Raça Texas Longhorn ganha força na pecuária brasileira com importações, valorização genética e parceria entre ANC e Abralho
A raça Texas Longhorn segue em forte expansão no Brasil. De acordo com dados da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC), responsável pelo registro genealógico da raça no país, o número de animais registrados aumentou de 63 em 2023 para 294 em 2024, o que representa um crescimento de 366,6%. O avanço é resultado da mobilização dos criadores e do trabalho conjunto com a Associação Brasileira de Criadores de Gado Texas Longhorn (Abralho).
A superintendente de Registro da ANC, Silvia Freitas, explica que a regularização da raça em 2020 abriu caminho para o crescimento. “A raça Texas Longhorn foi regularizada aqui pela ANC para a emissão dos registros no ano de 2020 e, de lá para cá, a gente vem percebendo um aumento considerável no número de registros, na mobilização dos criadores, tanto na importação de animais em pé, de material genético, uma seleção genética muito forte. O pessoal vem se profissionalizando cada vez mais no intuito de multiplicar essa raça aqui no nosso país”, afirma.
Segundo ela, os animais se destacam pela rusticidade e pela carne magra. “São animais bastante rústicos, muito adaptáveis à nossa região, com potencial para produção de carne magra também, o que acaba impulsionando o mercado, e de alta qualidade, segundo os próprios criadores. Então, a gente acredita no aumento da produção desses indivíduos, no aumento do número de criadores em busca desses animais”, comenta.
Silvia observa ainda que há um grupo coeso trabalhando em prol do desenvolvimento da raça. “Existe um polo, uma concentração desses criadores, os quais se apresentam de maneira muito unida em prol da raça, e a gente vê um trabalho com foco no rendimento desses indivíduos, na qualificação genética de cada um dos animais. São várias importações sendo realizadas em busca de variabilidade, adaptação e maior produção desses indivíduos aqui no país”, conclui.
Os dados da ANC mostram que o crescimento é nacional. Em 2023, os estados com registros ativos eram Goiás (31), São Paulo (25), Paraná (4) e Minas Gerais (3). Já em 2024, além desses, a raça passou a ter presença expressiva no Mato Grosso do Sul (80 animais) e no Piauí (3). Os destaques ficaram com Paraná e São Paulo, ambos com 74 registros, e Goiás com 59. A nacionalização de animais em pé também segue constante, com 30 em 2023 e 21 em 2024.
O médico-veterinário Humberto de Castro e Nobre, técnico e vice-presidente da área técnica da Abralho, afirma que a expansão continua em 2025. “Esperamos um salto muito grande ainda. Esse crescimento comprova o interesse dos criadores e o fortalecimento do trabalho conjunto com a ANC”, ressalta.
Ele explica que os animais também vêm ganhando destaque pelo valor econômico. “Os PA são mais acessíveis, a partir de R$ 10 mil por cabeça, podendo atingir na categoria PO o macho mais caro do Brasil hoje avaliado em R$ 300 mil. A fêmea mais cara já comercializada, uma importada, foi vendida por R$ 365 mil, recorde da raça”, detalha.
Segundo o técnico, o avanço é sustentado pelo investimento em genética. “Já foram feitas mais de cinco importações de material genético via sêmen dos Estados Unidos e também cinco importações de animais em pé, totalizando quase 100 exemplares trazidos diretamente do país de origem”, complementa.
Nobre lembra ainda que a Abralho mantém uma atuação integrada com a ANC. “É bastante importante também frisar o trabalho e a parceria da Abralho com a ANC, que é a associação que faz a promoção da raça. Já realizamos cinco leilões virtuais de criadores e duas participações dentro da ABQM, no Congresso Nacional da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha. Estamos crescendo a passos largos”, afirma.
O técnico, que também representa a raça Texas Longhorn no exterior, destaca o reconhecimento internacional do trabalho desenvolvido no Brasil. “Fui duas vezes para os Estados Unidos julgar provas lá e também fui convidado a dar palestras sobre o crescimento do Texas Longhorn aqui no Brasil e lá para os americanos. A última foi no início deste mês, no dia 2”, relata.
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