
Produção de sorgo cresce em ritmo acelerado – 6,6 milhões de toneladas em 2025 – com foco na nutrição animal, custo menor e resistência à seca — porém rendimento por hectare ainda limita avanço em competitividade
O sorgo vem ganhando cada vez mais espaço no campo brasileiro, consolidando-se como uma alternativa estratégica ao milho e se destacando pela sua adaptabilidade e versatilidade. Segundo análise da Scot Consultoria, com base em dados da Conab, o Brasil produziu 6,1 milhões de toneladas do grão em 2024, um avanço expressivo de 37,9% em relação ao ano anterior. A expectativa para 2025 é ainda mais otimista: a produção deve atingir 6,6 milhões de toneladas, crescimento de 8,4% em apenas um ano.
O país já figura como o terceiro maior produtor mundial de sorgo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Nigéria. O avanço é reflexo da expansão da área cultivada, que nos últimos dez anos cresceu 2,8 vezes, representando 43,3% da área destinada ao milho em 2024. Em 2025, essa proporção deve chegar a 44,9%, revelando a força do grão na matriz agrícola nacional.
Regiões produtoras: domínio do Centro-Oeste
A produção de sorgo no Brasil é concentrada principalmente no Centro-Oeste, que responde por 42,5% da produção nacional. Em seguida vêm o Sudeste, com 31,6%, e o Nordeste, com 20%. Juntas, essas três regiões concentram 94,1% de toda a produção nacional, evidenciando uma regionalização bem definida.
Sorgo x Milho: uma competição estratégica
Apesar de o sorgo produzir apenas 56,6% do volume por hectare em comparação com o milho, ele apresenta vantagens competitivas relevantes. Seu cultivo é mais econômico e adaptado a solos marginais, com menor exigência hídrica e menor custo de produção, tornando-se uma escolha atrativa especialmente para áreas com menor investimento.
Além disso, o sorgo compete diretamente com o milho na composição nutricional, sendo amplamente utilizado na nutrição animal, especialmente em rações. Esse fator tem impulsionado sua demanda no mercado interno, especialmente diante da necessidade de diversificação de culturas em cenários de incerteza climática.
Queda na produtividade e o papel da inovação
Apesar do crescimento da área e da produção, a produtividade média por hectare deve sofrer uma leve queda de 1,5% na safra 2025/2026. Mesmo assim, especialistas apontam que essa limitação não compromete o avanço da cultura. Pelo contrário: a consolidação do sorgo tende a atrair mais investimentos em pesquisa, com foco no desenvolvimento de híbridos mais produtivos e técnicas de manejo mais eficientes.
Oportunidades e desafios futuros
O avanço do sorgo no Brasil representa uma oportunidade estratégica para produtores, especialmente em regiões com menor disponibilidade de recursos. Com aumento de demanda por grãos para ração animal, eventuais pressões climáticas sobre o milho e necessidade de cultivos mais resilientes, o sorgo se apresenta como uma solução complementar importante para o agronegócio brasileiro.
No entanto, ainda há desafios a serem superados: o principal deles é aumentar a produtividade sem perder a principal vantagem do sorgo — o baixo custo de produção. Para isso, será fundamental o engajamento de instituições de pesquisa, políticas públicas de incentivo e parcerias com a indústria de insumos agrícolas.
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