento é reflexo das boas operações e decisões bem tomadas pelos gestores, contudo, muitos agronegócios podem estar mal interpretando resultados e tomando decisões errôneas, o que acarreta em perda patrimonial, mesmo que não refletida no bolso.

Patrimônio líquido: o que é?

Primeiramente, vamos esclarecer um conceito que pode vir a ser desconhecido por alguns, o patrimônio líquido. Muitos associam patrimônio com o valor monetário de terras, instalações, rebanhos entre outros. De fato, isso é componente do patrimônio líquido, contudo, este ainda tem que sofrer um ajuste antes de resultar no real patrimônio líquido de um agronegócio.

O patrimônio líquido é a diferença dos ativos e passivos de um agronegócio, em outras palavras, o quanto sobra de ativos (em valores monetários) após cumprimento de todas as obrigações financeiras do negócio (financiamentos, por exemplo).

Portanto, é importante sempre lembrar que muitas vezes o agronegócio tem obrigações financeiras que devem ser pagas (ou consideradas) na consolidação do patrimônio líquido. Este também, pode ser encontrado no balanço patrimonial, um relatório contábil de extrema importância para análises e tomadas de decisões.

Alavancando o patrimônio

Como ressaltamos, para determinarmos o patrimônio líquido é necessário levar em conta o quanto endividado está o agronegócio, fato que pode representar muitos financiamentos, ou seja, capital de terceiros empregado.

Capital de terceiros são montantes que representam obrigações financeiras, porém este é contrabalanceado com um ativo, já que o montante tem capacidade de geração de resultados. Os juros, no entanto, representam a obrigação financeira de pagamento, o que deve ser inferior ao benefício gerado pelo montante.

Capital de terceiros podem representar uma grande alternativa para alavancagem do agronegócio, isso quando bem avaliado e realizado. Financiamentos podem ser uma opção para melhorar a geração de resultados e consequentemente aumentar o patrimônio rural, como podem também ser a gota d’agua para afundar de vez empreendimentos, quando tomados de forma emergencial e não pensada.

É preciso, portanto, avaliar qual é a melhor opção na hora de injetar capital no agronegócio, podendo este ser próprio (tirado do bolso) ou de terceiros (financiamentos).

Uma vez esclarecido o que é o patrimônio líquido, vamos discorrer sobre a evolução patrimonial propriamente dita, ressaltando fatores que devem ser levados em conta para sua mensuração.

Comumente produtores associam sobras de dinheiro com ganhos patrimoniais, o que não é verdade em algumas situações. A avaliação da evolução patrimonial depende da combinação de dois fatores, o resultado da atividade, apurada via regime de competência no Demonstrativo de Resultados (DRE) e da retirada de capital do agronegócio, apurado via caixa no fluxo de caixa.

A evolução patrimonial, ou patrimônio futuro, é portanto uma proporção entre os lucros gerados na DRE e as retiradas de capital do fluxo de caixa. Quanto mais resultado se gera, e menos capital retira-se do agronegócio, mais patrimônio se acumula.

Um ponto de atenção para essa avaliação é que ela é impossível de ser realizada olhando apenas para o fluxo de caixa ou apenas para a DRE. É necessário que a análise seja realizada contemplando ambos relatórios.

Interpretações errôneas vs variação patrimonial

  • Uma sobra de dinheiro ao final do período significa um acúmulo ou perda patrimonial?

Como ressaltamos, a variação patrimonial depende de duas peças, o resultado gerado e as retiradas de capital, de regime de competência e caixa, respectivamente. Quando ao final do período temos um caixa positivo (maior do que o esperado, por exemplo), isso pode de fato significar um bom resultado, mas nada podemos dizer até avaliarmos a DRE, onde constatamos o resultado do período.

A sobra de dinheiro pode ser advinda do resultado operacional de fato, ou pode apenas representar uma liquidação de um ativo, um falso resultado (caso tenhamos muitas contas a pagar), um empréstimo entre outros. Portanto, uma sobra de dinheiro ao final do período não é sinônimo de crescimento patrimonial em todas as situações.

  • O período terminou com sobras menores do que o esperado e do que o período anterior, houve perda de patrimônio?

Sobras de dinheiro devem ser avaliadas juntamente com a DRE. Caso o resultado apurado na DRE seja positivo, e maior do que as retiradas de caixa, houve de fato um crescimento patrimonial. Ao olharmos apenas para as sobras de dinheiro, estamos esquecendo que este pode ter se capitalizado em ativos, ou patrimônio propriamente dito, por exemplo. Podem ainda, ter sido utilizado para pré-pagamento de contas futuras, entre outros. Desta forma, a falta de caixa ao final do período não é sempre sinônimo de perda patrimonial.

Conclusão

O acompanhamento da evolução patrimonial deve ser realizado com a análise de resultados (via regime de competência) e do fluxo de caixa (regime de caixa) juntas. O patrimônio líquido futuro, é proporcional ao lucro gerado na DRE e as retiradas de capital encontradas no fluxo de caixa, sendo o último inversamente proporcional.

Tomar decisões com base em apenas parte das análises pode dar falsas impressões sobre a evolução patrimonial do agronegócio em questão, o que compromete a sustentabilidade econômica de longo prazo.

Fonte: Blog da Perfarm

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