
Mesmo com alíquota zero, dificilmente os produtos importados chegarão a preços inferiores aos praticados internamente.
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) recebeu com preocupação a notícia sobre o pacote de medidas, anunciado pelo Governo Federal nesta quinta-feira (06), a fim de conter a alta dos preços dos alimentos. As soluções apresentadas são paliativas, não corrigem profundamente os gargalos da produção agropecuária e terão efeitos negativos no médio e longo prazo.
A redução das tarifas de importação de alimentos, por exemplo, é ineficaz – visto que a produção interna é suficiente para o abastecimento do país. Não temos problemas com a oferta de produtos. O Brasil é um dos maiores e mais competitivos produtores de grãos e proteínas do mundo. Portanto, mesmo com alíquota zero, dificilmente os produtos importados chegarão a preços inferiores aos praticados internamente.
Ressaltamos que o produtor rural brasileiro não é o culpado pelo aumento dos preços dos alimentos. Entre ele e o consumidor final há uma longa cadeia de intermediários – como tradings, indústrias, distribuição e varejo -, que agregam custos significativos aos alimentos. No entanto, será o produtor rural o maior prejudicado pela isenção de tarifas de importação, uma vez que essa medida desestimula a produção nacional e afeta diretamente a sua rentabilidade.
O verdadeiro problema está no alto custo de produção, influenciado pelo aumento nos preços de insumos, energia, mão de obra e transporte, que incide em toda cadeia de alimentos. Também no ‘Custo Brasil’, que representa um dos principais entraves ao crescimento econômico do país, englobando problemas estruturais, burocráticos, trabalhistas e tributários que impactam diretamente a competitividade nacional.
Diferentemente de importar alimentos, é preciso fortalecer a capacidade produtiva do nosso país, garantindo crédito acessível para a safra 25/26, com taxas de juros adequadas e recursos suficientes para que os produtores possam manter sua produção com competitividade. Ainda de maior controle fiscal para reduzir a inflação e os juros, políticas de incentivo ao crédito rural e à redução dos custos de produção, além de investimentos em infraestrutura logística.
A SRB reforça que a estabilidade do agronegócio passa pela adoção de medidas estruturais que incentivem a produção nacional, em vez de soluções paliativas que desmotivam o produtor rural e pouco contribuem para o desenvolvimento sustentável do país.
Fonte: SRB
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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