Surto: França enfrenta o pior cenário sanitário do gado em anos e suspende exportação de bovinos

Ministra da França declara “momento crítico” após novos focos surgirem no rebanho perto da fronteira com a Espanha; exportações de bovinos foram suspensas por 15 dias.

A pecuária francesa vive um dos seus momentos mais delicados das últimas décadas. A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, afirmou que o futuro do rebanho bovino do país está “em jogo” diante do avanço da dermatite nodular contagiosa, doença viral de pele que se espalha rapidamente e já provoca impactos econômicos severos. O alerta veio após a confirmação de novos surtos no sudoeste da França, a apenas 30 quilômetros da fronteira com a Espanha, marcando a primeira vez que a Europa Ocidental enfrenta a enfermidade em larga escala.

A doença, causada por um vírus e transmitida por insetos sugadores, não oferece risco à saúde humana, mas gera bolhas na pele, queda na produção de leite, restrições comerciais e perdas financeiras significativas. Por precaução, o governo francês proibiu exportações de gado por 15 dias e já iniciou campanha emergencial de vacinação obrigatória nas áreas afetadas.

O governo francês classificou o cenário como crítico e reforçou que a proteção do rebanho bovino passou a ser prioridade máxima após a confirmação dos primeiros focos na região de Jura. Para o Ministério da Agricultura, o avanço da doença já coloca em risco direto a continuidade e a competitividade da pecuária no país.

A França havia conseguido reduzir drasticamente os surtos no fim de agosto com uma campanha de vacinação em massa. No entanto, os casos voltaram a subir em outubro, agora com registros no leste e no sudoeste do país, em municípios dos Pirineus Orientais, La Bastide, Oms e Valmanya. São localidades próximas entre si e situadas a cerca de 30 km da Espanha.

Autoridades sanitárias suspeitam de conexão transfronteiriça: “Podemos imaginar que há uma ligação com a Espanha, mas ainda estamos investigando”, afirmou a ministra.

Foto: Dgav

Além da dermatose nodular, a França já enfrenta simultaneamente surtos de língua azul, vírus que também afeta bovinos e ovinos e se espalhou pela Europa neste ano. Itália e Espanha também confirmaram circulação da doença nodular pela primeira vez, ampliando o alerta sanitário no bloco.

A dermatose nodular era, até poucos anos, endêmica da África e do Oriente Médio. Mas avançou:

  • 2015 — chegou ao sudeste da Europa
  • 2019 — alcançou a Ásia
  • 2024/2025 — atinge Europa Ocidental pela primeira vez

O primeiro foco na região foi registrado na Sardenha (Itália), no fim de junho. Logo depois, a França confirmou o avanço em território continental, seguido pela Espanha na última semana.

Embora não comprometa a saúde humana, o custo econômico é elevado: interrupção de exportações, bloqueios sanitários, descarte de animais, queda na produção de leite e perda de mercado externo. As barreiras comerciais impostas por países compradores tendem a se ampliar, caso os registros continuem crescendo.

Por ora, a França aposta em vacinação obrigatória, bloqueio temporário de exportações e vigilância intensiva nas fronteiras agrícolas. Com o vírus avançando em um dos maiores produtores de lácteos da Europa e cruzando países, as autoridades admitem que a contenção será um desafio de longo prazo, e que o prejuízo já é irreversível para parte dos produtores franceses.

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