Taxação proposta por Trump traz grandes impactos ao agro brasileiro

Trump cumpre promessa e anuncia tarifa de 50% para produtos do Brasil; em 2023, o Brasil exportou cerca de US$ 11,2 bilhões em produtos agropecuários para os EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpriu sua ameaça e anunciou que as exportações de produtos do Brasil para os Estados Unidos agora serão taxadas em 50%. O porcentual anterior era de 10%. A medida foi anunciada nesta quarta-feira (9/7), por meio de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A taxa entra em vigor a partir de 1º de agosto e será cobrada separadamente de tarifas setoriais, como as que atingem o aço e alumínio brasileiros. Em abril deste ano, o Brasil já havia sido atingido pelo tarifaço de Trump, e teve seus produtos tarifados em 10%.

Essa notícia explode como uma bomba no agronegócio brasileiro, especialmente diante da enorme relevância dos Estados Unidos como destino estratégico para as exportações do setor agropecuário nacional. A balança comercial entre Brasil e Estados Unidos vive um cenário de relativa paridade, com déficits e superávits alternando-se nos últimos anos.

Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA atingiram um valor recorde, mas as importações também cresceram, resultando em um leve déficit para o Brasil. Em resumo, a relação comercial é importante para ambos os países, com um fluxo significativo de bens e serviços, mas com algumas variações em relação à balança comercial.

Um dos setores mais impactados deve ser o da carne bovina. Para se ter uma ideia, 2024 entrou para a história como o maior em exportações de carne bovina pelo Brasil. Foram ao todo 2,89 milhões de toneladas, num incremento de mais de 26% ante 2023.

A China manteve sua posição como principal destino da carne bovina brasileira, com 1,33 milhão de toneladas exportadas, gerando um faturamento de US$ 6 bilhões. Em segundo, destacaram-se os Estados Unidos, que importaram 229 mil toneladas, somando US$ 1,35 bilhão.

Outros mercados importantes incluem os Emirados Árabes Unidos (132 mil toneladas e US$ 604 milhões), a União Europeia (82,3 mil toneladas e US$ 602 milhões), o Chile (110 mil toneladas e US$ 533 milhões) e Hong Kong (116 mil toneladas e US$ 388 milhões).

Segundo a analista de mercado da Agrifatto, Lygia Pimentel, as taxas impactam diretamente a carne bovina brasileira. “Os Estados Unidos foram o segundo maior comprador do Brasil em junho e vêm mantendo essa posição nos últimos meses. Apenas em junho, os americanos adquiriram 19% de todas as exportações brasileiras de carne bovina, além de pagarem preços relativamente altos”, ressaltou a analista.

Ainda segundo a analista, caso a medida se concretize, a adição de 50% de tarifa sobre os impostos já cobrados deve diminuir a competitividade da carne brasileira. “Isso acaba afetando significativamente nossas exportações, que têm sido o carro-chefe da valorização e da sustentação do boi gordo desde meados do ano passado“, explicou Lygia.

Parlamentares da FPA também se manifestam

Quem também se pronunciou sobre o assunto foi a Frente Parlamentar da Agropecuária, pregando cautela e diplomacia firme diante da tarifa de 50% imposta pelo país norte-americano. Segundo os parlamentares a medida, comunicada por meio de carta oficial enviada ao governo brasileiro, representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países.

A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras” – diz o comunicado.

Diante desse cenário, a FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações.

A FPA ainda reiterou a importância de fortalecer as tratativas bilaterais, sem isolar o Brasil perante as negociações. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas.

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