Tecnologia pode transformar país em potência global da cerveja

Brasil quer virar rei do lúpulo! Tecnologia nacional promete colocar o país entre os maiores produtores do mundo da cerveja

A revolução verde do lúpulo brasileiro pode estar apenas começando. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com apoio da Fapesp, desenvolveram uma tecnologia inédita que promete transformar a forma como o país produz o ingrediente essencial da cerveja.

A técnica, chamada extração supercrítica com dióxido de carbono (CO₂), permite extrair compostos aromáticos e amargos do lúpulo com altíssimo rendimento e pureza, abrindo caminho para uma produção nacional competitiva e sustentável.

Atualmente, o Brasil produz menos de 1% do lúpulo que consome. Mesmo sendo o terceiro maior produtor e consumidor de cerveja do planeta, o país ainda depende quase totalmente de importações de grandes potências, como Estados Unidos e Alemanha.

A nova tecnologia, no entanto, promete mudar esse cenário: enquanto os métodos convencionais extraem cerca de 15% dos compostos desejados, o processo supercrítico pode chegar a 72% de rendimento, reduzindo o uso de solventes químicos e gerando um produto de maior qualidade para as cervejarias.

Ingrediente é responsável pelo aroma e sabor da cerveja (foto: Levi Pompermayer Machado/Unesp)
Ingrediente é responsável pelo aroma e sabor da cerveja (foto: Levi Pompermayer Machado/Unesp)

Além do impacto direto na indústria da cerveja, a inovação pode beneficiar outros setores, como cosméticos e farmacêuticos, que utilizam compostos bioativos do lúpulo em seus produtos. Os pesquisadores acreditam que o avanço tecnológico permitirá criar um mercado interno forte, capaz de abastecer tanto grandes indústrias quanto produtores artesanais, gerando renda e novos polos agrícolas em regiões de clima favorável, como o Sul e o Sudeste.

No cenário internacional, os grandes nomes do lúpulo continuam dominando. Os Estados Unidos lideram o ranking mundial, seguidos pela Alemanha, onde o cultivo é tradição centenária nas regiões de Hallertau e Spalt. A República Tcheca também é referência, especialmente pela qualidade de suas variedades aromáticas. China, Polônia e até Etiópia vêm ampliando participação, investindo em tecnologia e produtividade. Disputar espaço com esses gigantes é um desafio — mas o Brasil quer provar que tem potencial para entrar nesse seleto grupo.

A meta é ousada: fazer do Brasil um novo protagonista global do lúpulo. A aposta está na ciência, na inovação e na força da agricultura nacional. Com clima favorável, solo fértil e o avanço de tecnologias tropicais adaptadas, o país vislumbra um futuro em que poderá não apenas suprir o mercado interno, mas também exportar lúpulo com selo brasileiro.

Mais do que uma revolução agrícola, o que está em jogo é um novo capítulo da relação entre ciência e campo. O Brasil quer mostrar que pode unir tradição cervejeira, pesquisa científica e sustentabilidade — e, quem sabe, voltar a sonhar em ser o maior produtor de lúpulo do mundo.

Com informações da Agência FAPESP

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