
Caso entrem em vigor, as taxas de Trump poderão causar a perda de milhões de empregos e gerar bilhões em prejuízos para os cofres públicos, produtores rurais e empresas privadas.
Por Luciano Vacari* – Segundo os livros de história e geografia, o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500 por um navegador português chamado Pedro Álvares Cabral, que havia saído da Europa com a missão de buscar especiarias na Índia, mas que, por um golpe de sorte ou de azar, acabou aportando suas caravelas numa região do nordeste brasileiro hoje conhecida por Porto Seguro, na Bahia.
De lá para cá, em exatos 525 anos, o país surpreendeu o mundo em vários pontos, sobretudo na capacidade produtiva de suas terras e pela gigantesca capacidade de explorar seu solo, seu relevo, seu clima e a força de trabalho de seu povo, sem falar da criatividade, é claro.
Politicamente, foram 7 fases. A primeira delas foi o período colonial, de 1500 a 1822, marcado pela exploração das nossas riquezas naturais, como o ouro e as florestas. Logo após veio o Brasil Império, de 1822 a 1899, abrigando a coroa portuguesa que havia fugido da guerra no continente europeu, e culminou com a proclamação da república. Tinha início aí o período republicano, que nos acolhe até os dias de hoje.
Neste intervalo de tempo passamos por 5 momentos bem distintos, como a República Velha, a Era Vargas, a República Populista, a Ditadura Militar e finalmente a Nova República, esta última que vem desde a redemocratização em 1985 até os dias de hoje, e é marcada muito fortemente pela participação social e pela democracia.
Pois bem, mas afinal, o que queremos dizer com essa pequena visita à história? A resposta é bem simples, que o Brasil já foi colônia, já teve reis, já foi governado por poucas famílias, que sentiu a mão pesada do Estado, e que hoje é um país livre, democrático e soberano, onde a vontade de seu povo se manifesta nas eleições, e onde todos os brasileiros natos ou não, se curvam à uma única lei.
Por falar em soberania, nos últimos dias o Brasil recebeu, via mídia social, uma carta do governo americano – assinada por Trump – dizendo que, a partir de 1º de agosto de 2025, os produtos brasileiros terão incididos sobre eles uma taxa de 50% para participar do mercado norte americano, o que tecnicamente não tem nenhum respaldo técnico ou econômico, e ainda vai além, se achar que pode nos retaliar, se preparem, nossa sobretaxa pode não ter limite!
Isso mesmo, 50% de pedágio, o que inviabiliza totalmente as exportações nacionais para a terra do Tio San, como o suco de laranja, o café e a carne bovina. Imediatamente começou a gritaria. De um lado, “tá vendo, nós avisamos, ele vai acabar com o Brasil!” De outro lado, “calma aí companheiro, aqui tem regra, e ela vale para todos, não vamos ser intimidados!”.
Mas o fato que é a metade de 100 é um duro golpe na economia nacional, serão milhões de empregos perdidos, e bilhões de prejuízo aos cofres públicos e aos produtores rurais e empresas privadas.
Mas e agora? Agora é cabeça fria e negociar. Usar da diplomacia para fazer do limão uma limonada.
O mercado americano é importante, claro que é, mas ele não é o único. Agora, mais do que nunca, é necessário mostrar ao mundo a qualidade e volume dos nossos produtos agrícolas. Mostrar que somos confiáveis e que estamos prontos para atender a qualquer nível de exigência, e ainda assim somos competitivos.
O mundo é muito grande e tem bilhões de bocas que precisam ser alimentadas diariamente. Mas a soberania de um povo é única, e não pode ser ameaçada por comprador nenhum. Dessa forma vamos definir nosso futuro, e devemos isso ao nosso passado.
Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.
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