Técnicas mais eficazes para controle de carrapato no gado

Aplicação dos acaricidas em bovinos pode ser realizada por brete de aspersão, pulverizador manual. pour-on e, até mesmo os banhos de imersão, são alternativa para controle de carrapato no gado.

O carrapato bovino representa um dos maiores desafios para a pecuária de corte e leiteira no Brasil, impondo custos significativos aos produtores. Anualmente, os prejuízos causados ​​por esta parasita ultrapassam os US$ 3,2 bilhões. Essas perdas incluem danos diretos à saúde dos animais, como redução na produção de leite, perda de peso e transmissão de doenças, além dos custos associados com medidas de controle, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Essa situação evidencia a necessidade de estratégias de controle mais eficientes e sustentáveis, como o controle biológico, que alguns pecuaristas já estão adotando para reduzir a dependência de produtos químicos. Vamos apresentar, neste artigo, técnicas mais eficazes para controle de carrapato no gado.

Além disso, o controle químico, embora comum, exige cuidados para evitar a resistência dos carrapatos aos tratamentos disponíveis, o que pode aumentar ainda mais os custos para os pecuaristas. Aplicação dos acaricidas em bovinos pode ser realizada por brete de aspersão, pulverizador manual. pour-on e, até mesmo os banhos de imersão, são alternativa para controle de carrapato no gado.

O carrapato-do-boi, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, apresenta ampla distribuição geográfica, sendo encontrado, principalmente, em região tropical e subtropical (Ali et al., 2016). Devido ao crescimento e desenvolvimento da criação dos bovinos durante o século XIX para suportar a demanda alimentícia humana, houve também um crescimento na população desses carrapatos. Os danos considerados diretos aos bovinos, aliados, principalmente, ao quadro conhecido como Tristeza Parasitária Bovina (TPB), impulsionaram a necessidade de controle dos carrapatos.

Os métodos de aplicação devem garantir que a solução seja pulverizada sob pressão suficiente para formar uma nuvem de gotículas que podem atingir a pele do animal. Para rebanhos de médio a grande porte, a câmara atomizadora, equipada com vários bicos aspersores, é a técnica mais eficaz e prática para a distribuição do acaricida.

Controle na época adequada

O controle estratégico de carrapatos em bovinos é crucial para prevenir reinfestações e manter a saúde do rebanho. Esse controle envolve vários aspectos importantes:

  1. Tratamento Antecipado: É essencial tratar os carrapatos antes que eles estejam completamente ingurgitados para impedir que caiam no solo e ponham ovos, perpetuando o ciclo de infestação.
  2. Controle Estratégico na Época Desfavorável: O início dos tratamentos deve ocorrer no final da temporada desfavorável aos carrapatos, quando as populações de larvas são menores. Nesse período, a aplicação de acaricidas pode ser mais eficaz, já que todas as larvas precisam subir nos bovinos para se desenvolver.
  3. Intervalos de Aplicação: É recomendado um esquema de cinco tratamentos com acaricidas de contato a cada 21 dias. Produtos de ação prolongada podem estender esses intervalos, com o objetivo de não permitir que as fêmeas de carrapatos desenvolvam ovos por até 105 dias.
  4. Ajuste Regional: O controle deve ser adaptado às condições específicas de cada região, pois o clima e o ambiente influenciam significativamente o ciclo de vida dos carrapatos.
  5. Monitoramento Durante a Estação Chuvosa: Com o aumento da umidade e da temperatura, o ciclo de vida dos carrapatos se acelera, exigindo vigilância e possivelmente o início precoce dos tratamentos antes que a população de carrapatos cresça.
  6. Condições Ambientais: Durante a seca, as larvas tendem a se proteger em locais mais úmidos e frios, o que pode diminuir suas chances de sobrevivência. Isso representa uma oportunidade estratégica para intensificar o controle.
Dinâmica da população do carrapato-do-boi. Setas representam dosificações e G as gerações ao longo do ano no Brasil Central. Fonte: Embrapa

A estratégia de combate aos carrapatos deve ser proativa e adaptada às dinâmicas sazonais e regionais para ser eficaz, garantindo assim a redução de infestações durante os períodos de maior risco.

Régua do Carrapato e a diferença entre raças

A “Régua do Carrapato” é uma ferramenta inovadora de manejo desenvolvida pela Embrapa, lançada em 2022, que auxilia as produções rurais a gerenciar e controlar a infestação de carrapatos em bovinos. Essa ferramenta é particularmente valiosa, pois permite aos fazendeiros identificar a suscetibilidade de diferentes raças de bovinos à parasita. A régua funciona como um guia visual, estabelecendo um limite econômico de tolerância à infestação de até 40 carrapatos por animal ao longo de um ano.

Este limite é crítico para auxiliar na decisão de quando iniciar tratamentos acaricidas de forma econômica, sem comprometer a saúde do rebanho nem os resultados financeiros da fazenda. Assim, a “Régua do Carrapato” torna-se um recurso essencial para o manejo eficiente, possibilitando ações mais direcionadas e fundamentadas em dados concretos sobre a dinâmica de infestação em diferentes raças.

Métodos de aplicação atuais

Brete de Aspersão

No tratamento de grandes rebanhos, o brete de aspersão é frequentemente utilizado. Esse método envolve diluição ou acaricida em tanques que alimentam um sistema automatizado de sobrecarga, aumentando a capacidade de processamento de animais e facilitando o tratamento de volumes maiores de bovinos. Entretanto, suas limitações incluem a dificuldade de cobrir completamente áreas como a interna auricular e subcaudal do animal, além dos custos de aquisição e manutenção do equipamento serem consideráveis.

Durante a aplicação, cada animal deve ser tratado individualmente em um ambiente que permita a contenção adequada. O equipamento utilizado varia desde pulverizações manuais até câmaras atomizadoras, dependendo do tamanho do rebanho.

Brete de aspersão. Foto: Embrapa

Pulverizador Manual

Preferido por proprietários de rebanhos menores, este método oferece a facilidade de trocar a química básica do tratamento rapidamente. O manual de aplicação é ideal para uma cobertura completa do corpo do bovino, incluindo áreas de difícil acesso observadas em outros métodos, como o brete de aspersão. No entanto, a principal desvantagem é o erro potencial na diluição do acaricida e a limitação no número de animais tratados de forma eficaz, podendo diminuir a qualidade da aplicação com o tempo.

Método Pour-on

Utilize uma solução oleosa pré-diluída que é aplicada diretamente na linha dorsal do animal. Este método facilita a dosagem correta do tratamento, baseada no peso do bovino, permitindo que o acaricida seja distribuído eficientemente pela pele e pelo. A praticidade do pour-on o torna adequado para uso em rebanhos maiores, mantendo a eficácia do tratamento sem comprometer a concentração recomendada do produto.

Tratamento acaricida realizado com pour-on. Foto Embrapa

Banho de imersão

Um vídeo recente divulgado pelas redes sociais, colocou os holofotes sobre um método “diferente” de controle de carrapatos envolvendo a imersão de bovinos em tanques, ou melhor, o banho de imersão.

Embora pareça destinado a aliviar o calor dos animais, esse método visa, na verdade, auxiliar no controle do carrapato. O banho de imersão é uma técnica tradicionalmente utilizada pelos pecuaristas para eliminar diversos parasitas externos que afetam os bovinos, representando uma estratégia importante para mitigar perdas econômicas significativas na pecuária.

Banho de imersão. Imagem cedida por Scott Bauer. Foto: Embrapa

O médico veterinário Octaviano Neto forneceu orientações importantes sobre os métodos de tratamento de carrapatos para diferentes propriedades. Ele explicou que o banho carrapaticida é uma abordagem comum e eficaz, mas que enfrenta desafios como a resistência das parasitas e as limitações dos produtos no mercado.

Neto enfatizou a importância de implementar protocolos rigorosos em eventos agropecuários para prevenir a propagação de carrapatos entre propriedades. Esses controles devem ser iniciados nas fazendas, utilizando programas bem estruturados e produtos eficientes, o que garanta a segurança no transporte de animais e mantenha a integridade do rebanho.

Controle de carrapato nas pastagens

O controle eficaz de carrapatos na pastagem requer uma combinação de técnicas que levam em consideração o ciclo de vida do carrapato e a dinâmica ambiental. Aqui estão algumas estratégias recomendadas:

  1. Aplicação de Fungos: A utilização de fungos específicos aplicados diretamente na pastagem pode ajudar a controlar a população de carrapatos. Esta abordagem é benéfica por ser uma alternativa natural aos acaricidas químicos e foca no ambiente onde os carrapatos mais se desenvolvem.
  2. Controle Ambiental: Visto que a maioria dos carrapatos se encontra no ambiente, como as pastagens, é essencial implementar o controle tanto nos animais quanto nas áreas onde eles pastam.
  3. Rotação de Pastagens: O método “Lone Tick”, que envolve rotação de pastagens, cria um vazio sanitário que pode durar até 84 dias. Durante esse período, as larvas de carrapatos morrem antes de se tornarem adultas, diminuindo significativamente a população.
  4. Uso de Acaricidas Biológicos: Aplicar acaricidas biológicos em pastagens é uma técnica eficaz para controlar a população de carrapatos, reduzindo a necessidade de tratamentos químicos agressivos.
Larvas de Rhipicephalus (B.) microplus na pastagem à espera do hospedeiro. Foto: Embrapa

Estas técnicas são complementadas com a monitorização regular das cargas parasitárias podem nos animais para garantir que as medidas adotadas estejam sendo eficazes. A combinação dessas estratégias ajuda a manter a saúde do gado e a sustentabilidade da produção pecuária.

Com base nessas diretrizes, os produtores podem adotar estratégias estratégicas para controlar a presença de carrapatos, garantindo a saúde e o bem-estar do gado e promovendo a sustentabilidade e o sucesso da pecuária no Brasil.

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