Sorgo: O irmão mais novo do milho

O sorgo é uma planta rústica de origem africana que se adaptou às condições climáticas do Brasil, onde é usado para ração animal

Os cereais desempenham um papel vital tanto na nutrição humana quanto na animal. Dentre eles, o sorgo se destaca como o quinto cereal mais cultivado globalmente, apresentando uma produção notável também no Brasil. A adaptabilidade do sorgo a uma variedade de condições ambientais, mesmo aquelas menos ideais, contribui significativamente para sua expansão.

No contexto do agronegócio, o sorgo vem se tornando cada vez mais popular devido ao seu valor nutritivo e versatilidade de uso. Este artigo visa oferecer um panorama detalhado sobre o sorgo, incluindo seu cultivo, as doenças que podem atacá-lo, e outras informações relevantes. Continue conosco para saber mais.

O sorgo, conhecido cientificamente como Sorghum bicolor, faz parte da família Poaceae. Este cereal é fundamental na dieta de várias regiões do mundo e é rico em nutrientes como ferro, zinco, proteínas, fibras e vitamina E, além de conter ácidos fenólicos e amido resistente.

Embora originário da África, o sorgo tem uma ampla história de cultivo na Índia, um dos seus maiores produtores. No Brasil, o cereal chegou no século XX, inicialmente com grande produção no Rio Grande do Sul. Hoje, ele é cultivado em diversas regiões, preferencialmente em climas quentes e secos, com várias variedades que variam em cor, do branco ao marrom.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Nos últimos anos, a cultura do sorgo tem crescido no Brasil, especialmente como uma cultura sucessora durante o verão. Além de suas propriedades nutritivas, o sorgo é economicamente vantajoso para cultivar em comparação com o milho, pois requer menos nutrientes. Isso reduz a necessidade de fertilizantes, diminuindo os custos de produção.

O sorgo é um cereal versátil com aplicações significativas tanto na alimentação animal quanto na humana. A maior parte de sua produção é destinada à confecção de rações para bovinos, além de ser utilizado em silagem, forragem e como cobertura vegetal para o solo. Contudo, ele está cada vez mais presente na dieta humana devido a seus diversos benefícios nutricionais.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Na culinária, o sorgo é valorizado principalmente por sua transformação em farinha, amplamente usada na fabricação de pães e outros produtos de panificação. O cereal também é empregado na produção de amido industrial, um ingrediente essencial na elaboração de biscoitos. Além de ser nutricionalmente rico e economicamente acessível, o sorgo oferece uma alternativa ao trigo em diversos alimentos, sendo uma opção segura para pessoas com doença celíaca ou intolerâncias relacionadas ao trigo.

Variedades de sorgo

O sorgo apresenta diversas variedades, divididas em cinco grupos principais que serão explorados em detalhes a seguir.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Sorgo Granífero

O sorgo granífero é primordialmente conhecido por seus grãos, sendo esta variedade uma das mais economicamente significativas e amplamente cultivadas globalmente. As plantas desta espécie geralmente não ultrapassam 1,70 metros de altura.

Os grãos são produzidos em panículas pequenas e compactas situadas no topo da planta. É importante salientar que o sorgo granífero é majoritariamente utilizado na fabricação de rações animais. Após a colheita, o restante da planta pode ser aproveitado como feno ou pastagem e até mesmo reincorporado ao solo como matéria orgânica.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Sorgo Sacarino

Em contraste, o sorgo sacarino é caracterizado por plantas mais altas e uma produção limitada de sementes. O destaque deste tipo está no alto teor de açúcar presente em seu caule, tornando-o uma escolha viável para a produção de açúcar e álcool, especialmente durante a entressafra da cana-de-açúcar. Além disso, seu uso é recomendado para a confecção de silagem de alta qualidade, o que pode potencializar a produtividade animal.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Sorgo Forrageiro

Semelhante ao sorgo sacarino em estatura, o sorgo forrageiro apresenta plantas que podem superar dois metros de altura e são notáveis pela abundante produção de forragem. Este tipo de sorgo é caracterizado por um elevado número de folhas e uma quantidade reduzida de sementes.

A versatilidade do sorgo forrageiro permite seu uso tanto para produção de forragem quanto de grãos. Contudo, ele é predominantemente empregado para pastagem, nutrição de gado e como cobertura vegetal em técnicas de plantio direto.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Sorgo Vassoura

Esse é cultivado principalmente para a fabricação de vassouras, conforme indica seu nome. Este tipo é geralmente plantado em áreas menores por agricultores que buscam uma fonte adicional de renda familiar.

Embora o cultivo e os cuidados com as plantas possam ser realizados mecanicamente, a colheita e a limpeza das panículas são feitas manualmente, exigindo assim um considerável esforço de mão de obra.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Sorgo Biomassa

O sorgo biomassa é especialmente cultivado para a produção de energia, apresentando um valor calorífico comparável ao da cana-de-açúcar e do eucalipto. Este material é comumente utilizado por usinas termelétricas e por indústrias que operam suas próprias caldeiras e geram energia para uso interno.

Este tipo de sorgo destaca-se pelo seu rápido crescimento e altura imponente, podendo ultrapassar os 5 metros. Sua reprodução através de sementes facilita a implantação e expansão nas áreas de cultivo.

Sorgo: O irmão mais novo do milho

Como Plantar Sorgo?

O cultivo do sorgo requer atenção a alguns detalhes importantes que influenciam diretamente no sucesso do desenvolvimento da planta. A seguir, exploraremos mais sobre esses cuidados específicos.

Época de Plantio do Sorgo

A determinação do período ideal para plantar sorgo depende de se tratar de uma safra de verão ou de uma safrinha. Para o cultivo de verão, a semeadura é recomendada com o início da estação chuvosa. Por outro lado, a safrinha ocorre imediatamente após a colheita da safra principal.

Clima Adequado para o Cultivo de Sorgo

O sorgo é particularmente resistente à seca, graças ao seu sistema radicular profundo e bem ramificado, que é eficiente na extração de água do solo. Durante seu ciclo de vida, a cultura requer entre 450 a 500 mm de água. Se houver um déficit hídrico, o crescimento pode ser comprometido. Além disso, o sorgo tolera bem altas temperaturas, adaptando-se com facilidade a regiões áridas e a condições de baixa precipitação, o que o diferencia de outros cereais.

Preparo do Solo para o Sorgo

Para garantir a uniformidade na germinação e emergência das plantas, é crucial que as sementes de sorgo estejam bem em contato com o solo. Nos sistemas de plantio tradicionais, a gradagem é uma prática importante para quebrar os torrões e preparar adequadamente a terra. O método de plantio direto, por sua vez, oferece vantagens significativas para o sorgo, uma vez que revolve apenas uma parte do solo e mantém o restante coberto por palhada, proporcionando uma proteção adicional.

Profundidade de Plantio do Sorgo

Devido ao tamanho reduzido de suas sementes, o sorgo deve ser plantado superficialmente, numa profundidade que varia entre 3 a 5 cm. Esta prática assegura uma melhor germinação e desenvolvimento inicial da planta.

Adubação e Nutrição do Sorgo

A fertilização do sorgo deve ser planejada com base em uma análise detalhada do solo, realizada antes do plantio. Para um crescimento saudável, o sorgo requer principalmente nitrogênio e potássio, seguidos por cálcio, magnésio e fósforo. A incorporação de restos culturais ao solo é uma prática benéfica, pois recicla nutrientes contidos na palhada, como potássio, cálcio e magnésio. No entanto, é essencial realizar uma reposição de nutrientes em cultivos subsequentes, mesmo com a manutenção da cobertura orgânica.

Colheita do Sorgo

O momento ideal para a colheita do sorgo depende da variedade e do uso pretendido. Para a colheita de grãos, é necessário que a umidade esteja entre 14% a 17% para uma secagem artificial ou entre 12% a 13% para secagem natural. No caso de silagem, é fundamental que a planta contenha no mínimo 30% de matéria seca.

Além disso, a altura da planta pode servir como um indicador útil, especialmente quando o sorgo é utilizado como cobertura morta. Neste contexto, a colheita deve ocorrer quando a planta atinge aproximadamente 150 cm de altura.

Doenças que Afectam o Sorgo

A saúde e a produtividade podem ser severamente afetadas por diversas doenças. Portanto, é fundamental identificar e gerir as principais doenças que ameaçam esta cultura para mitigar possíveis impactos.

Pragas Comuns no Sorgo

As pragas agrícolas representam outro grande desafio para o cultivo do sorgo, com certas espécies podendo devastar extensas áreas de plantio. O manejo eficaz dessas pragas é crucial para a manutenção da saúde e produtividade das lavouras.

Impacto das Daninhas no Sorgo

As plantas daninhas competem com o sorgo por recursos, reduzindo assim a altura das plantas, o diâmetro dos colmos, e impactando negativamente o rendimento e a qualidade dos grãos. O controle de daninhas é limitado devido ao reduzido número de herbicidas eficazes, sendo a atrazina o mais utilizado.

Entre as espécies invasoras mais comuns que afetam estão Amaranthus lividus L., Bidens pilosa L., Emilia sonchifolia (Linn.) DC, Nicandra physaloides (L.) Gaertn., Cyperus rotundus L., Phyllanthus tenellus Roxb., e Sida rhombifolia L.

O sorgo vem se destacando cada vez mais no cenário econômico devido à sua versatilidade e aos benefícios nutricionais que oferece, incluindo o potencial de auxílio no controle glicêmico, reforçando sua relevância tanto agrícola quanto para a saúde humana.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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