Tornados no Paraná deixam prejuízos de R$ 150 milhões ao agro do estado

Fenômenos com ventos de até 330 km/h devastaram propriedades rurais, destruíram silos, galpões e maquinários, e deixaram seis mortos. Região mais atingida pelos tornados no Paraná foi Rio Bonito do Iguaçu, onde 90% da cidade foi afetada.

A passagem de três tornados pelo Centro-Sul do Paraná, entre a noite da última sexta-feira (7) e a madrugada de sábado (8), deixou um rastro de destruição e prejuízos estimados em R$ 150 milhões ao agronegócio. Os fenômenos, com ventos que chegaram a 330 km/h, atingiram duramente os municípios de Rio Bonito do Iguaçu, Turvo e Guarapuava, provocando seis mortes, entre elas a de uma adolescente de 14 anos e um idoso de 83. As informações foram divulgadas pelo Gazeta do Povo.

Rio Bonito do Iguaçu: epicentro da tragédia

O município de Rio Bonito do Iguaçu foi o mais impactado pelos tornados. De acordo com Eliseu Fernando Telli, presidente do Sindicato Rural de Laranjeiras do Sul, que representa os produtores locais, as perdas materiais são incalculáveis. “Em muitas propriedades ainda não conseguimos chegar, porque há estradas interditadas e falta de energia e internet”, afirmou.

Segundo ele, o prejuízo direto no agro já ultrapassa os R$ 90 milhões, mas ao considerar os meses de paralisação das atividades por destruição de máquinas, barracões e silos, o valor pode facilmente alcançar R$ 150 milhões.

O impacto foi maior em estruturas rurais do que nas lavouras. “Em termos de culturas, o prejuízo foi pequeno, apenas erosão e sementes levadas”, explicou Telli. O município produz principalmente soja, milho, feijão, fumo e trigo, com valor anual de produção superior a R$ 54 milhões, segundo o IBGE. Além disso, possui um rebanho bovino de mais de 50 mil cabeças, incluindo 12 mil vacas leiteiras.

Na área urbana, o governo estadual estima que 90% da cidade foi atingida. Em um município com 13,9 mil habitantes, cerca de 4,5 mil casas foram destruídas ou danificadas, deixando centenas de famílias desabrigadas.

Outras regiões afetadas pelo tornado

O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou a ocorrência de outros dois tornados nas cidades de Turvo e Guarapuava. Nessa última, propriedades rurais, silos, granjas e áreas de mata foram completamente destruídas, conforme relatou Rodolpho Luiz Werneck Botelho, presidente do Sindicato Rural local.

tornado no Paraná
Foto Reprodução/Rede Social

Onde o tornado passou, arrasou tudo: granjas, fazendas, matas, lavouras”, descreveu. Culturas de trigo, cevada, aveia e milho foram parcialmente perdidas, mas os prejuízos ainda estão sendo contabilizados.

Mobilização solidária e pedidos de apoio

O Sindicato Rural de Laranjeiras do Sul iniciou uma campanha de doações via Pix (CNPJ 78.515.483/0001-54) para ajudar produtores e famílias afetadas. Além disso, cooperativas agrícolas e de crédito se uniram ao esforço humanitário. A Coasul, por exemplo, está dobrando cada real doado pela chave ajudariobonito@coasul.com.br e disponibilizando caminhões para transporte de materiais. Outras instituições como Sicoob, Sicredi, Unimed Guarapuava e C.Vale também abriram pontos de coleta de donativos.

O Sistema Faep, junto à Fetaep, Ocepar, Seab e Unicafes Paraná, encaminhou um ofício ao governo federal pedindo ampliação de crédito e liberação de subvenções ao seguro rural, para evitar que os produtores, já endividados, arquem com os prejuízos sozinhos.

Um estado em reconstrução

Além dos tornados, tempestades com granizo no início de novembro já haviam atingido 38 municípios paranaenses, provocando danos em lavouras, aviários e armazéns. Agora, com a sequência de desastres climáticos, o Paraná enfrenta um desafio ainda maior: reconstruir cidades inteiras e restaurar a capacidade produtiva do seu agro, um dos pilares da economia estadual.

As cenas de destruição em Rio Bonito do Iguaçu e região, com silos retorcidos, tratores virados e lavouras devastadas, reforçam a urgência de políticas públicas de prevenção e mitigação de desastres climáticos. O agro paranaense, acostumado a enfrentar desafios, agora luta não apenas pela recuperação econômica, mas pela reconstrução da esperança no campo.

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