
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) estima que a nova tecnologia pode gerar um acréscimo de até 16 bilhões de litros de etanol por ano no Brasil
Pesquisadores de Campinas, no interior paulista, deram um passo decisivo rumo à próxima geração dos biocombustíveis. A partir da observação do comportamento natural do bagaço de cana em decomposição, uma equipe do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) identificou uma enzima poderosa, com capacidade inédita de otimizar a conversão do resíduo agrícola em etanol.
A descoberta veio ao estudar uma bactéria pouco conhecida que se alimenta do bagaço. Ao mapear a estrutura dessa bactéria, os cientistas encontraram uma enzima altamente eficiente no processo de degradação da celulose — batizada de “Celoce”. Essa proteína tem papel fundamental na quebra das fibras vegetais, facilitando a liberação de glicose, que é o ponto de partida para a fermentação e a produção de etanol.
De acordo com Mário Murakami, pesquisador líder do projeto, a inovação representa um salto tecnológico relevante: “As tecnologias anteriores aumentavam a eficiência em cerca de 10%. Com a Celoce, podemos chegar a 20% de melhoria. Isso muda o jogo.”
A aplicação prática da nova enzima foi testada em escala piloto, com resultados promissores. O chamado “coquetel enzimático” foi capaz de extrair mais etanol da mesma quantidade de bagaço, diminuindo perdas e elevando o rendimento do processo. A projeção do CNPEM aponta para um potencial de aumento de até 16 bilhões de litros de etanol por ano no Brasil, caso a tecnologia seja adotada amplamente.
O impacto, no entanto, vai além da cana-de-açúcar. A Celoce demonstrou também eficiência na conversão de outros resíduos vegetais, como palha de milho e fragmentos de eucalipto, ampliando o leque de matérias-primas renováveis para biocombustíveis.
O estudo, realizado em colaboração com centros de pesquisa da França e Dinamarca, recebeu destaque internacional, sendo publicado na prestigiada revista Nature. O CNPEM já deu entrada no processo de patenteamento da tecnologia e planeja sua implementação em escala industrial nos próximos anos.
“A independência do petróleo depende de soluções como essa. Precisamos continuar investindo em alternativas sustentáveis para garantir a produção de energia e de insumos químicos sem comprometer o futuro do planeta”, conclui Murakami.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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