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Sinal amarelo para uso do BST em gado leiteiro

Nesta semana tive acesso ao informativo da Nestlé onde relata as novas metas da empresa para o Brasil quanto ao ambiente de produção de leite dentro das propriedades.

Por Andrew Jones

Passados mais de 10 anos do início da implantação do Programa de BPA (Boas Práticas Agropecuárias), a Nestlé, a partir deste comunicado, coloca claramente ao mercado que deseja subir na escada em busca da produção de leite em um ambiente cada vez mais adequado. Assim, novos degraus são colocados na escada em busca de um produto lácteo mais nobre para o consumidor nacional.

Confira o comunicado completo aqui.

Porém neste comunicado, um item especifico me chamou a atenção: a restrição ao uso do BST, ou em outras palavras, a bonificação ao produtor que não utilizar o BST no seu sistema de produção de leite.

O que é o BST ou Somatrotopina bovina

“O BST, ou Somatrotopina bovina, é uma proteína natural produzida pelas vacas. Existe também uma forma análoga do BST (Somatotropina Bovina) sintetizada em laboratório, que pode ser suplementada às vacas. O BST promove a produção de mais leite por vacas adultas. Está e sempre esteve presente no leite em níveis bastante baixos. O BST não é ativo no organismo humano. Em seres humanos, é completamente degrado no trato digestivo, como qualquer outra proteína”. (Fonte: fabricante)

Não foram poucos os atendimentos aos questionamentos de consumidores ao SAC da empresa, quanto ao uso do BST, que respondi nos últimos 6 anos, quando gerente técnico de laticínio. Diversos consumidores mostravam-se preocupados com a utilização do BST e sua presença no leite, solicitando mais informações a respeito.

É de conhecimento público que vários países não permitem o uso do BST já há muitos anos e em outros tantos países não existe restrição ao uso. A ideia aqui não é entrar no mérito desta questão, ou seja, proibir ou não o uso no Brasil, mas sim levantar a discussão a respeito do assunto.

O mais importante é que o BST é e vem sendo utilizado como uma ferramenta de manejo de rebanhos leiteiros em ampla escala em nosso país, principalmente pelos produtores responsáveis pelo grande volume de leite fornecido à indústria, visto que por serem mais tecnificados usam ferramentas técnicas na gestão da propriedade.

O Uso do BST promove aumento do volume da produção de leite diária nas fazendas, através do aumento da produtividade média da vacada. Também em menor escala, BST é utilizado para alongar o período de lactação de vacas a refugar e também utilizado na indução de lactação em vacas com problemas de emprenhar.

A utilização do BST dentro das recomendações técnicas do fabricante promove significativo aumento na renda ao produtor. Como gerente de fazendas ao longo de 30 anos, fiz uso do BST nas fazendas que gerenciei. Realizei um trabalho técnico de acompanhamento detalhado dos resultados de uso do BST na Fazenda São Pedro, Fernandópolis/SP, Projeto “CFM Leite a pasto”, no ano de 2008. A conclusão do trabalho foi descrita através da seguinte frase, na época:

“O uso do BST, associado à terceira ordenha, em parte do rebanho lactante da Fazenda São Pedro, deixou aos cofres da fazenda um décimo terceiro mês de produção de leite em volume e receita “ (Fonte: Andrew Jones)

Finalizando este comunicado abre definitivamente uma discussão a respeito do uso do BST no Brasil, questionamentos como estes vão surgir:

  1. Proibir ou não o uso do BST no Brasil?
  2. Qual a estratégia da Nestlé?
  3. A bonificação ao produtor cobre ou não, o aumento da receita com o uso do BST?
  4. O produtor de leite está preparado para não utilizar mais o BST?
  5. Qual o impacto da descontinuidade do uso do BST na produção de leite nas fazendas?
  6. Qual será a queda no volume de leite produzido?
  7. Qual será o impacto no volume de leite das lactações fechadas, de várias raças leiteiras brasileiras, advindas do cruzamento com zebuínos?
  8. Será este um fato importante para abrir mercado internacional para os produtos lácteos brasileiros?

Vamos avaliar, pois este cenário impacta bastante na receita do produtor e tem fortes reflexos para a indústria láctea.

Andrew Jones / AJAGRO

Engenheiro Agrícola graduado na Universidade Federal de Pelotas em 1987, Especialista em Pecuária Leiteira

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