Treinador é condenado à prisão por espancar e matar cavalo

O treinador Frederick Bourgault, reincidente em maus-tratos, foi sentenciado a até seis anos de prisão e terá de se registrar como abusador de animais, segundo legislação do Estado de Nova York.

A crueldade cometida contra um cavalo de corrida nos Estados Unidos chocou o meio equestre e motivou uma punição considerada exemplar pelas autoridades locais. O treinador de corridas de arreios Frederick Bourgault, natural do Canadá, foi condenado no dia 7 de julho de 2025 a uma pena de dois a seis anos de prisão por espancar até a morte o cavalo Finish Line, um exemplar da raça Standardbred.

O crime ocorreu em julho de 2023, no Centro de Treinamento Pine Bush, localizado em Crawford, no estado de Nova York. De acordo com as investigações, Bourgault atingiu violentamente a cabeça do animal com um objeto contundente, provocando uma fratura craniana com afundamento, o que levou à necessidade de eutanásia do cavalo.

As informações foram divulgadas inicialmente pelo portal especializado Paulick Report e, posteriormente, detalhadas em comunicado oficial pelo Gabinete do Promotor Público do Condado de Orange.

A gravidade do caso mobilizou diferentes órgãos. A Polícia Estadual de Nova York, com apoio do BCI Middletown, da Comissão de Jogos do Estado de Nova York (NYSGC) e da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Cornell, conduziu uma investigação aprofundada, que incluiu a exumação dos restos mortais do cavalo Finish Line para exames necroscópicos.

A Comissão de Jogos também contribuiu com testemunhas especializadas e participou da coordenação da prisão do treinador.

Frederick Bourgault não era um nome novo nos registros disciplinares da Comissão de Jogos. Entre 2021 e 2023, ele já havia acumulado diversas infrações, incluindo chutes em cavalos durante corridas e uso excessivo de chicote, inclusive após a linha de chegada. Esses registros foram considerados no julgamento e ajudaram a sustentar a acusação de intenção deliberada de ferir um animal doméstico, o que configura um crime grave no estado de Nova York.

Além da pena de reclusão e da indenização de US$ 5 mil, Bourgault foi enquadrado na Rocky’s Law, legislação estadual que obriga condenados por crimes contra animais a se registrarem como abusadores em banco de dados público. Segundo a determinação do juiz, ele deverá fazer o registro em até cinco dias após sua liberação.

A Lei Rocky foi criada no Condado de Orange com base em estudos que mostram correlação entre o abuso de animais e a prática de violência doméstica. O promotor distrital David M. Hoovler reforçou esse argumento ao comentar a sentença:

“A Assembleia Legislativa constatou que indivíduos que abusam de animais são estatisticamente mais propensos a cometer atos violentos contra humanos. O belo cavalo que foi vítima do ato de violência sem sentido deste réu merecia a justiça que lhe foi feita.”

A condenação de Bourgault nos EUA levanta reflexões importantes sobre como os maus-tratos a cavalos de competição são tratados legalmente em diferentes países. Nos Estados Unidos, há registros públicos, legislação específica e penas severas, incluindo a prisão e registro compulsório de abusadores.

No Brasil, embora a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) preveja punição para maus-tratos a animais, a aplicação é frequentemente branda e há poucos casos de condenação com prisão efetiva, especialmente em relação a cavalos de competição.

Organizações de proteção animal e o setor equestre brasileiro frequentemente cobram maior fiscalização e punição a maus-tratos, especialmente em provas como rodeios, vaquejadas e corridas, onde há risco aumentado de abusos. A criação de cadastros públicos de abusadores, como o implantado em Nova York, poderia ser um avanço no país.

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