Tratoraço inicia novamente no RS em busca de uma solução concreta à crise vivida pelo setor

Produtores rurais se unem em mobilização histórica por securitização de dívidas e apoio emergencial do governo a crise enfrentada pelo setor; Confira os vídeos e acompanhe as informações do tratoraço no Rio Grande do Sul

Estiagem, dívidas e falta de resposta. O Rio Grande do Sul amanheceu nesta terça-feira, 20 de maio, com dezenas de tratores, caminhões e implementos agrícolas ocupando margens de rodovias em mais de 35 pontos do estado. A ação, apelidada de Tratoraço, representa o ápice de uma mobilização crescente iniciada na semana passada, organizada por produtores rurais e entidades como SOS Agro RS e Securitização Já, em busca de soluções concretas para a crise prolongada que assola o campo gaúcho.

A principal motivação do protesto é a insatisfação com a falta de medidas efetivas por parte do governo federal diante dos prejuízos acumulados por cinco anos consecutivos de estiagens severas, agravados pela catástrofe climática que recentemente atingiu o estado. As perdas recorrentes levaram muitos produtores à insolvência, com dívidas impagáveis e sem acesso a novas linhas de crédito.

O movimento SOS AGRO RS está em Brasília para reuniões agendadas com o governo Federal e com a bancada Gaúcha. “Salvar o futuro do Rio Grande do Sul, depende da SECURITIZAÇÃO, hoje somos todos um só PRODUTOR, queremos continuar a produzir alimentos para a nossa nação”, afirmou ao Compre Rural a Graziele de Camargo, da SOS Agro RS. Ainda na capital do país, terá a Marcha dos Prefeitos que será uma mobilização dos prefeitos gaúchos em prol aos agricultores do estado.

Entre as reivindicações centrais estão:

  • Securitização das dívidas — renegociação com prazo de até 20 anos;
  • Prorrogação imediata das dívidas de 2025;
  • Linhas de crédito emergenciais com juros reduzidos;
  • Flexibilização nas exigências bancárias;
  • Ações concretas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Mobilização cresce e ganha novas adesões

Segundo informações da Rádio Progresso de Ijuí e do Jornal Manchete Digital, os protestos se espalharam rapidamente. No último fim de semana, produtores de Tupanciretã já estavam acampados no trevo de acesso à cidade de Júlio de Castilhos, às margens da BR-158. A partir desta terça, o movimento se intensificou, com mais de 35 localidades confirmadas como pontos ativos de mobilização.

Principais locais com mobilizações:

  • RS 135 (entre Sarandi e Ronda Alta)
  • Cruz Alta, Guarani das Missões, São Gabriel, Canguçu, Alegrete, Pantano Grande, Três Palmeiras, Erechim, São Sepé, entre outros.

Para Paola Stefanello, também da SOS Agro RS, o momento é de união em busca de uma solução definitiva. “O agro gaúcho responde por mais de 10% da produção nacional de grãos e é referência mundial na produção de arroz, soja, carne, leite e pecuária de corte. O estado é o 2º maior produtor de leite do Brasil e um dos maiores exportadores de proteína animal. Quando o Rio Grande do Sul para, o Brasil sente. Por isso, nossa força está na união: somos um só produtor, de pé, pelo campo, pelo país e pelo mundo. Pedindo socorro para quem tem o poder para nos ajudar!”, afirmou.

Pressão por securitização e reunião com o MAPA

A expectativa dos líderes do movimento recai sobre a reunião marcada ainda hoje com representantes do MAPA, que ocorrerá em Porto Alegre, na sede da Superintendência Federal de Agricultura no RS. Para os organizadores, o encontro representa uma chance concreta de apresentar as demandas diretamente ao governo federal e evitar o agravamento do cenário no campo.

Michel Rodrigues, produtor rural de Tupanciretã e uma das vozes à frente da mobilização, declarou:

“A situação não é apenas do produtor, é de toda a economia local. Se o campo parar, o comércio, os serviços e as indústrias também vão sentir. A securitização é urgente.”

Tratoraço representa união e resistência no campo

Mesmo diante da incerteza, a mobilização se mantém pacífica, organizada e com forte apoio popular nas regiões afetadas. A presença massiva de tratores e implementos agrícolas nas estradas é simbólica: representa a força de um setor que, mesmo fragilizado pelas perdas, segue lutando por dignidade, respeito e condições mínimas para continuar produzindo alimentos para o Brasil e o mundo.

A expectativa é que, diante da visibilidade do movimento e da pressão crescente, o governo se manifeste nas próximas horas com medidas que vão além de promessas e discursos, oferecendo um plano concreto de recuperação para o agro gaúcho.

Confira os vídeos e registros do tratoraço que o Compre Rural recebeu com exclusividade, reforçando o clamor do campo por justiça e soluções urgentes:

Três Palmeiras – RS
São Pedro do Sul – RS
Tratoraço

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