A Argentina caminha para uma safra histórica de trigo em 2025/26, com previsão de produção recorde de 24,5 milhões de toneladas.
São Paulo, 26 – Moinhos brasileiros estão preocupados com a qualidade do trigo colhido na Argentina neste ciclo 2025/26, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). A avaliação ocorre após visita de representantes de moinhos e players do setor a campos de trigo, terminais portuários e reuniões com representantes da cadeia no país, na província de Santa Fé, entre os dias 18 e 20 de novembro. A Argentina caminha para uma safra histórica de trigo em 2025/26, com previsão de produção recorde de 24,5 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Comercio de Rosario.
Conforme a Abitrigo, durante a visita, o grupo constatou que a ausência de segregação na exportação e as condições climáticas indicam uma provável queda na qualidade do produto. “Temos a expectativa de colheita de grão inferior. Para o Brasil, isso significa que os moinhos precisarão estar atentos e buscar soluções para garantir a qualidade ao cliente final, diante das novas condições do abastecimento”, afirma o superintendente da Abitrigo, Eduardo Assêncio.
Com a safra recorde, a oferta para o mercado internacional, especialmente para o Brasil, maior comprador do grão argentino, deve ser elevada. “A oferta total de trigo na Argentina, considerando os estoques iniciais, deve chegar perto de 28 milhões de toneladas, com quase 20 milhões disponíveis para exportação, um aumento de cerca de 4 milhões de t em relação ao ano passado”, disse, em nota, o líder da área de análises econômicas da Bolsa de Comercio de Rosario, Bruno Ferrari.
O especialista acrescenta que mantém o otimismo para a comercialização externa, que dependerá da dinâmica do mercado interno e da demanda. “O Brasil deve importar cerca de 5 milhões de toneladas neste ano, com perspectiva de crescimento no próximo”, afirma.