
Levantamento divulgado pela Frente Parlamentar aponta perdas bilionárias nas exportações de carne bovina e ameaça à credibilidade do Brasil no mercado norte-americano, conquistado após quase 20 anos de negociações
O Brasil pode enfrentar um dos maiores desafios recentes para sua cadeia das exportações de carne bovina. A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira ameaça diretamente a competitividade do produto, colocando em risco bilhões de dólares em receita e milhares de empregos no campo e na indústria.
Os EUA figuram entre os principais compradores da carne brasileira, um mercado que levou quase 20 anos para ser conquistado. Segundo levantamento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em 2024 o Brasil exportou US$ 1,637 bilhão em carne bovina para o país norte-americano.
O avanço foi ainda mais expressivo em 2025: apenas no primeiro semestre, o volume embarcado superou 411 mil toneladas, gerando US$ 1,287 bilhão em receita. O crescimento no período foi de 99,8% em faturamento e 85,4% em volume comparado ao mesmo intervalo de 2024.
O impacto das novas tarifas dos EUA nos preços
Com a aplicação da tarifa de 50% nas exportações de carne bovina, os custos disparam:
- Carne congelada: passa de US$ 1.780 para US$ 3.750/tonelada
- Conservas: aumento de +384%
- Sebo bovino: alta de +286%
De acordo com a FPA, esse aumento torna as exportações economicamente inviáveis, abrindo espaço para que países concorrentes ocupem a fatia brasileira no mercado norte-americano.
Perdas bilionárias nas exportações de carne bovina e ameaça ao emprego no campo
O levantamento da FPA, com base em dados da Abrafrigo, estima perdas potenciais de US$ 1,3 bilhão já em 2025, caso a tarifa seja mantida, e mais de US$ 3 bilhões por ano a partir de 2026. Além do impacto financeiro, o setor teme o desemprego em massa na cadeia produtiva, que vai de pecuaristas e frigoríficos a transportadores e fornecedores de insumos.
Risco à credibilidade brasileira
A FPA alerta que a medida representa um risco à imagem da carne bovina nacional no mercado externo. Perder espaço e credibilidade internacional pode gerar efeitos duradouros e de difícil reversão. “Foram quase 20 anos para conquistar esse mercado. O Brasil não pode perder espaço, nem credibilidade”, destaca o material divulgado pela entidade.
Caminhos para evitar o colapso nas exportações
O setor agora busca articulação política e diplomática para tentar reverter a decisão. A expectativa é de que o governo federal atue rapidamente nas negociações com os EUA para evitar prejuízos históricos e preservar um dos mercados mais valiosos para a carne brasileira.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.