Suinocultura do futuro: para onde vai a atividade?

Artigo escrito pelo professor Dr. Sergio de Zen, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e da Universidade de São Paulo (USP).

Os sistemas integrados são cada vez mais comuns em vários países e estão se fortalecendo em nações que não são produtoras de carne tipo commodity, como Dinamarca, Espanha, Áustria, Holanda e Bélgica.

No Brasil, a produção industrial que se fortaleceu nas décadas de 1960 e 1970 se mantém até hoje, alcançando elevada escala de produção, com até 4,5 mil matrizes, enquanto países europeus têm granjas menores, de 200 a mil matrizes segundo estudos do CEPEA.

A competitividade do produto brasileiro vem da alta disponibilidade de recursos, como grãos, terra, água, energia e mão de obra, mas, em termos de produto final, os consumidores nacionais ainda são pouco exigentes em relação à qualidade e ainda há muito potencial a ser explorado.

Já países europeus, com produção familiar e altamente especializada, serviram de modelo global para a atividade por muito tempo no que diz respeito à tecnologia, ambiência, ao bem estar animal e ao processamento de carnes e cortes especiais.

No entanto, a elevada demanda por alimentos tem pressionado o sistema de produção europeu para que tenha perfil industrial, trazendo a esses países os desafios da fertilização e dos ajustes de manejo.

Com custos de produção recordes em 2016, o Brasil foi representado pelo CEPEA e pela Embrapa na conferência que reuniu as redes globais Agribenchmark e Interpig em junho deste ano na Holanda, em que os principais tópicos da atividade foram discutidos.

O encontro reuniu 22 paízes , representando mais de 80% do rebanho de suíno mundial na tentativa de desenvolver e implantar uma metodologia padronizada de custos de produção para comparar os índices técnicos, os preços e os custos.

Além da verticalização, o bem-estar animal e as mudanças do perfil de consumo da carne foram debatidas no evento. As tendências de migração para sistemas mais adequadas às necessidades naturais dos animais vêm de uma demanda do consumidor. Países desenvolvidos têm cultura mais assertiva no que diz respeito ao bem-estar animal, exigindo rasteabilidade e segurança alimentar.

Essas nações já discutem genética, por exemplo, com foco no produto premium a ser colocado à mesa, trazendo perspectivas de seleção genômica, suína e edição de genes para os próximos 10 e 20 anos. Para eles, a produção especializada e consciente já está em funcionamento, e já repensam o modo de conciliar a verticalização com os sistemas familiares. As tendencias observadas nesta conferência devem servir de orientação futura para a nova realidade brasileira que está por vir.

Fonte: CEPEA

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